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Vaticano diz que não é certo acusar apenas Igreja por abusos

Por DANIEL FLYNN
Atualização:

O Vaticano afirmou nesta terça-feira que considera um erro concentrar a culpa pelo abuso de crianças na Igreja Católica e negou acusações de que a instituição teria ocultado casos de pedofilia por parte de seus clérigos na Europa. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, reconheceu a "gravidade da crise pela qual a Igreja está passando" depois das últimas acusações de abuso sexual perpetrado pelo clero na Alemanha, Áustria e Holanda. Lombardi negou, no entanto, as alegações de um ministro alemão de que o Vaticano teria sido conivente encobrindo casos de pedofilia. Relatos feitos no mês passado davam conta de que padres católicos teriam abusado de mais de 100 crianças em colégios jesuítas. "Erros cometidos pelas instituições e membros da Igreja são passíveis de repreensão devido à responsabilidade moral e educacional da Igreja", disse Lombardi à rádio Vaticano. "Mas cada pessoa bem informada e objetiva sabe que a questão é muito mais ampla e concentrar acusações na Igreja sozinha coloca as coisas fora de perspectiva", disse. Lombardi citou os relatos recentes de autoridades austríacas que mencionaram 17 casos de abuso em instituições ligadas à Igreja Católica, mas 510 em outras organizações. "Seria bom preocupar-se com essas também", acrescentou. Os últimos relatos surgem anos depois de terem vindo à tona escândalos na Irlanda e nos Estados Unidos. A Igreja dos EUA pagou cerca de 2 bilhões de dólares em acordos com vítimas desde 1992. A Igreja Católica Romana holandesa afirmou nesta terça-feira que pediria a uma comissão independente para analisar mais de 200 relatos de abusos sexuais por padres, uma resposta ao crescente número de vítimas que vem surgindo. Os alemães ficaram escandalizados com os relatos de abuso por jesuítas e acusações de agressão física e pedofilia em três colégios católicos da Bavária, incluindo um ligado ao prestigiado coral dirigido pelo irmão do papa Bento 16, de 1964 a 1994. O reverendo Georg Ratzinger, de 86 anos, reconheceu que batia na cara dos alunos para discipliná-los, mas negou ter conhecimento de qualquer abuso sexual.

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