20 de junho de 2013 | 20h05
Nesse clima de diversão e entusiasmo com a mobilização dos jovens um grupo de veteranos militantes de esquerda, que estavam na histórica Passeata dos Cem Mil contra a ditadura militar, em 26 de junho de 1968, se concentrou na tarde desta quinta-feira para mais um protesto no centro da cidade. "Essa história de ''sai do chão'' estreita o movimento", brinca Luiz, lembrando a coreografia dos jovens militantes. Agora falando sério, Luiz vê "um novo paradigma" nas manifestações sem liderança, com reivindicações difusas e palavras de ordem de todos os tipos. "O real das ruas invadiu o simbólico da política", filosofa.
Desde as primeiras manifestações contra o aumento das passagens de ônibus Cid e Luiz voltaram às ruas. "Quando entrei na (avenida) Rio Branco com a garotada, senti um pouco da emoção de 68", diz Luiz, que apelidou os amigos reunidos nesta quinta de "paladinos da Rua Larga", em referência ao antigo nome da Rua Marechal Floriano, onde fica o bar Paladino.
Luiz e o jornalista José Sérgio Rocha, outro veterano que esteve no Paladino antes da passeata de quinta, tinham 16 anos na Passeata dos Cem Mil. Cid já tinha 19 e, no ano seguinte, participaria do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Foi preso e trocado em 1970 pelo embaixador alemão, Ehrenfrie Von Holleben. A historiadora Ana Amélia Cavalcante lembra que ainda morava em Brasília em junho de 1968 e participou com a família da "passeata dos 5 mil". "Naquela época, em Brasília, era o equivalente aos cem mil do Rio", lembra.
Os confrontos com a polícia e as prisões de manifestantes preocupam Cid. "Nem na ditadura manifestante político foi enquadrado por formação de quadrilha, é um escândalo", protesta. Depois de uma hora de concentração no bar, o grupo partiu para a Candelária, onde começou a passeata. Na mesa ao lado, uma turma onde ninguém tinha mais de vinte anos também se preparava para a manifestação.
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