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Viúva depõe no 1º dia do júri do jornalista Barbon

Por AE
Atualização:

No primeiro dia do julgamento de três policiais militares e de um comerciante acusados de matar o jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, de 37 anos, a viúva contou que o marido iria publicar no "Jornal do Porto", de Porto Ferreira (SP), reportagens sobre suposta relação de PMs com quadrilha de roubo de cargas em Ribeirão Preto. Quatro anos antes, ele escreveu sobre envolvimento de vereadores, comerciantes e PMs no aliciamento de menores. Sob proteção da Justiça há dois anos, Katia Camargo, de 39 anos, que hoje tem nova identidade e vive fora do Estado com os dois filhos adolescentes, entrou na sala do 5º Tribunal do Júri da Barra Funda, por volta das 9h30, cercada por 13 policiais civis e da Corregedoria da PM. Além de Katia, prestaram depoimentos até as 20h30 outras três testemunhas de acusação. O julgamento prossegue hoje, quando serão ouvidas 11 testemunhas da defesa. Ontem, logo no início dos trabalhos, ao perceber que a plateia era formada na maioria por amigos e parentes dos réus, o juiz Cassiano Zorzi determinou que a viúva do jornalista fosse ouvida sem plenário. Ela continuou com o rosto encoberto e peruca enquanto dizia às testemunhas que o marido recebeu inúmeras ameaças de policiais semanas antes do crime. "Dois dias antes de morrer ele chegou a comentar que iria até comprar um colete à prova de balas. A reportagem sobre os PMs e a quadrilha de cargas já estava para sair", disse. Representantes da Anistia Internacional, da Unesco e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) acompanharam o início do julgamento. Emocionada, a viúva do jornalista contou ter sofrido dezenas de ameaças de morte após o assassinato. Aos prantos, ela disse quase ter morrido após um carro tentar atropelá-la quando entrava em casa, em setembro de 2007. Segundo a viúva, quem dirigia o carro era a mulher de um dos policiais presos. Em seguida, chorou ao contar que não tem mais contato com parentes e que os filhos não podem mais ver avós e primos. Sem reaçõesOs quatro réus não esboçaram reação durante o depoimento. O sargento da PM Edson Luís Ronceiro, o capitão Adelcio Carlos Avelino, o soldado Paulo Cesar Ronceiro e o comerciante Carlos Albertos da Costa estão presos desde abril de 2008. Um quinto acusado, o soldado Valnei Bertoni, conseguiu adiar seu júri, com liminar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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