Volvo Car começa a exportar serviços de blindagem para o mundo todo

Marca que tenta se fixar como a segunda maior em vendas no segmento de carros de luxo no Brasil é responsável por blindar todos os modelos vendidos com essa opção

PUBLICIDADE

Por
Atualização:

Com vendas de 5.171 veículos neste ano, a Volvo Car ocupa, pela primeira vez desde 1991, o segundo lugar no mercado de carros premium no País. A diferença do terceiro colocado é pequena, mas a marca acredita que vai se consolidar na posição. A Volvo não seguiu as concorrentes BMW, Audi, Mercedes-Benz e Land Rover, que abriram fábricas locais. a matriz sueca, no entanto, escolheu a filial como fornecedora global de serviços de blindagem do grupo. O primeiro cliente externo chega este mês. A seguir, trechos da entrevista.

Como tem sido o ano para a Volvo? Desde janeiro até a última quinta-feira vendemos 5.171 veículos, o que nos coloca em segundo lugar no ranking das marcas premium, posição que alcançamos pela primeira vez desde 1991, quando iniciamos importações no Brasil. Começamos o ano em quarto lugar e fomos abrindo espaço. Em junho ultrapassamos a Audi e, agora, a Mercedes-Benz. A diferença ainda é pequena, de apenas nove carros, mas em julho a diferença era de 400 unidades.

Para Oliveira, não construir fábrica no Brasil foi decisão 'bastante correta' Foto: Volvo Car

PUBLICIDADE

Acredita que a marca vai conseguir se manter nessa posição? Olhando a velocidade com que isso ocorreu acredito que a tendência é de mantermos com segurança essa posição em 2021. Devemos encerrar o ano com vendas de 6,5 mil a 7 mil unidades, cerca de 10% menos que no ano passado. O mercado total premium deve cair por volta de 20% e o de todas as marcas, 30%.

O que mais puxou esse resultado? Com certeza é a predominância de veículos eletrificados em nosso portfólio. Para todos os cinco modelos vendidos no País - três SUVs e dois sedãs -, temos pelo menos uma opção híbrida, enquanto nas outras marcas são iniciativas pontuais. No ano passado mais ou menos 20% do nosso volume de vendas era de modelos híbridos. Hoje essa participação é de 39% e deve chegar ao fim do ano em 43%. O consumidor brasileiro está ávido por essa nova tecnologia.

A oferta de eletrificados vai continuar aumentando? Sim. No meio do ano que vem lançaremos o SUV XC40 100% elétrico. A partir do segundo semestre vamos parar de vender no Brasil carros unicamente a combustão e só teremos modelos híbridos ou elétricos.

Como está a infraestrutura para carregamento de baterias? Quando começamos a desenvolver o mercado de híbridos no Brasil, há cerca de três anos, percebemos que a falta de infraestrutura era um gargalo grande para o desenvolvimento desse mercado. Na época havia apenas 100 eletropostos no País e sabíamos que, se dependesse só de fontes governamentais ou outras, levaria muito tempo, então decidimos investir em instalação de postos de recarga. Investimentos R$ 12 milhões nesse processo e instalamos até agora 560 eletropostos, número que chegará a 700 no fim do ano e a mil no primeiro trimestre de 2021. Também fizemos uma parceria com o Waze e basta o usuário “eletroposto Volvo” e o aplicativo indica onde está o posto mais perto.

Entre 2013 e 2017 quatro marcas de carros de luxo iniciaram produção no Brasil: Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land Rover. Hoje operam muito abaixo da capacidade e algumas estão em dificuldades. A Volvo também avaliou a possibilidade, mas desistiu. Foi uma decisão acertada? Acredito que foi uma decisão bastante correta. A Volvo efetivamente estudou essa possibilidade, mas concluiu que não deveria colocar uma planta em nenhum local do mundo somente baseada em potencial de mercado local ou em incentivos fiscais locais. Tinha de ter uma combinação de fatores e principalmente precisava se conectar à estrutura global de manufatura da marca. A empresa entendeu que o Brasil não poderia ser um polo exportador para qualquer mercado do mundo. Hoje temos cinco fábricas 100% globais (Bélgica, Suécia, EUA e duas na China) especializadas em algum tipo de produto e atendem o mundo todo. O Brasil, muitas vezes por questões logísticas ou falta de abertura ao comércio internacional não foi entendido como destino para esse investimento.

Publicidade

Há chances futuras? O Brasil é um local que vai sempre continuar no radar. Mas é bom lembrar que, por outro lado, essa estratégia de manufatura da Volvo levou o Brasil a ser escolhido como fornecedor global de veículos leves blindados. Qualquer tipo de blindagem civil que a Volvo venda no mundo será feita no Brasil. Aqui está o melhor expertise do mundo para fazer blindagem, há boa capacidade de fornecimento de peças e materiais e por isso foi escolhido. Fizemos uma parceria com a Carbon no Brasil, de Barueri (SP), que criou uma linha especial de blindagem para modelos da Volvo. Desde março já foram vendidos mais de 200 modelos blindados com certificação de fábrica para o mercado local.

E quando começa a exportação desse serviço? Em duas semanas sairá da Europa o primeiro carro do exterior, um XC60, para ser blindado aqui e mandado de volta. Estimamos um mercado anual de 150 a 200 carros que virão só da Europa, mas o serviço já está disponível para todas as subsidiárias da marca no mundo. Deve ter um potencial grande da China, por exemplo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.