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Votação em Aécio no 1º turno impulsiona Bovespa e derruba dólar

Os mercados financeiros no Brasil reagiram com otimismo nesta segunda-feira ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, após a votação do candidato da oposição Aécio Neves (PSDB) superar previsões e deixar mais acirrada a disputa com a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição. Analistas esperam que a volatilidade nos mercados siga elevada até a definição do segundo turno, no próximo dia 26. Após o resultado do primeiro turno, a expectativa entre analistas é de que Dilma e Aécio têm chances parecidas de vencer, e o noticiário político, incluindo as pesquisas de intenção de voto, seguirão ditando o rumo da bolsa e do câmbio. O Ibovespa subiu 8 por cento logo após o começo do pregão. Mesmo com a desacelerado, a alta de 4,7 por cento, com destaque para ações de estatais e do setor financeiro, foi a maior em 26 meses. Os papéis preferenciais da Petrobras subiram 11 por cento, tendo atingido alta superior a 17 por cento. O dólar recuou 1,43 por cento, a 2,4266 reais na venda, após ter caído 3,4 por cento na mínima do dia. Profissionais do mercado têm mostrado descontentamento com a política econômica do atual governo e com o que consideram intervencionismo em estatais. Aécio tem a preferência dos mercados, pois o PSDB tem posição historicamente mais ortodoxa em questões econômicas. O candidato tucano já anunciou que, caso eleito, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga será o ministro da Fazenda. "A oposição mostra mais clareza para a condução da economia, tendo já escolhido até o ministro da Fazenda. É possível que, agora, o governo atual tenha que dar mais indicação do que deve fazer nesta área", disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall, que foi secretário do Tesouro Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mercado de juros futuros na BM&F, os DIs desabaram. O contrato para janeiro de 2021, um dos mais líquidos, chegou a 11,30 por cento na mínima do dia, queda de 0,75 ponto percentual. O DI para janeiro de 2017 voltou a ficar abaixo de 12 por cento, após alcançar esse patamar na semana passada pela primeira vez desde maio. Dilma teve 41,6 por cento dos votos válidos, ou quase 43,3 milhões, enquanto Aécio ficou com 33,6 por cento, ou 34,9 milhões, acima do previsto nas pesquisas. Para o Credit Suisse, as primeiras simulações de segundo turno podem indicar votação muito próxima entre os dois candidatos se a conversão dos votos da terceira colocada, a ex-senadora Marina Silva (PSB), permanecer a mesma que era apontada nas últimas pesquisas de intenção de voto. Em relatório a clientes, o Credit Suisse destacou que a equalização do tempo de televisão pode ser um fator importante para tornar a disputa pelo segundo turno ainda mais competitiva, com Aécio tendo agora o mesmo tempo de Dilma na propaganda eleitoral obrigatória. No primeiro turno, o tempo da petista foi mais que o dobro do de Aécio. O mercado vai acompanhar atentamente as divulgações das próximas pesquisas eleitorais, à expectativa de descobrir qual candidato deve receber a maior parte dos votos de Marina Silva. "É difícil avaliar agora como será o cenário porque é preciso fazer hipóteses sobre as decisões dos eleitores da Marina", disse o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Para ele,  mesmo o apoio claro de Marina não deve garantir a migração dos votos e a volatilidade deve permanecer nas próximas semanas, dependendo dos resultados das pesquisas. 

Por FLAVIA BOHONE E BRUNO FEDEROWSKI
Atualização:

CÂMBIO AINDA DEVE SUBIR

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Especialistas alertaram que o movimento de queda do dólar deve ser um comportamento de curto prazo.

"Pelos fundamentos, nós deveríamos ter um dólar mais forte. O patamar de 2,50 reais é mais realista que o de 2,20 ou 2,30 reais", disse Kawall, do Banco J. Safra.

O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, considerou que a tendência do dólar no médio prazo é de alta, apesar da instabilidade esperada no curto prazo. "É difícil definir um patamar, mas a trajetória caminha para 2,70 reais ao longo do próximo ano", disse.

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