Vulcão da Islândia causou fome no Egito, diz estudo

Já se sabia que erupções nos trópicos causam invernos mais quentes no norte; o estudo mostra que influências do vulcanismo fluem também na direção oposta

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Pesquisa realizada por cientistas americanos e escoceses indica que quando um vulcão entrou em erupção na Islândia, no século 18, ele não só matou nove mil moradores da área, mas desencadeou uma crise ambiental que levou à fome no Egito e à redução da população do Vale do Nilo em um sexto. Os pesquisadores utilizaram um modelo de computador criado pela Nasa para rastrear as mudanças na atmosfera terrestre que se seguiram à erupção do Laki, em 1783, no sul da Islândia. O estudo é o primeiro a vincular, conclusivamente, uma erupção em alta latitude com o suprimento de água no norte da África. "Nossas descobertas poderão ajudar a melhorar as previsões sobre a reação do clima após a próxima erupção de alta latitude, especialmente as mudanças na temperatura e precipitação", disse o principal autor do trabalho, Luke Oman. Já se sabia que erupções nos trópicos causam invernos mais quentes no hemisfério norte; mas o novo estudo mostra que influências do vulcanismo também podem fluir na direção oposta, do norte para o sul. Em junho de 1783, o vulcão Laki iniciou uma série de erupções, consideradas as de mais alta latitude dos últimos mil anos. Além da lava, foram emitidas milhões de toneladas de gases tóxicos, causando a morte da vegetação, animais e pessoas. Às erupções se seguiram secas no norte africano, causando um fluxo reduzido do Rio Nilo. No hemisfério norte, o verão de 1783 foi gelado - mais frio em 500 anos, de acordo com dados levantados a partir dos anéis de crescimento das árvores. O modelo de computador ligou não apenas essa redução de temperatura ao Laki, mas também atribuiu à erupção um enfraquecimento da monção - os ventos que carregam chuvas para o sul da Ásia e norte da África. O frio no hemisfério norte reduziu os contrastes de temperatura que impulsionam os ventos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.