
07 de setembro de 2013 | 02h11
No Brasil, a decisão de reagir de modo forte à espionagem conta com apoio quase unânime, ainda que com diferenças de tons. Portanto, o que parece ser uma decisão tomada a partir da vontade da presidente Dilma Rousseff tem como subproduto seu fortalecimento popular e mesmo entre as elites. Isso tem diferentes motivos, lembremos a tradição brasileira de prezar o direito internacional, a autonomia, a soberania.
No plano internacional, essa tensão se entrelaça com o forte questionamento da política do governo Obama na Síria. Como acabamos de ver na ONU e no G20, a posição daquele governo é bastante isolada. Além de perder apoios históricos, da Grã-Bretanha e da Alemanha, sua força no Congresso é duvidosa e boa parte da população americana rejeita a intervenção.
Consequentemente, a reação brasileira se dá em momento favorável ao fortalecimento ao menos parcial de objetivos de longo prazo: multilateralismo, respeito às regras da convivência internacional. A crise e as consequentes exigências brasileiras se inserem nessa trajetória.
Os EUA são ainda o país mais importante na ordem mundial. Interessam ao Brasil boas relações, fortalecimento do comércio, cooperação em geral. Para isso, ainda que essa crise seja de algum modo superada, é importante deixar claro que soberania e autonomia não podem ser barganhadas e que os tempos do unilateralismo vão se encurtando. Nessa perspectiva se insere a projetada viagem da presidente aos EUA.
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