
11 de outubro de 2011 | 03h06
"Fizemos uma lei bem ampla para que a secretaria possa se organizar. A ideia é começar com uma campanha de conscientização, porque não adianta comprar a vacina e as pessoas não aparecerem no posto", disse o deputado Bernardo Rossi (PMDB), coautor da lei. A Secretaria da Saúde se limitou a informar que a lei ainda será regulamentada pelo Poder Executivo.
A vacina contra o HPV é oferecida na rede pública em alguns municípios, como Itu (SP), Campos dos Goytacazes (RJ) e São Francisco do Conde (BA), mas é a primeira vez que um Estado anuncia a vacinação em todo o seu território.
Para a infectologista Isabella Ballallai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, seção Rio (SBI-RJ), a falta de definições na lei é preocupante. "Quando Campos anunciou a vacina, ela já havia sido comprada, a estratégia estava definida. É complicado criar expectativa na população. Não se implanta vacina por lei, é preciso traçar uma estratégia, estabelecer o custo-benefício", afirmou.
Ela estranhou o fato de a lei prever um "calendário anual de vacinação". "A vacina de HPV é uma vacina de rotina, que deve ser tomada em três doses num prazo de seis meses. Não é vacina de campanha anual".
O infectologista Mauro Romero, coordenador do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense, aprovou o anúncio. "Não é uma medida isolada no mundo. Outros países já oferecem a vacina na rede pública", disse.
Em 2008, parecer do grupo de trabalho do Ministério da Saúde recomendava a não incorporação da vacina em território nacional. Naquele momento, custaria R$ 1,85 bilhão vacinar meninas de 11 e 12 anos, enquanto o orçamento do Programa Nacional de Imunização era de R$ 750 milhões por ano. O grupo recomendou ações como exames preventivos e uso de preservativos.
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