
04 de junho de 2011 | 19h32
Já sabia, é claro, que havia muito desmatamento e áreas de pastagens na região de Marabá. Mas ainda no avião fui surpreendido pela extensão da devastação.
No aeroporto, o surpreendente foi encontrar, em plena sala de desembarque, um agente da Polícia Federal, com uma submetralhadora, dirigindo-se a um helicóptero e, depois, ao assentamento extrativista, em Nova Ipixuna, onde haviam sido mortos José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do Espírito Santo.
Nos cerca de 60 quilômetros de estrada para Nova Ipixuna, mais uma vez, nem sinal de floresta – mas órgãos do governo marcaram presença. Cruzamos com equipes de fiscalização do Ibama e das polícias rodoviárias estadual e federal.
Pode-se dizer que a resposta do governo foi rápida – mas, ao mesmo tempo, tardia e com resultados questionáveis. Apesar da ação policial ostensiva na região, o fato é que, desde então, a autoria do crime permanece um mistério, e outros dois assassinatos foram cometidos nos arredores.
A operação de emergência anunciada pela presidente Dilma Rousseff é necessária e oportuna, mas é bem verdade que providências já poderiam ter sido tomadas – as próprias estatísticas do governo sobre mortalidade, compiladas pelo Ministério da Saúde, mostravam crescimento acentuado e contínuo dos homicídios na região desde 2002.
O envio de mais policiais e até de militares deve contribuir para conter a onda de matança em Marabá e cercanias. Da mesma forma, o cerco do Ibama sobre a exploração clandestina de madeira e a produção irregular de carvão deve dar sobrevida a milhares de árvores.
Se for uma iniciativa temporária, porém, não há dúvidas de que nada vai mudar. A região voltará a ficar sem governo, e terá ainda menos florestas.
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