
24 de outubro de 2011 | 23h30
Uma série de revoltas se alastrou por países árabes este ano, e já derrubou três governos no norte da África: Tunísia (em janeiro), Egito (fevereiro) e Líbia (agosto). A professora Vânia Carvalho Pinto, da UnB, ressalta que nenhum dos três é uma monarquia – onde os soberanos têm outras fontes de legitimidade, inclusive descenderem de Maomé. “A única que sofreu uma ameaça séria é o Bahrein, onde a revolta da maioria xiita foi suprimida com ajuda da Arábia Saudita”, lembra.
Para a professora, a chamada Primavera Árabe é na verdade um conjunto de revoltas bastante diferentes entre si. Na Tunísia e no Egito, por exemplo, os presidentes Zine Ben Ali e Hosni Mubarak foram derrubados por protestos majoritariamente pacíficos e por terem perdido o apoio das forças armadas, ao passo de que Muamar Kadafi foi deposto pela violência (e morto em outubro). O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) e portanto chefe do governo provisório da Líbia é Mustafá Abdel Jalil, que foi ministro da Justiça no governo Kadafi. “As revoltas não são grande novidade no Oriente Médio”, diz Vânia. “A novidade foi elas terem dado certo.”
Para o editor de Internacional do Estado, Roberto Lameirinhas, o uso de celulares e mensagens de texto, mais do que a internet, foi fundamental para organizar as concentrações em praças e coordenar os protestos. O repórter especial Lourival Sant’Anna destacou a importância da TV a cabo, difundindo nos países árabes notícias da vida em outros lugares.
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