Inflação
Sem rumo
Num acampamento do MST, Lula fala em tomar “atitudes mais drásticas” para conter a alta do preço dos alimentos. Será que vem aí uma reedição dos governos de Sarney e de Orestes Quércia? Congelamento de preços, fiscais do autor de Marimbondos de Fogo e confisco de gado no pasto foram medidas drásticas que criaram mais problemas do que soluções. O falastrão Lula da Silva, que desce a ladeira da desaprovação como um caminhão na banguela, está sem rumo.
José A. Muller
Avaré
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‘Atitudes mais drásticas’
O presidente Lula não vai conseguir conter a inflação dos alimentos no berro nem mesmo “numa mesa de bar tomando cerveja”, como ele já disse que resolveria a guerra entre Rússia e Ucrânia. Talvez envergonhado de anunciar uma medida em que não acreditava, Lula escalou Geraldo Alckmin para falar sobre a decisão do governo de zerar a alíquota de importação de alguns poucos alimentos consumidos pelos brasileiros, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva. O fiasco parecia evidente, e no dia seguinte o demiurgo já anunciava que tomará atitudes mais drásticas para conseguir seu intento. Que essas atitudes mais drásticas não sejam como o tabelamento de preços, como fez o ex-presidente José Sarney, com o auxílio da Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços (Sunab), extinta em 1997.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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Muita espuma
Em razão da expressiva queda de sua popularidade, o governo Lula 3 anunciou na semana passada um pacote de medidas visando a baixar os preços dos alimentos, zerando as alíquotas de importação de produtos como carne, café, açúcar, milho, óleo de girassol, azeite, óleo de palma, sardinha, biscoito e massas alimentícias. Segundo analistas ouvidos pelo Broadcast Agro, do Estadão, o efeito da medida será limitado, uma vez que o Brasil é autossuficiente na maior parte dos produtos que tiveram as tarifas zeradas. Segundo o Goldman Sachs, a medida deve reduzir o preço do milho em 1,3% e o da carne bovina em apenas 0,5%. Como se vê, é muito barulho do marketing politiqueiro para pouco resultado prático no prato da população. Como diz o dito popular, é “muita espuma para pouca cerveja”. Pobre Brasil do cada vez mais perdido e desnorteado (des)governo Lula.
J. S. Vogel Decol
São Paulo
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Governo Lula
Nos acréscimos
Lula da Silva ainda não entendeu que já está nos acréscimos da prorrogação. Seu governo, virtualmente baseado no improviso, sem um projeto-base de país, desemboca na queda vertiginosa de sua popularidade. Ao tentar contê-la, monta shows pouco convincentes para público restrito, nos quais discursa com falas e clichês inócuos que acabam realimentando-a. Medidas ultrapassadas e demagógicas, já adotadas no Brasil em outras épocas sem sucesso, são por ele anunciadas para conter a inflação, que está a corroer a algibeira do povo que acreditou na cervejinha e na picanha. Assim Lula se engaja numa campanha eleitoral antecipada, crente de que o ouvinte a quem ele se dirige hoje tem estofo semelhante ao do que o elegeu em 2002. Entre outras coisas, esses são indicadores de que, em benefício de sua própria saúde física e mental, ele deve começar a pensar em pendurar as chuteiras e, para o bem do Brasil, partir para a promoção de novas e mais saudáveis lideranças.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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Prioridade
Humberto Costa, o novo presidente do PT, está certo: a prioridade agora é reeleger Lula (Estadão, 7/3). Isso porque, no dia em que Lula morrer politicamente, o PT acaba.
Renato Maia
Vitória
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Brasil
Tolices brasileiras
O artigo Duas tolices sem tamanho, de Bolívar Lamounier (Estadão, 8/3, A4), é daqueles que precisam ser guardados e lidos todo mês para não nos esquecermos das nossas tolices (“não acreditamos em retrocesso político e acreditamos que a dicotomia direita x esquerda nos explica tudo o que precisamos saber”). Lúcido, o texto tem a capacidade de resumir a nossa realidade de forma clara, didática e verdadeira. A previsão de que seremos “felizes com nossas crenças”, apesar das desgraças numeradas, é ainda mais tragicômica, por ser real.
Josenir Teixeira
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
DONALD TRUMP
De recuo em recuo, vai se comprovando que Donald Trump é apenas um rato que ruge, em inversão de papéis com Peter Sellers. A realidade vai se impondo ao universo paralelo que ele criou. Quiçá seja completamente demovido de suas asneiras antes de causar males ainda maiores.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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PUTIN E TRUMP
A aproximação entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia é algo inédito e inesperado na política mundial. Um fato totalmente novo que, talvez por isso mesmo, assuste. E possa gerar também ciúmes, quem sabe até inveja. Para governantes, como o presidente francês, Emmanuel Macron, ou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, essa aproximação entre dois gigantes pode significar uma redução do alcance de seu poder. Mas talvez seja disso que o mundo precise. Como se grita no campo de futebol quando o time está perdendo: muda o jogo. Um jogo que não está dando certo precisa mudar posições. Torço e espero para que o diálogo leve ao fim da guerra na Ucrânia, e os recursos possam ser direcionados a objetivos mais consequentes.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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SEGURANÇA PÚBLICA
O editorial O mito do encarceramento em massa (Estadão, 9/3, A3) mostra com números que o problema mais grave é a sensação de impunidade em massa que grassa em nosso meio, chamando a atenção para o fato de que apenas uma fração pouco significativa dos assassinatos são esclarecidos, com a maioria ficando impunes. Sem contar que a ausência disciplinar do Estado nos presídios, uma terrível realidade, mostra o desmazelo para com esse importante indicador do poder notável do Estado. Sem dúvida, mais e melhores presídios bem geridos é o que falta.
José Elias Laier
São Carlos
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SISTEMA PENITENCIÁRIO
O editorial O mito do encarceramento em massa (Estadão, 9/3, A3) tratou do grave problema do sistema penal brasileiro que, como é dito, “prende muito e prende mal”. Conforme informado, o País tem a terceira maior população carcerária do mundo – 849 mil pessoas –, dos quais 359 mil em regime fechado. Como disse o editorial: “O sistema penitenciário tem três finalidades: proteger a sociedade dos criminosos, desencorajar aspirantes ao crime e reabilitar os apenados. Mas os cárceres brasileiros fracassam miseravelmente nesses fins e promovem seu exato oposto. Transformados em usinas do crime, os presídios, que deveriam ser o símbolo máximo do poder do Estado, são o emblema gritante de sua falência”. Diante da questão, cabe dizer que em vez de símbolo maior do Estado, as prisões nacionais foram transformadas em símbolo maior do poder do crime organizado, que já domina várias e extensas áreas do País. “A solução não é prender muito, como quer uma direita truculenta, nem prender pouco, como quer uma esquerda leviana. A solução é prender bem.”
J. S. Vogel Decol
São Paulo
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ANDRÉ JANONES
O tal André Janones (Avante-MG) confessou que rachou. Como isso aqui é Brasil, colou o racho e voltou a ser um cidadão ilibado, exemplar. Na jurisprudência janônica institucionalizada, é o tal Estado Impunemático de Direito.
Ademir Fernandes
São Paulo
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ACORDO COM A PGR
Estou na dúvida se esse acordo feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com o André Janones (Avante-MG) é válido ou será anulado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. O dinheiro será devolvido por falta de provas e tudo fica igual. Ou seja, só uma encenação.
Silvano Antônio Castro
São Paulo
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ORDEM E PROGRESSO
Após ler várias crônicas no Estadão de sábado passado (8/3) e refletir sobre as muitas análises da polarização política, retrocessos e avanços, eleições de 2026 e suas alternativas entre Lula e Bolsonaro, me veio uma questão: e a “Ordem” que, conforme nossa bandeira, deve ser necessária para nosso “Progresso”? Nossos advogados, desembargadores e juízes devem estar desnorteados com as constantes ingerências do Supremo Tribunal Federal (STF). O cidadão honesto se sente cada vez mais a mercê dos bandidos, os empreendedores têm receio de assumir riscos com impostos novos e crescentes. O governo está cada vez mais perdido e apelando para medidas no grito. Assim, não pode haver progresso. Além do necessário e urgente enxugamento da máquina e redução da carga tributária, para tornar nossa economia mais eficiente e produtiva, devemos adotar as seguintes medidas: reforçar e divulgar o conceito de meritocracia; da importância de pais educarem melhor seus filhos, pois as escolas têm a função de instruir e não de educar; deixar bem claro que não há dinheiro público, pois todo dinheiro vem de trabalho e deve retornar ao trabalhador com benefícios necessários para que trabalhem mais e melhor; o ensino deve ter como objetivo buscar a excelência e revelar os mais competentes; e fazer com que o cidadão, desde jovem, tenha consciência do valor de seu voto para um futuro mais próspero para si e para a Nação. A verdade é que estamos todos no mesmo barco. Se não remarmos bem e em união, nosso barco não irá bem na competição, correndo o risco afundar. É isso aí. Com a esquerda ou com a direita: sem ordem, não haverá progresso.
Silvano Corrêa
São Paulo
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OBSESSÃO
É curiosa essa obsessão de Lula por um quarto mandato com essa política custe o que custar para atingir o objetivo. Digamos que Lula consiga a tal reeleição. Neste caso, ele está hoje construindo um país ingovernável para quem? Para ele mesmo. O Lula 3 prepara o que será o Lula 4: inflação fora da meta, quiçá fora de controle, alimentos subindo, dólar subindo, Donald Trump no cangote, Banco Central tendo de elevar a Selic ainda mais. Será que Lula não poderia pensar, uma vez pelo menos, que ele está aqui de passagem, assim como todos nós, mas infelizmente é ele que tem a caneta maldita que vai quebrar os ovos e matar a galinha?
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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REFORMA MINISTERIAL
Mais um troca-troca de ministros no governo Lula. Buscando reeleição, alterna seus velhos companheiros para o mesmo de sempre, sem inovar e sem melhorar o País. Pelo peso e andar das atividades dessas autoridades, estamos vivendo sob o comando dos companheiros num parque de dinossauros, obrigando a população a se alimentar de frutas e verduras, pagando mais impostos, taxas e mordomias da turma toda.
Carlos Gaspar
São Paulo
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FERNANDO HADDAD
Até quando Fernando Haddad vai aguentar as constantes interferências no Ministério da Fazenda?
Robert Haller
São Paulo
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INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS
Acho que a isenção do imposto de importação do azeite foi a mais benéfica para os mais pobres. Agora, poderão fritar seus ovos, fazer omeletes e temperar saladas à vontade. Sugiro, para complementar a boa alimentação dos mais pobres, a isenção das taxas do caviar, na marra.
Carlos Alberto Roxo
São Paulo
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IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
Governo vai zerar a alíquota de importação da carne e de outros seis produtos. Espera aí. Há déficit orçamentário e abrem mão de receita? Na realidade, o governo não está nem aí para esse déficit. Ele quer continuar com seu eleitorado cativo e o resto que se exploda. Lembra o circo romano, onde era só jogar pão que o povo se acalmava.
Panayotis Poulis
Rio de Janeiro
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ANISTIA
A proposta de anistia para os participantes, financiadores e autores da tentativa golpista de 8 de janeiro é um prêmio para um bando que tentou contra o Estado de Direito e nossa democracia. Não passará por exigência da nossa grande maioria democrática, que repele essa postura e afirma: ditadura nunca mais.
Sylvio Belém
Recife
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CONFISSÕES
Pedidos de anistia são confissões de malfeitos. Quanto mais pedem anistia, mais confessam que não agiram corretamente.
Wilson Scarpelli
Cotia
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CASO LUIGHI
Creio que para uma situação de violência e racismo, como a que o jogador do Palmeiras enfrentou, só há uma solução: expulsão do time da competição. Há um tipo de gente que só entende uma situação. Violência se pune com violência. Olho por olho.
Susana Menda
São Paulo