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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
8 min de leitura

Política monetária

No horizonte

Copom eleva Selic a 12,25% e indica mais dois aumentos de 1 ponto (Estadão, 12/12, B1). A preocupação que começa a surgir no horizonte brasileiro é com a chamada “dominância fiscal”, que consiste na inutilidade da subida dos juros pela autoridade monetária visando ao controle da inflação, cujo índice passa, a partir deste ponto, a ser alimentado para cima em decorrência do aumento exagerado da dívida pública. Embora seja consenso entre os economistas que o Brasil ainda está longe de atingir essa situação, o Banco Central (BC), ao aumentar nesta semana a taxa básica de juros para 12,25%, prognostica que serão necessários mais ajustes ascendentes nos próximos meses, até assegurar que a medida seja eficaz para combater o descontrole dos preços. O fenômeno, por enquanto, é só uma perspectiva pessimista, mas, a continuar a confusão entre o governo e os outros Poderes da República naquilo que envolve as contas públicas, cada um lutando em prol do seu próprio protagonismo, sem focar no interesse nacional, é provável que se concretize. Atenção, responsáveis pela condução dos destinos do Brasil: entrem em estado de reflexão serena, cessem a distribuição de culpas e passem a trabalhar em interação construtiva para o bem geral.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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A crítica do PT

Qual é a autoridade que a sra. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, tem para alegar que a alta dos juros pelo Banco Central é “irresponsável, insana e desastrosa para o País”, quando a sra. Gleisi afirma, com a mesma veemência, que as eleições ocorridas em julho na Venezuela foram legítimas, limpas e republicanas, e até a velhinha de Taubaté sabe que não foram?

Márcio Pascholati

São Paulo

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Vida em São Paulo

Ônibus elétricos

Mais uma vez se pretende prorrogar o prazo para a obrigatoriedade de as empresas de ônibus operarem totalmente eletrificadas em São Paulo. Não estranho. Só acreditou que aconteceria no prazo estabelecido quem é muito inocente. Não poderia dar certo porque o sistema de distribuição de energia elétrica não funciona como deveria, não está aguentando nem alimentar os imóveis, imaginem só para fazer rodar toda uma frota de ônibus. Talvez um dos graves problemas do Brasil seja a população embarcar nas lorotas mais furadas, aquelas que não passariam pelo crivo de uma criança esperta. Acreditar que veículos elétricos – sejam ônibus, vans, automóveis, bicicletas ou até patinetes – resolverão a questão ambiental num passe de mágica, porque são um milagre da tecnologia moderna, é simplesmente querer fechar os olhos para uma questão muito maior: se o Brasil, incluindo a cidade de São Paulo, está ou não preparado para tais tecnologias. Não está, e não faltam sinais óbvios para chegar a essa conclusão. Poluição ambiental se resolve com uma série de ações que extrapolam muito o elétrico. Deveriam começar por um rearranjo urbano sério, muito além da liberação da construção de edifícios próximos ao transporte público – que, por sinal, está trabalhando em seu limite e sem sinal de melhora. Não se resolve absolutamente nada com fórmulas mágicas e, principalmente, colocando todos os ovos numa única cesta. Não é só sobre eletrificar a frota, é sobre a cidade. Eletrificar é uma pequena parte da questão, que só funcionará caso o resto também funcione com uma mínima qualidade e precisão. Imaginem que divertido ter uma frota de ônibus elétricos no meio de um apagão. A propósito, eles funcionam bem em alagamentos?

Arturo Alcorta

São Paulo

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Reciclagem

É evidente que a cidade de São Paulo precisa de benfeitorias, mas é inadmissível que a Prefeitura pretenda desmatar uma área da periferia e derrubar 10 mil árvores para dar lugar à ampliação de um aterro sanitário, a Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL). A cidade produz diariamente mais de 20 mil toneladas de resíduos sólidos, mas recolhe apenas 7% de lixo reciclável. Já passou da hora de a Prefeitura lançar uma propaganda maciça sobre a reciclagem de lixo nos domicílios. Onde moro, poucas residências fazem a reciclagem do lixo. E, quando há a coleta dos resíduos, espalham-se pelas calçadas caixas de papelão, garrafas pet e toda sorte de material que poderia ser reciclado. Se a população fosse conscientizada sobre a importância da reciclagem, não haveria tanta necessidade de aterros, muito menos o desmatamento de áreas verdes para essa finalidade.

Jaqueline Rodrigues Vieira

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

SEQUELAS

O Brasil está com Lula na cabeça há dois anos. A hemorragia segue solta. Não falta quem drene, mas tampar o buraco e estancar a sangria é bem mais complicado. Conseguirá sobreviver? Talvez, mas mesmo quando superar isso, ficará com sequelas graves a longo prazo. Coisas assim, o SUS não trata.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

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SEM RUMO

No atual mandato, Lula da Silva passa a impressão de agir sem rumo. Finge buscar, assessorado pelo seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um controle dos gastos públicos. Sem os devidos carisma e traquejo políticos, mas cheio de vontade de agradar companheiros, propôs um pacote sem nexo nem funcionalidade, que precisará ser reelaborado pelo Congresso, a fim de satisfazer as demandas dos insaciáveis representantes do povo, cujo arcabouço, para usar termo da moda, vem sendo esculpido pela Corte Suprema, o que prenuncia uma iminente e inédita colisão entre supostamente harmoniosos poderes, com ameaça de espalhar debris para todo lado. Na arena internacional, opina sem o mínimo de reflexão sobre geopolítica global, corroendo relações com aliados históricos e criando perplexidades ao enaltecer ditadores e até condecorar alguns. Oxalá o Brasil possa sobreviver à falta de competência e ao anacronismo dominantes hoje que o impedem de atrair investimentos e crescer.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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INADEQUAÇÃO

É nítido que o presidente Lula já está bastante idoso para a carga de governar um país continental, principalmente com um déficit financeiro altíssimo e sem condição tangível para enquadrá-lo na normalidade, entre outras notícias nada animadoras, como a falta de orientação necessária para acabar com os esbanjamentos nas despesas até então, sem perspectiva de um horizonte normal. As dificuldades para ler os escritos que foram feitos para usar na última reunião televisionada ficou bem claro para todos as suas limitações, como também se observa que os discursos para sua plateia, ultimamente, estão bastante inflamados, como se estivesse em palanque de campanha eleitoral. E os conteúdos utilizados são marcados por ameaças, ou falsas promessas intáteis, vociferantes, mostrando uma clara inadequação para um indivíduo que estaria em estado de completo bem-estar físico, mental e social. Tudo tem o seu fim nessa vida, infelizmente.

Leila Elston

São Paulo

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GESTÃO LULA

A exitosa cirurgia em que se submeteu o presidente Lula para drenar hemorragia intracraniana causou preocupação aos brasileiros quando souberam que fizeram um furo no osso craniano para que a drenagem pudesse ser realizada. Na verdade, não é preciso ser médico para saber que o ideal é Lula tirar uma licença de dois anos. Geraldo Alckmin assumir e finalizar as reformas obrigatórias, aí o dólar cai, os juros também, a inflação volta à meta e o Brasil passa a ter esperança. Afinal, a preocupação é que ainda com Lula – que nunca sabe de nada, e se após esse procedimento, permanecer no cargo –, as coisas deverão ir de mal a pior.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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STF

Ao que tudo indica, o fato de que decisões judiciais devem ser cumpridas pela nossa última instância – especialmente decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), afinal, traduzem alto conhecimento jurídico – vem a ser a origem do mau uso desse instrumento para, monocraticamente, e com a anuência silenciosa dos demais membros do colegiado, impor seus entendimentos à sociedade. O problema, como chama a atenção o editorial O Supremo desconhece limites (Estadão, 11/12, A3), é que o alto conhecimento jurídico vem sendo substituído pela exorbitância desde os tempos da vaza jato.

José Elias Laier

São Paulo

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PAI DOS POBRES

O Brasil não merece. Menos ainda por falta de aviso. Ou seja, Lula, mais uma vez enfia os pés pelas mãos, gasta mal e irresponsavelmente recursos que não tem. Ao assumir o governo com uma taxa Selic de 10,50%, agora, pelo seu desprezo ao equilíbrio fiscal, essa taxa básica elevou em 1 ponto porcentual, deixando a Selic em 12,25%, que pode chegar a 15% em meados de 2025. Em dois anos de desprezo às boas regras econômicas, resultando na alta de 1,75% da Selic, Lula impõe ao País uma despesa a mais no pagamento de juros sobre a dívida pública de R$ 110 bilhões por ano. Não bastasse esse desperdício com os recursos dos contribuintes, com a alta dos juros para empresas e consumidores, a atividade produtiva vai recuar. Investimento, criação de empregos, idem. Pior ainda é que a inflação, que poderá fechar o ano em 5% (acima do teto da meta de 4,5%) não deve recuar, e com isso, principalmente os 59 milhões de brasileiros pobres, serão penalizados até com menos comida na mesa. E Lula teima em ser reconhecido como pai dos pobres.

Paulo Panossian

São Carlos

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ENSINO DE QUALIDADE

Pode ser que o governador, Tarcísio de Freitas, (Republicanos) saiba que para destruir qualquer nação basta diminuir a qualidade do ensino público oferecido. Encaminhou à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a fatia destinada à educação de 30% para 25% da receita dos impostos. A PEC foi aprovada e vai ser aplicada. Não estão sobrando recursos na pasta de educação, como demonstrou a procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, Élida Graziane. Por outro lado, o Brasil está indo mal na educação, pois ficou no mesmo patamar do Panamá e El Salvador no último teste do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Esta classificação pode ser explicada, em parte, pelo baixo gasto anual do Brasil por aluno da rede pública, US$ 3,6 mil, enquanto que a média de países da OCDE passa de US$ 11 mil. Governador: oferecer ensino público de qualidade é um dever, não é uma escolha.

Omar El Seoud

São Paulo

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VERDADEIRA DUBAI

O artigo publicado no Estadão, sob o título Cenários para o futuro da Mata Atlântica (Estadão, 11/12, A4) vem a calhar ante a sanha do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, recém-reeleito, que resolveu destruir raras reservas originais do bioma mais destruído do País, para resolver congestionamentos de trânsito e ampliação de lixões, ignorando o aquecimento global e as recomendações da Organização Mundial da Saúde, da ONU, que preconiza uma área arbórea de no mínimo 12m² de vegetação arbórea para cada habitante. Segundo o IBGE, em 2022, a cidade de São Paulo contava com 44.411.238 habitantes, com uma estimativa de 45.973.194 habitantes para 2024. Nem é necessário fazer contas para termos uma ideia da falta de vegetação arbórea na cidade. E o nosso prefeito, que com certeza não se atualizou sobre o aquecimento global, e suas consequências, vem desde o início da sua gestão procurando adensar a cidade, atendendo exclusivamente à indústria imobiliária, a única que se beneficia, em detrimento da saúde da população. Com essa política, ele vem desobedecendo leis federais. Creio que o governo Federal tem que intervir e impedir que São Paulo se torne uma verdadeira Dubai.

Gilberto Pacini

São Paulo

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VIOLÊNCIA EM SALVADOR

A cidade de Salvador está pedindo socorro. Não se pode mais andar pela cidade, seja na periferia ou mesmo nos chamados cartões postais. Ontem, uma senhora com uma criança autista foi atacada brutalmente por três bandidos no Porto da Barra. Enquanto isso, o governador Jerônimo Rodrigues, a versão masculina do poste Dilma Rousseff, um inepto na acepção da palavra, não toma medida alguma para conter a violência no Estado, que hoje tem os piores índices de todo o País. Das 20 cidades brasileiras mais violentas, 11 são baianas, incluindo a capital. A Bahia cantada em prosa e verso por Jorge Amado, Caetano Veloso e Gilberto Gil não existe faz muito tempo. Hoje, a Bahia é dominada por gangues e facções como o PCC, Comando Vermelho e Bonde do Maluco. Os assaltos, as barbaridades, os corpos desovados aqui e ali estão por toda parte. O PT de Lula está no comando do estado há 18 anos, mas parece que nada é com ele. Em compensação, vem aí o carnaval, o maior do mundo, onde o povo vai pular como se nada estivesse acontecendo e a prefeitura vai encher os cofres com a venda de espaços, taxas e patrocínios. Pobre Bahia.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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NOVA ORDEM MUNDIAL

O brutal enfraquecimento da Rússia permitiu a queda de Damasco, os rebeldes nunca seriam páreo para as forças russas. Nenhum porta-aviões americano foi enviado ao litoral da Síria, país classificado por Donald Trump como areia e morte. A desastrosa saída americana do Afeganistão marcou uma mudança de paradigma: a invasão da Ucrânia pela Rússia é resultado direto dessa nova ordem mundial, em que as grandes potências não vão mais salvar todo mundo. Se Trump cumprir a promessa de tirar os Estados Unidos da Otan, será uma questão de tempo para a Rússia iniciar a guerra de anexação até recompor o antigo mapa da União Soviética. O mundo está abandonando a ideia de globalização, a nova ordem mundial é cada um por si. Você, para mim, é problema seu. Ema ema ema, cada um com seu problema.

Mário Barilá Filho

São Paulo