Violência
Paulistanos apavorados
Assaltante chega atirando e mata ciclista para levar celular no Itaim-Bibi (Estadão, 14/2, A17). Vitor Felisberto Medrado, de 46 anos, sofreu um latrocínio ou uma execução? A filmagem mostra Vitor parado sobre sua bicicleta, desce o carona da moto, levanta o braço e dá um tiro, Vitor cai e o atirador se abaixa para pegar algo. A cena é brutal, mas remete a outras histórias que temos ouvido cada dia com mais frequência: primeiro atira, depois assalta. Violência pura. Sou de uma época em que até o bandido sabia haver limites que não devia ultrapassar. Isso não existe mais. Por quê? Por que essa mudança de comportamento? Sem o fortalecimento da perícia, do trabalho de legistas e da investigação, não descobriremos o que de fato está acontecendo. Sem a troca de informações entre polícias, Estados e Federação, não teremos dados confiáveis. Sem dados corretos e confiáveis, até a Justiça não consegue executar a contento seu trabalho. A quem isso interessa? Enquanto não temos a resposta, perguntamos: quem será a próxima vítima de latrocínio ou de execução? Aguardem, porque ela virá, isso é líquido e certo.
Arturo Alcorta
São Paulo
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Ciclista assassinado
Mais uma vítima da crescente violência que nos tira a tranquilidade. Até quando líderes de todos os segmentos vão ficar calados diante da escalada da violência? Não estamos perdendo nossa soberania para governos estrangeiros, mas para o crime. Não são soluções pontuais que resolverão o problema. Não sou especialista, mas vejo a necessidade de uma reforma no sistema penal. Não é possível as cadeias serem uma verdadeira universidade do crime e bandidos serem presos pela polícia para, logo depois, serem soltos pela Justiça. Meu filho sofreu um sequestro relâmpago há uns 18 anos, e foi aconselhado a não fazer o reconhecimento dos bandidos, pois eles logo poderiam voltar às ruas e ir atrás dele. Ele vive hoje na Europa e não tem a menor intenção de voltar ao Brasil, por causa da insegurança. Até quando vamos ficar calados? Temo, infelizmente, que estejamos muito próximos de um ponto de não retorno, se é que já não o ultrapassamos. Mobilizemo-nos!
Mário Corrêa da Fonseca Filho
São Paulo
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Confiança na impunidade
É com pesar que recebemos a notícia da morte de Vitor Felisberto Medrado, que foi alvejado enquanto parado sobre sua bicicleta, mexendo no celular, nos arredores do Parque do Povo. Hoje, confiantes da impunidade, vagabundos matam para depois roubar. O Brasil da ADPF das Favelas agoniza. O Brasil do auxílio-reclusão, a “pensão dos presos”, agoniza. O Brasil que teve de se acostumar com as saidinhas agoniza. O Brasil onde o crime organizado faturou R$ 186 bilhões em 2024 – e se fosse uma empresa listada na Bolsa de Valores seria a de 8º maior faturamento no ano – agoniza. O Brasil onde o Supremo Tribunal Federal anula a apreensão de 695 kg de cocaína por causa da ausência de mandado judicial na ocasião agoniza. Eu me pergunto se ainda podemos ter esperança ou se rumamos, oficialmente, para o narcoestado brasileiro.
Caio Ramos
São Paulo
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Poderes
Cada um no seu limite
Cumprimento este jornal pelo recente editorial O STF ideal e o real (5/2, A3), sobre os abusos do Supremo Tribunal Federal. Tanto direita como esquerda devem se movimentar, pois o hoje pode se tornar o amanhã para outras vertentes políticas. O ego de ministros se insuflou ao aparecer nos holofotes e eles agem como políticos, e não técnicos. Nossos legisladores, acovardados ou com o rabo preso, não fazem nada. Deveriam ser pressionados a tomar uma atitude. Um único ministro, indicado político, não pode com uma canetada reverter meses de debates de nossos verdadeiros representantes.
Giovani Deitos
Porto Alegre
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Guerra na Ucrânia
Grande Rússia
A História se repete, confundindo a farsa com a tragédia. O editorial Trump fará a Rússia grande de novo (Estadão, 14/2, A3) avalia muito bem o acordo de dois imperialistas para partilhar seu quinhão do mundo, custe o que custar em vidas, semelhante ao que outros mandatários fizeram no passado. Com este novo modelamento global, ditados foram subvertidos: o que é bom para eles não é tão bom para nós, e o negócio da China está ficando menos vantajoso. Parece que o único provérbio que se mantém é que a coisa está ruça.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
BÊNÇÃO E AULA PRÁTICA
A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, foi dar um passeio em Roma e será abençoada pelo Papa Francisco. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, mais perdido que o cachorro que caiu do caminhão de mudança, poderá, em um trajeto mais curto, em Buenos Aires, estagiar com Javier Milei, que, com radical redução da máquina pública, em um ano de governo, colocou a caótica Argentina de pé. Só assim Lula terá uma aula prática de governar. Coisa que, com dez anos na presidência, ainda não aprendeu. Será que um dia Lula será capaz de amenizar a crítica situação brasileira criada por ele mesmo?
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
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EXCURSÃO PRESIDENCIAL
É um acinte para com a sociedade um presidente da República sair pelo País, mais de um ano e meio antes das eleições, em busca da popularidade perdida, e, o pior, em busca de votos. A fome de poder é maior do qualquer resquício de responsabilidade. Se já não tínhamos um presidente de fato, agora temos um marqueteiro sentado na cadeira presidencial ditando os rumos do país. É ele o responsável por dar um chapéu na sociedade e avacalhar a democracia criando um boneco de ventrículo e exibi-lo em excursão mambembe com o dinheiro do contribuinte.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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INTROMETIDO
O presidente Lula parece que não sabe o regime em que se encontra o Brasil. Desde 1889 somos uma República, e, após a revisão da constituição de 1980, o povo escolheu o sistema presidencialista. Não estamos em uma monarquia absolutista. Como afirmar que o Ibama está contra o governo? O governo não é a pessoa do presidente. O Ibama é um órgão técnico de estado que trabalha para proteger o meio ambiente das loucuras desenvolvimentistas dos políticos de plantão. Lula tem a mania de se intrometer em quase tudo: quis se meter na Vale, na Petrobras, no Banco Central, agora no Ibama e sabe-se lá onde mais vai querer se intrometer. Que coisa. Ele deveria se preparar mais tecnicamente, porque a política não pode ser over dose em tudo que se decide no Poder Executivo.
Mário Negrão Borgonovi
Petrópolis (RJ)
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CASAS LEGISLATIVAS
A recente renovação dos presidentes da Câmara e do Senado foi aquilo que se diz na expressão popular: “troca de seis por meia dúzia”. Ao que parece, continuará a velha política do “toma lá, dá cá”, já que ambos não demonstram isenção e liderança capazes de impor uma nova dinâmica naquelas Casas Legislativas.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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IBAMA
Leio que Trump suspendeu a parceria com o Ibama para prevenir incêndios florestais. Se o governo americano suspendeu a assistência internacional que previne incêndios, como se explica o país pegando fogo e nenhuma medida adotada em relação aos criminosos? Ninguém foi punido e até agora não se sabe que pena aplicar. Depois, o Brasil se revolta com o presidente dos EUA. Ocorre que lá alguém segue o dinheiro e vê o que é feito com ele. Nesse caso, caberia ao Ibama dizer quanto recebeu e onde foi aplicado, pois certamente para prevenir incêndios não foi. Que vergonha, Brasil. Como é possível perder uma parceria dessas. Depois, Trump que é o errado.
Izabel Avallone
São Paulo
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ÓLEO NA AMAZÔNIA
O primeiro passo para explorar petróleo na Amazônia passa pelo esclarecimento do desastre que houve no litoral do Nordeste. O festival de mentiras que o governo Jair Bolsonaro apresentou na época não convenceu ninguém: o óleo derramado não veio da Venezuela e nem de algum navio fantasma da África. Um desastre na Amazônia semelhante ao derramamento no Nordeste seria uma sentença de morte para o maior rio do planeta.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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ÍNDICE DA CORRUPÇÃO
Dos 180 países listados no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional, o Brasil, com muita boa vontade, ficou na 107.ª posição na edição do ano passado. Na verdade, a luta contra a corrupção é inglória. Os brasileiros de bem não têm ferramentas para enfrentar as autoridades dos Três Poderes e colocar ordem na Casa. Quando um figurão vai para a cadeia, aparece um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), imagina algum erro processual e o coloca livre, leve e solto, como uma terra sem lei. É inconcebível que réus confessos apresentem documentos detalhados que comprovam a corrupção no País, sejam colocados fora da cadeia. É uma vergonha para o Brasil e seu povo serem comparados à Turquia, Níger, Nepal, Argélia, Malauí e Tailândia. Afinal, o presidente Lula conhece muito bem todos esses meandros sombrios, e, assim, la nave vá.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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CORPORATIVISMO ENTRE COMPONENTES
Abro o jornal e leio que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a investigação de seis anos da Polícia Federal (PF) que apurou diversos indícios de desvios nos R$ 900 milhões destinados à saúde em Goiás, praticados pelo ex-governador desse Estado, Marconi Perillo. Ufa. Viro a página e leio que, segundo a ONG Transparência Internacional, o Brasil voltou a ser visto como lugar bom para corruptos. Nossa. Quantas coincidências. Desse jeito, vamos acabar concluindo que existe algum tipo de conluio ou corporativismo entre os componentes dos Poderes da República no que tange a elaboração, aplicação e execução das leis.
Marcelo Gomes Jorge Feres
Rio de Janeiro
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FICHA LIMPA
Nenhuma novidade ver o Brasil cair para 107.° no ranking de percepção de combate à corrupção, já que grande parte do atual executivo foi indiciado por corrupção, inclusive o próprio presidente Lula da Silva. Agora, então, com o Congresso querendo mexer na lei da Ficha Limpa, diminuindo de oito para dois anos o impedimento para que corruptos concorram a eleição, nos dá a certeza de que os políticos brasileiros estão com inveja da Tailândia, Argélia e Turquia, países sempre marcados como muito corruptos. Querem ganhar deles.
Beatriz Campos
São Paulo
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GUERRA COMERCIAL
Reconhecido o início do declínio do outrora indiscutível e poderoso império americano, o presidente Trump logrou ser reeleito para o segundo mandato com o mote Make America Great Again (MAGA) – a promessa de reconquistar a predominância norteamericana no cenário mundial e recolocar o país no papel central de controlador imperial do planeta, em uma repetição de gestos semelhantes aos mandatários populistas mundo afora, entre os quais, Hitler na Alemanha de 1933. Como bem disse o jornalista William Waack no artigo O Brasil diante de Trump (Estadão, 13/2, A8): “Trump não faz mais distinções entre amigos e inimigos e abraçou a ideia de que o declínio americano teria sido causado pelo livre comércio.(...) Trump não dá indicações de perceber que o imenso vigor da economia americana e sua capacidade de inovação estão associados a um sistema internacional que depende de regras,cooperação, integração e essencialmente de alianças”. Com efeito, ao fim e ao cabo de sua declaração de guerra comercial de tarifas contra o mundo, cabe dizer que o jogo de Trump é de alto risco e o tiro poderá sair pela culatra, isolando os EUA como uma ilha. A ver nos próximos quatro anos.
J. S. Vogel Deco
São Paulo
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COMÉRCIO INTERNACIONAL
Em relação ao artigo Lei da Selva no comércio internacional (Estadão, 11/02, A5), gostaria de tecer os seguintes comentários: o mundo parece estar entrando em uma nova era de protecionismo, caracterizada pela formação de novos – e muitas vezes antagônicos – blocos econômicos, políticos e militares. A utilização da coerção vem ao encontro da defesa dos interesses da União Europeia. Entretanto, como o Brasil é parte do Mercosul, não seria tão fácil alterar unilateralmente apenas as nossas tarifas de importação, tendo em vista a existência dos compromissos formalmente firmados com os demais membros em relação à Tarifa Externa Comum (TEC). Espero que não esteja sendo aventada no artigo a hipótese do Brasil também aderir à guerra comercial em seus próprios termos, ignorando por completo os demais membros do Mercosul. Desse modo, a exemplo da União Europeia, o ideal seria que, apesar de ser uma união aduaneira imperfeita, o Mercosul discutisse com urgência as ações que tomará – ou não – em relação aos desafios que a nova ordem mundial apresenta.
Fernando T. H. F. Machado
São Paulo
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DONALD TRUMP
O que fazer com o Trump? Quando aconteceu a covid-19, o mundo parou para pensar o que fazer, como enfrentar o problema, qual a saída. Agora, acontece o mesmo com o presidente dos EUA, que, agindo de forma incomum, tem o poder de uma nação poderosa nas mãos. O homem é egocêntrico e não vê limites para seu poder e ganância, na teoria de que o dinheiro pode mudar o eixo econômico e político do mundo. Teremos vacina contra esse vírus? A China já deve estar desenvolvendo uma, com certeza.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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DEMISSÃO EM MASSA
Na terça-feira passada, 11/2, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que estabelece um plano de demissões em massa, liderado por Elon Musk, que ficará à frente do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge). O documento determina que todas as agências federais devem colaborar com Musk, que terá a responsabilidade de revisar a folha de pagamento e decidir quais cortes serão realizados. O precitado decreto deveria ser imitado e exarado em nosso querido país, que, ao reverso, tem aumentado a contratação de funcionários públicos, cujos pagamentos, evidentemente, serão feitos às custas do erário, ou seja, do que pagamos de impostos, tributos e taxas.
Fernando Geribello
São Paulo
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INDÚSTRIA NACIONAL
O protecionismo já foi uma política econômica adotada no Brasil. O pressuposto era de que a oferta de produtos importados estaria a desfavorecer o crescimento da indústria nacional. O limite de importações, ao contrário, impulsionaria a produção interna, geraria emprego e renda, e por consequência mais atividade industrial, a paulatinamente romper com o círculo vicioso da dependência externa. Apesar de ter promovido a criação de um parque siderúrgico e uma indústria automobilística forte, e a adquirir relativa autonomia no campo da prospecção e extração de petróleo e gás, o projeto desenvolvimentista foi, no entanto, abandonado devido a um complexo de fatores ainda passível de estudo e discussão. A atual aflição do País ante a perspectiva de taxação de exportações de aço para os Estados Unidos evidencia, no entanto, que continuamos a ser uma economia dependente da exportação de matéria-prima, algo bem próximo, ainda, do extrativismo dominante na era colonial.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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INCÊNDIO NO RJ
O prefeito Eduardo Paes, da cidade do Rio de Janeiro, disse que as escolas de samba que perderam fantasias no incêndio de uma fábrica de confecção, não serão rebaixadas. Está jogando para a plateia. Fazendo cortina de fumaça. Deveria dizer, isso sim, por que a Prefeitura concedeu licença a uma fábrica que, segundo laudo dos bombeiros, não reunia condições para funcionar. Isso é o que ele tem que explicar. E não falar abobrinhas.
Panayotis Poulis
Rio de Janeiro