Eleições no Congresso
Continuidade pegajosa
As escolhas de Hugo Motta e Davi Alcolumbre, este pela segunda vez, para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, explicitam uma continuidade pegajosa que contempla linhagens há muito influentes na política. Ambos estão pendurados nos ramos mais recentes das suas árvores genealógicas, semeadas há várias décadas nos respectivos redutos eleitorais, controlados até hoje por membros dessas famílias. Tal cenário é legal, posto que desdobrado dentro das “quatro linhas” da democracia. Porém, vamos combinar, tem pouco substrato moral, uma vez que põe por terra a médio e talvez longo prazo qualquer esperança de renovação do Parlamento pela qual a sociedade tanto implora. E assim o Brasil carimba mais um trágico travamento e às vezes até exibe uma volta para o passado. Há esperança de que algum dia ocorra um freio de arrumação e realoque os passageiros? Quase nenhuma.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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Promessas
Todos os candidatos falando em transparência, ética, respeito às hierarquias, mas o que vai valer mesmo são os costumes. Principalmente os pagamentos das promessas. Boa sorte, Brasil.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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Emendas parlamentares
Nada mudará com a mudança da presidência do Senado e a da Câmara. Sua independência do Executivo será entregue pelas emendas parlamentares apresentadas. Pobre país.
Mario Cobucci Jr.
São Paulo
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Estatais
Déficit de R$ 8 bilhões
Está tão banalizada a notícia de que estatais – sob o comando petista – dão prejuízo, que o assunto nem é mais matéria de primeira página. O Estadão registrou, com dados do Banco Central, que o déficit dessas empresas em 2024 foi o pior da série histórica iniciada em 2002 (1/2, B4). Apesar dos números assustadores, fruto do uso político e do aparelhamento dessas instituições, não se vê nenhuma reação por parte do Congresso ou de líderes sindicais que veem suas fontes de trabalho se corroerem pela incompetência ou pelo uso político-partidário dessas empresas. Aqui vale lembrar o economista sênior da OCDE, Hans Christiansen: “A chave para blindar as estatais de interferências é o fortalecimento dos Conselhos de Administração (CAs)”. Como sou um idoso repetitivo, enfatizo novamente a óbvia solução apartidária ao crônico problema: as estatais pertencem ao Estado, e não aos governos. Por essa premissa, o Executivo deve-se limitar a indicar apenas um terço do seu CA. Os demais postos serão ocupados por membros natos representando entidades com interesse no desenvolvimento e perpetuidade da companhia. Com esse simples dispositivo legal, empresas estatais europeias se mantêm profissionais, competitivas e distantes dos espúrios interesses dos políticos e partidos. Para um país sério, não há alternativa: ou se privatiza ou se estatiza de fato.
Nilson Otávio de Oliveira
São Paulo
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Justiça Eleitoral
Garantidora da democracia
A imprensa livre e soberana é um dos pilares da democracia, auxiliando a Justiça Eleitoral não só na checagem de fatos e boatos, mas principalmente na responsabilidade de ser fiel guardiã do Estado Democrático de Direito. Em contrapartida, a Justiça Eleitoral também o é, e por isso merece, igualmente, o respeito da sociedade. Não é correto editorial publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo que define a cassação da deputada Carla Zambelli pelo TRE-SP como “mais um caso que se insere no rol de abusos cometidos pela Justiça Eleitoral” (1/2, A3). Decisão judicial, por obviedade, sempre agradará um e desagradará outro. Em uma democracia, pode-se criticar livremente qualquer decisão judicial. Agora, é preciso ter responsabilidade para não insuflar a população contra o Poder Judiciário como um todo, minando um dos pilares do Estado Democrático de Direito no Brasil. A Constituição federal, expressão máxima da vontade do nosso povo, concedeu à Justiça Eleitoral o papel de garantidora da lisura do processo eleitoral, bem como da equidade de condições entre os seus candidatos para que, de fato, o resultado da eleição seja reflexo da soberania popular. Qualquer cidadão que discordar de uma decisão judicial tem o direito constitucional de recorrer na Justiça. É assim que funciona em uma democracia.
Silmar Fernandes, presidente do TRE-SP e do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (Coptrel)
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
MAIS ESSE SAPO
Com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, Lula da Silva e seu português casto disse em entrevista: “Afinal, uma pessoa que tem experiência em lidar com o Banco Central, como eu tenho, tem consciência que o presidente do BC não pode dar um cavalo de pau num mar revolto, de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida dos juros pelo outro presidente e Galípolo fez aquilo que entendeu o que ele deveria fazer. Nós temos consciência de que é preciso ter paciência. Eu tenho 100% de confiança que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juro menor”. E engoliu mais esse sapo populista. Na verdade, não se trata de um cavalo de pau, mas sim, de um grande cara de pau. Ora, além de ser impossível dar um cavalo de pau num mar revolto, os mais vulneráveis querem é comida barata na mesa e não tentativa de baixar os juros do empréstimo consignado, para se endividarem ainda mais. Gilberto Kassab está certo.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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PATÉTICA
Chega a ser patética a declaração de Lula da Silva sobre o aumento da Selic pelo novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Quando Roberto Campos Neto aumentava a Selic, Lula o criticava dizendo que ele era contra o Brasil. Nem o tratava pelo nome, era o cidadão, aquela pessoa. Agora, ele diz que Galípolo “não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra”. Quer dizer que o mar está revolto, presidente? Lula disse também que “tenho certeza de que ele (Galípolo) vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”. Só dando risada. É o contrário. É o governo que tem que criar condições para que o Banco Central volte a reduzir os juros. Lula não é burro, mas acha que nós somos.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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CORAGEM
Lula, em entrevista coletiva, afirmou: “que é fácil disseminar mentiras na internet e difícil ter coragem para ir às ruas conversar com a população”. Creio que seja difícil ter coragem para ir às ruas conversar com a população, pois o presidente demonstra não ter. Coragem, companheiro.
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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CORTINA DE FUMAÇA
Lula diz que ‘vai criar um País de classe média’ e afirma que não haverá irresponsabilidade fiscal (Estadão, 30/1). Lula, o falastrão, em dois anos de mandato não cumpriu nenhuma de suas promessas, e precisa entender que falar, até papagaio fala e o vento leva. Lula Robin Hood da Silva precisa esclarecer melhor como fará para tirar dos ricos para dar aos pobres, criando um País só de classe média. Tudo indica que é mais uma promessa irresponsável do fanfarrão, na tentativa de criar uma cortina de fumaça que oculte sua gestão medíocre.
Maurilio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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FORA DO PADRÃO
‘Já estou preparado’, diz Bolsonaro sobre sua prisão (Estadão, 31/1, A11). Bolsonaro teria que ser preso por não roubar dinheiro público, ou, por não ter desviado nenhuma moedinha do erário. Esses seriam os motivos que estariam dentro da normalidade, mas, Bolsonaro é um político fora do padrão, até para ser preso.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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REPRESENTANTES
Eleitores para 2026, vamos escolher melhor os nossos representantes na Câmara dos Deputados e Senado Federal. A única coisa discutida foram as emendas secretas e as Pix, sem prestação de conta dos nosso dinheiro dos impostos. A única esperança é que a Polícia Federal, com ajuda do Judiciário, possa descobrir em que foi gasto tanta grana, são bilhões.
Humberto Cícero de Cerqueira
São Paulo
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MEDIDA SANEADORA
A cassação da deputada Carla Zambelli pelo Tribunal Eleitoral de São Paulo é uma medida saneadora que dignifica e exalta o exercício da politica no País.
Sylvio Belém
Recife
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ACIDENTES AÉREOS
Vários acidentes aéreos de aviões e helicópteros têm ocorrido nos últimos tempos no Brasil e exterior, indicando que as bruxas em suas vassouras voadoras estão soltas pelos ares. Todo cuidado será pouco. Xô, zica.
J. S. Decol
São Paulo
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FAIXA DE GAZA
As imagens do resgate dos reféns israelenses pelo Hamas na faixa de Gaza são dramáticas; pergunto: por que não fazer o resgate com helicóptero? As pessoas seriam içadas do local rapidamente e em segurança.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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UM LUGAR BOM PARA VIVER
Após a praga da covid-19 e a praga do celular com internet, 8 bilhões de terráqueos enlouqueceram. Todos conectados e todos solitários, com um celular numa mão e um cachorro na outra. “Todos correndo, em louca disparada, para quê? Para nada!”, conforme dizia o poeta Ascenso Ferreira, sobre os gaúchos e seus cavalos. O planeta Terra deixou de ser um lugar bom para viver.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre