Tentativa de golpe
Idas e vindas
Das múltiplas versões e entrevistas dadas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), a única certeza é a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro em reunião conspiratória para atentar contra o Estado brasileiro. Se naquele momento ele foi ativo ou passivo, parece quase irrelevante diante da gravidade do fato. No entanto, a rapidez com que o ainda senador mudou o relato e incluiu outros personagens íntimos ao ex-presidente indica outra articulação: a de salvar sua pele ou a de aumentar seu passe. Nessas idas e vindas, ele afirmou que não poderia dar detalhes por causa de “sigilo” e por razões de “inteligência”, e que o faria na CPI – como se a instalação de uma comissão já fosse certa. Mencionou que seu relato em juízo (ou na tal CPI) levaria à responsabilização do atual governo pelos atos de 8 de janeiro, o que começa a beirar o delírio. Outra hipótese é tudo ser cortina de fumaça para que “cesse tudo que a musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta”, pedindo perdão a Camões. Definitivamente, neste ano o Brasil começou bem antes do carnaval.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
*
Vai bombar?
Diante dos confusos e conflitantes depoimentos do senador Marcos do Val sobre o resultado da eleição de outubro passado, turbinados pelo anúncio de sua renúncia ao cargo, desdizendo-se na última versão midiática, podemos antecipar que 2023 vai bombar na política, vez que, poucas horas após a reeleição de Rodrigo Pacheco no Senado o Brasil conheceu um youtuber dois em um, ao estilo Janones, com pitadas de Luis Miranda? Este Marcos é do Val ou de quê? Do mau?
Celso David de Oliveira
Rio de Janeiro
*
Roteiro
O senador Marcos do Val, com esta história de plano golpista, já pode ser contratado para ser roteirista de ficção em Hollywood. Que imaginação!
Vital Romaneli Penha
Jacareí
*
Trapalhões
Acompanhando o noticiário atualmente, penso estar assistindo a um filme de gângsteres trapalhões. Marcos do Val, Daniel Silveira, Anderson Torres, Valdemar Costa Neto, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro, que ridículos!
Cecilia Centurion
São Paulo
*
Bananas
Eliane Cantanhêde me divertiu muito com sua coluna Do drama à comédia (Estadão, 3/2, A8). Um dos melhores e menos vistos filmes de Woody Allen, Bananas, não tem um roteiro tão interessante como o dos fatos dos últimos quatro anos no Brasil. O que impressiona é que poucos participaram do filme de Allen e os que o viram o fizeram como assistentes, na plateia. Já o número de extras que o roteiro da nossa “República de bananas” usou para sua realização chega à metade de uma população.
Carlos Ritter
Caxias do Sul (RS)
*
Gênios golpistas
O golpe não está rolando por falha dos tipos que o pregam. A exemplo do mito que veneram, são ignorantes de leis, de economia, cenário mundial, história, etc. Sabem dar trambiques, mas, quando as leis penais que infringem e a Polícia Federal são acionadas, agem como o personagem do célebre samba de Bezerra da Silva: sem o revólver na mão, rebolam, falam fino, choram, simulam doenças e deduram a quadrilha.
João Bosco Egas Carlucho
Garibaldi (RS)
*
Lula
De novo a reeleição
Na campanha, Lula disse que não seria candidato à reeleição. Agora, pouco mais de um mês na Presidência, ele diz: “Se chegar no momento, sabe, e estiver uma situação delicada e eu estiver com saúde, porque também só posso ser candidato se eu estiver com saúde perfeita, sabe?”. Quanto a ele ter saúde até 2026, só o tempo vai dizer. Tomara que sim. Quanto ao País estar numa “situação delicada”, significa que Lula se acha o único salvador da Pátria e cabe a ele decidir que os candidatos adversários sejam aceitos por ele mesmo, e não é para rir. Afinal, só Lula pode salvar nossa democracia. Só Lula pode derrotar o bolsonarismo. Só Lula pode. Do que se conclui que Lula não se acha Deus, está acima dEle. Será que ele não está precisando de um psicólogo?
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
*
Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
SENADOR MARCOS DO VAL
Seria bom o senador Marcos do Val explicar por que mudou a versão de sua conversa com Jair Bolsonaro sobre a tentativa de golpe de Estado e o que o levou a falar com o ex-presidente. É mais do que evidente que sabia perfeitamente o motivo de sua presença juntamente com o ex-deputado Daniel Silveira na visita a Bolsonaro. Aliás, com certeza ele conhece muito bem a figura notória de Daniel Silveira e sabia do propósito da tentativa de golpe. Um senador de verdade não pode ser tão cara de pau perante todo o Brasil. Seja homem, senador.
Ademir Valezi
São Paulo
*
ENSAIO DE GOLPE
Inconsistências à parte, os relatos do senador Marcos do Val (Podemos-ES) indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou a aliados, após a derrota nas eleições, um plano para tentar prender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e evitar a posse de Lula da Silva na Presidência. Os atos de Bolsonaro deveriam ser encarados como uma tentativa de golpe de Estado, que merece ser investigada rapidamente, não somente para punir os participantes, além de Bolsonaro, mas para tomar providência para que algo parecido não aconteça nunca mais. A ironia cruel é que a profecia sobre as três alternativas no futuro, “preso, estar morto ou a vitória”, foi do próprio capitão.
Omar El Seoud
São Paulo
*
MAU EXEMPLO
Marcos Do Val e Daniel Silveira, dois símbolos, dois exemplos a não serem seguidos por nenhum político que prese o país em que vive.
Virgílio Melhado Passoni
Jandaia do Sul (PR)
*
ABSURDA CHANCHADA
Do drama à comédia (3/2, A8) é o genial resumo da absurda chanchada, encenada por um bando de canastrões de quinta categoria tentando dar um golpe de Estado, feito por Eliane Cantanhêde, em histórica e bem-humorada coluna, como só mestres do jornalismo conseguem escrever. “Nunca, em tempo algum, um golpe foi tão ridículo, com personagens tão absurdos” é uma das pérolas da colunista do Estadão.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
*
REAÇÃO DESPROPORCIONAL
Creio que as constantes operações da Polícia Federal, por ordem de nosso ministro Alexandre de Moraes, estão um tanto desproporcionais contra alguns baderneiros, gerando medo e incerteza para alguns direitos inquestionáveis de liberdade e livre expressão, previstas em nossa Carta Magna, para aqueles que não participaram, não incentivaram e criticaram os atos do dia 8. Na verdade, como a jornalista Eliane Cantanhêde denominou, tratou-se de uma das tentativas de golpe mais ridículas de nossa história. Já tivemos guerras ridículas, como a Guerra das Lagostas em 1961, mas não me recordo de algo tão ridículo como ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023. Os prejuízos materiais foram significativos, é verdade, e é inquestionável que serão cobrados junto aos irresponsáveis. Mas, por outro lado, provocaram uma reação da sociedade de proteção da democracia e uma direção aos rumos da paz em que os direitos individuais básicos de defesa e livre manifestação precisam ser respeitados, não importa serem de esquerda, direita ou centro.
Jose Rubens de Macedo Soares
São Paulo
*
DECORO E DISTANCIAMENTO
Ministros da Corte Suprema – aparentemente infensos a críticas contrapostas a aspectos de sua atuação – reincidem em comportamentos pouco ou nada compatíveis com o cargo que ocupam, emitindo declarações fora de sua órbita de competência, ou participando em eventos da esfera privada, possíveis de comprometer a imparcialidade de suas decisões. Nas vésperas das votações para o comando das Casas Legislativas, alguns teriam mantido contato com membros do Parlamento, em apoio a determinados candidatos, por receio de serem alvo de futuros processos. O Estadão noticiou que o ministro Alexandre de Moraes afirmou que “o que não é oficial para mim não existe”, durante sua participação online em seminário organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Lisboa – o mesmo, aliás, que patrocinou recente encontro em Nova York, inclusive diárias de ministros tais como Gilmar Mendes, o próprio Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, autor da frase, “icônica”, “perdeu, mané”. Autoridades máximas do Poder Judiciário deveriam manter apropriado decoro e distanciamento, a fim de que nosso sofrido país possa reencontrar o equilíbrio perdido, inerente ao adequado funcionamento do sistema de freios e contrapesos, imprescindível à sustentação do verdadeiro Estado Democrático de Direito.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
*
LIDE BRAZIL CONFERENCE
Na Lide Brazil Conference, em Lisboa, com a presença de autoridades, empresários, investidores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE, estes com segurança reforçada (por quê?), Gilmar Mendes disse que o Brasil estava sendo governado por gente do porão, da milícia do Rio de Janeiro. O que é isso, ministro? Qual o prazer que os supremos ministros têm ao falar mal do Brasil no exterior? Está no contrato? Nos autos? Gilmar, em razão da triste história que a atual composição do STF está escrevendo em seus anais, nas mesmas águas lusitanas, estaria um brasileiro ameaçado de prisão se divulgasse para a mídia internacional que o STF é a lixeira da Justiça brasileira?
Celso David de Oliveira
Rio de Janeiro
*
FALAS DE LULA
As falas de Lula são uma sucessão de pesadelos que fazem temer por sua condução do País. Equiparou a chanceler da Alemanha com um ditador da América Central, não define seu programa para a economia, mas critica a independência do Banco Central, chama de golpe o impeachment de Dilma Rousseff, que foi uma decisão do Congresso de acordo com a legislação. A reforma trabalhista, que aperfeiçoou a legislação de Getúlio Vargas feita nos anos 1940, é criticada. Em vários discursos, ele sobe no palanque como se ainda estivesse em campanha em vez de mostrar uma visão estratégica para o nosso país. Passou toda a campanha afirmando que não vai se candidatar para mais um mandato e agora, um mês depois da posse, muda de ideia e pretende continuar com 81 anos de idade. Socorro.
Aldo Bertolucci
São Paulo
*
CARTAS VICIADAS
Em 1.º de fevereiro, foram eleitos os presidentes do Senado e da Câmara federal, que, juntos, formam o chamado Congresso Nacional, mas que deveria ser grafado em minúsculas diante da categoria de políticos ali agrupados em 613 nomes, que será difícil crer que dali pode sair trabalhos para melhorar o País. O problema para que Lula pudesse ter o local como auxiliar de seu “governo” levou-o a bancar duas figuras que nunca saberemos quanto custou ao País a escolha, até porque o “presidente” cheio de pose acredita que comprou os nomes, mas a realidade é que se tornou refém desses que a cada votação de interesse ao governo lulista será cobrado o apoio. Enfim, o jogo está jogado, mas com cartas viciadas desde sempre. Não bastasse isso aí, Lula, que até agora nada fez pelo País a não ser ficar boquejando contra o governo anterior, admite uma reeleição. Como sempre, diz só concorrerá aos 81 anos anos se estiver com saúde perfeita, energia de 40 e tesão de 30. Como ficam aqueles eleitores que votaram nele por dois motivos: primeiro para evitar que Bolsonaro fosse reeleito e depois por acreditar na sua promessa de que se eleito não mais concorreria à reeleição?
Laércio Zanini
Garça
*
MÁ NOTICIA
Lula da Silva, que não largou a “falação” e ainda se mantém na “omissão”, já está pensando na “reeleição”. Seria cômico se não fosse uma má notícia. Na verdade, sua promessa de campanha era de exercer só esse mandato, mas agora disse que, se tiver saúde e se o contexto político for favorável, por que não? Os brasileiros não querem torcer contra a sua saúde. Nos poupe, Lula.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
*
A ECONOMIA COMO ELA É
Em entrevista à Rede TV o presidente Lula comparou, indignado, a reação do mercado financeiro à divulgação do rombo da Americanas com anúncios de propostas do governo para a área social. Segundo ele, o mercado fica nervoso quando se trata de melhorar a vida dos pobres, mas pouco se importa com o desfalque da varejista. Bem, para começar, o mercado reagiu pouco até agora ao rombo da Americanas pois não se sabe ainda o que aconteceu ao certo e como será resolvida a questão. Agora, cada vez que o presidente manifesta intenção de aumentar a meta de inflação, estimular o consumo, promover o equilíbrio fiscal sem dizer como vai fazê-lo e arremata declarando antipatia pela independência do Banco Central, o mercado antevê a possibilidade de uma hecatombe e reage mal, com razão. “Por que tanto amor pelos grandes e tanto desinteresse pelos menores?”, pergunta Lula. Não é questão de amor, interesse, desinteresse ou preconceito. É a economia como ela é.
Luciano Harary
São Paulo
*
FRAUDES CONTÁBEIS
Fraudes contábeis bilionárias estão aflorando com mais velocidade do que as narrativas para explicar que não passam de obra do acaso.
Jorge A. Nurkin
São Paulo
*
VIVA GLÓRIA MARIA
Exaltar profissionais como Glória Maria é dar mérito à competência de profissionais diferenciados em suas carreiras. Ela sabia que como mulher e negra teria que fazer mais que outros. Seus medos e indecisões teriam que ser sublimados para vencer. Venceu sem chorar, sem implorar. Seu diferencial foi a pura competência, a intuição na entrevista, o preparo no estudo do jornalismo. Nunca foi piegas. Fez o seu melhor e foi reconhecida como a melhor. Os demais atributos lhe foram supérfluos. Usou seu direito ao ser barrada em hotel, sem fazer prosopopeias. Quem é competente não sofre com as pedras no caminho. Competência reconhecida se homenageia. Viva Glória Maria!
Sergio Holl Lara
Indaiatuba
*
LEGADO DE COMPETÊNCIA
Glória Maria partiu feliz. Deixou legado de competência, firmeza de atitudes, carisma, sabedoria, energia, solidariedade, respeito e amor ao jornalismo. Já montou estúdios do Globo Repórter no condomínio das estrelas e pautou o Todo Poderoso e Pelé para saber das novidades.
Vicente Limongi Netto
Brasília
*
GLÓRIA
Jornalismo de excelência, eclética, ousada com texto e interpretação magistral, deixando um grande legado se despede aos 73 anos a nossa brasileiríssima Glória Maria. Em mais de cinco décadas de trabalho na TV Globo, foi a primeira mulher negra repórter e apresentadora do Jornal Nacional. Mesmo com atos de racismo que também sofreu por ser negra, forte, mantinha um sorriso encantador. Que Glória! Que vá em Paz, essa amiga do Brasil.
Paulo Panossian
São Carlos