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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores

Guerra comercial

Nero da Roma moderna

O presidente dos EUA, Donald Trump, ignorou dados de grande importância ao taxar os produtos importados da China, a segunda maior potência planetária, em exorbitantes 34% (Estadão, 4/4, B1). Em 2023 o país asiático foi a segunda maior fonte de importações dos EUA e o terceiro maior mercado de exportação depois do Canadá e do México. Por oportuno, cabe reproduzir o que bem disse o editorial Trump e o ‘Grande Salto para Trás’ (Estadão, 5/4, A3): “‘Muros’ e ‘proteção’ estão por toda parte na agenda trumpista. Não só nas suas políticas comerciais, mas geopolíticas, imigratórias e culturais, Trump está sempre obstruindo fluxos de ideias, contatos, alianças. ‘A essência da agenda de Trump poderia ser: não gostamos desses malditos estrangeiros’, resumiu o articulista do The New York Times David Brooks”. Os EUA são uma nação que foi erguida por estrangeiros e, como todas as grandes nações da História, fizeram-se grandes por meio de negociações com outras nações. Logo, o isolacionismo não fará o país grande de novo. E se os EUA renunciarem às razões de sua grandeza, o resto do mundo não precisará seguir esse caminho. Se as nações amigas do livre mercado souberem reverter a fragmentação e cimentar blocos cada vez maiores e baseados numa competição justa e aberta, terão a chance de trazer os EUA de volta à razão e disciplinar o capitalismo do Estado chinês para benefício de todos. Do contrário, elas serão, para triunfo de Trump, artífices do fim da globalização. Ao fim e ao cabo, Trump será lembrado como o Nero que incendiou a Roma moderna. Quem sobreviver verá.

J. S. Vogel Decol

São Paulo

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CBF

Benesses

A notícia de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sob a gestão de Ednaldo Rodrigues aumentou o salário mensal que concede aos presidentes das federações estaduais de futebol de R$ 50 mil para R$ 215 mil é estarrecedora (Estadão, 5/4, A21). Daí se explica por que os cartolas ainda se mantêm no poder enquanto o nosso futebol vai de mal a pior.

Sylvio Belém

Recife

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Pacaembu

Altos decibéis

Afinal, para que servem a lei de zoneamento e a de tombamento, que preserva os direitos de quem reside num bairro tombado pelo patrimônio histórico? O Estádio do Pacaembu, em São Paulo, é um incansável gerador de ruídos de altos decibéis, incompatíveis com um bairro residencial, tombado e outrora tranquilo. Em dias de shows e jogos, as ruas antes calmas ficam intransitáveis, com veículos estacionados nas portas das casas, impedindo a entrada e a saída de moradores. A qualquer dia e hora se pode ouvir o barulho causado por centenas de cidadãos que chegam aos eventos ou saem de lá.

Vera Bertolucci

São Paulo

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Poder Judiciário

Benefício a juízes auxiliares

A obsessão negativa de O Estado de S.Paulo em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) tem levado o jornal a repetidamente informar mal os seus leitores sobre o que acontece. A manchete Barroso cria novo benefício de R$ 10 mil mensais para juízes auxiliares de ministros do STF é simplesmente incorreta. Primeiro, porque não é o presidente do Supremo que pessoalmente decide. As decisões são colegiadas. Mas essa não é a questão principal. O ponto central é que não houve criação de qualquer novo benefício, apenas a mudança burocrática de um benefício que existe de longa data. Trata-se de benefício pago a juízes que são requisitados dos seus tribunais de origem, passam a trabalhar longe da família e passam a ter novas despesas, como o pagamento de aluguel. A vida no serviço público já é difícil o suficiente para ainda ter de conviver rotineiramente com a maldade.

Luís Roberto Barroso, ministro presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça

Brasília

N. da R. – Sobre o primeiro ponto, o ato que criou o novo benefício é assinado apenas pelo presidente do Supremo. Em relação ao segundo, o novo penduricalho tem natureza diferente das diárias que eram pagas, deixando de exigir, por exemplo, que o juiz requisitado para trabalhar na Corte tenha necessidade de viajar para Brasília ou declarar os dias em que está no tribunal. Antes, havia a possibilidade de um juiz receber até dez diárias, mas poderia ser menos. Agora, o magistrado vai ganhar R$ 10 mil a mais no contracheque mesmo que não precise ir a Brasília.

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

ALTERNATIVAS

O tarifaço de Donald Trump pode ser uma oportunidaça para o Brasil. Melhor do que a retaliação, que pode gerar novas taxas – afinal de contas, do outro lado está um louco desvairado –, que tal trabalhar para que novos parceiros e novos mercados descubram no Brasil uma saída para boicotar produtos americanos? O Canadá já está fazendo isso. O México está a caminho. Com a Europa, a China e demais países asiáticos sendo taxados da maneira que foram, o mundo vai ter que encontrar outras alternativas. Uma delas, por que não, o Brasil. Sabe aquela expressão: em vez de chorar, vender lenços? É isso.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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EFEITO ORLOFF

O tarifaço do presidente Donald Trump protegendo a indústria dos Estados Unidos em relação ao Brasil, que há tempos tem tarifas protetoras a indústria nacional, é o efeito Orloff: “Eu sou você... amanhã.”

Vital Romaneli Penha

Jacareí

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LEI INTERNACIONAL

A Lei antitruste brasileira, de 2011, foi regulamentada para prevenir e reprimir abusos econômicos de empresas ou pessoas que atuam no mercado nacional, prejudicando a concorrência e o consumidor. Uma nova lei antitrump precisa ser criada com o mesmo objetivo, agora internacional, para atingir o presidente (ou o país) que entenda que a lei é boa quando a negociação só beneficia seu próprio interesse. It is ok, Donald Trump?

Carlos Gaspar

São Paulo

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POLÍTICAS SOCIAIS

O artigo Políticas sociais, no Brasil, erradicam a pobreza? (Estadão, 3/4, B14), do consultor tributário Everardo Maciel, que foi secretário da Receita Federal por oito anos no governo FHC, fala em poucas palavras o que alguns já sabem: como são os governos do PT. Criam diferentes políticas socias que não erradicam a pobreza, mas torna seus beneficiários, que votam, dependentes. Não fazem nenhuma avaliação permanente dos recursos públicos financiados com os nossos impostos. Há fraudes e não vemos progressos para as pessoas assistidas melhorarem, como uma formação profissional, por exemplo, e saírem da dependência estatal, etc.

Tania Tavares

São Paulo

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O CUSTO BOLSONARO

A nova pesquisa da Genial/Quaest aponta que apesar da colocação do seu marqueteiro político para comandar o Ministério das Comunicações, a desaprovação do governo Lula aumentou e a aprovação caiu. Mas a pior notícia, que Lula não queria ouvir de jeito nenhum, traz que a sua rejeição está empatada, na margem inferior, na comparação com a margem superior da rejeição a Bolsonaro, mas quatro pontos acima em números absolutos. A insatisfação com o governo Lula já estava na previsão de quem votou nele, como a outra opção. Representa o preço que inevitavelmente tínhamos que pagar, e já estamos pagando, para nos livramos da continuidade de um governo também incompetente, mas destrutível e com intensão clara de nos levar de volta a uma ditadura, conforme as várias pistas deixadas em seu governo.

Abel Pires Rodrigues

Rio de Janeiro

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REJEIÇÃO DE LULA

Aumentou a rejeição ao governo. Neste 3.° mandato, Lula vem sendo desaprovado entre as mulheres e jovens, principalmente, no Nordeste, onde Lula sempre teve maioria dos votos. É um sinal de que bateu no bolso das pessoas o preço dos alimentos, a inflação fora da meta, e a população vem dando respostas. A estratégia do governo em criar fatos se dizendo ser o salvador da Pátria não está surtindo efeito. Dessa forma, as pesquisas vêm mostrando que as narrativas estão caindo no descrédito. A população vem percebendo que esse é um governo que gasta mais do que arrecada, só pensa em taxar, sem se preocupar com a economia, o que é perceptível na inflação, que não para de aumentar. Além disso, a pesquisa aponta a violência como a principal inquietação das pessoas, e esse governo, até agora, não tem um plano de segurança, como pode? Onde está a preocupação do governo que não se importa com a falta de segurança do cidadão?

Izabel Avallone

São Paulo

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CORRUPÇÃO

O Brasil está na lista de países mais corruptos do mundo, as contas não fecham, o governo gasta muito mais do que arrecada, a carga tributária é altíssima e só aumenta. Os esquemas de roubo de dinheiro público são bem conhecidos: rachadinha, emendas parlamentares que não saem do papel, superfaturamento de obras. O governo não esboça qualquer tentativa de combater a corrupção generalizada. É incrível a dificuldade que o presidente Lula da Silva tem de enxergar a corrupção generalizada em seu governo como um fator negativo que acaba com a sua popularidade. Se Lula quiser ver sua aprovação disparar, basta que ele combata a corrupção generalizada em seu governo, mande prender os parlamentares autores de emendas que nunca saíram do papel, combata o superfaturamento de todas as obras públicas e acabe com a palhaçada da rachadinha. Se Lula fizer isso, será reeleito tranquilamente.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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DEPUTADOS

Realmente a coluna do Estadão de sexta-feira passada tem toda a razão: é totalmente interesseira e sem nenhum sentido econômico a ideia de aumentar o número de deputados federais no Brasil. Seria mais um tapa na cara dos brasileiros desferido pela vergonhosa Câmara dos Deputados, que priorizaria mais esse absurdo em causa própria.

Ademir Valezi

São Paulo

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BOLSONARO E A BALEIA

O Ministério Público Federal (MPF) optou por não oferecer denúncia contra o inelegível Jair Bolsonaro. Concluiu que Bolsonaro não quis importunar a baleia-jubarte numa de suas andanças de jet ski no litoral de São Paulo. Na fundamentação para o arquivamento das investigações, disse que não houve intenção do ex-presidente em maltratar, incomodar ou causar dano ou prejuízo ao animal. Por outro lado, a baleia-jubarte já disse que vai recorrer da decisão, pois nem ela mesma aguenta o incômodo causado pelo irresponsável. Lamentável.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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RECOMEÇO

Estou na Espanha a turismo. Continuo acompanhando o Estadão. Ver a vida de um cidadão espanhol, em que o custo de vida é claramente menor que no Brasil; ver a população andando à noite com celulares na rua, só me motiva a tentar deixar o País. Se tivesse que recomeçar a vida, não hesitaria; deixaria o Brasil sem pensar duas vezes. Acredito que quem pensa já deixou esse país.

Adilson Rodrigues

São Paulo

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CONFLITO EM GAZA

A pergunta é redundante, como também é o tema da guerra em Gaza: por que não há uma grita mundial forçando o Hamas, líder dos palestinos em Gaza, para a libertação dos reféns israelenses para acabar o conflito?

Luiz Frid

São Paulo

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‘LEI JANJA’

Finalmente, o Senado está acordando [sic]. A Comissão de Meio Ambiente aprovou um conjunto de normas para regulamentar o transporte aéreo de cães e gatos em voos nacionais. A proposta ficou conhecida como Lei Joca, em referência ao cão labrador que morreu em abril de 2024, durante um voo. Considerando o sofrimento e o desalento do povo com os elevados preços dos supermercados, dos remédios, dos combustíveis, da cervejinha e da picanha, confrontados com o êxtase e os deslumbres da perdulária primeira-dama do Planalto, conhecida como Janja Pouca Letra, que está nem aí para os exagerados custos de suas viagens de turismo e de seus eventos nada festivos, vale levantar a discussão: já passou da hora de o Congresso aprovar a Lei Janja, a fim de estancar os excessos e vaidades inoportunas das periféricas primeiras-damas tupiniquins, vergonhosas coadjuvantes das Repúblicas das bananas? Misericórdia.

Celso David de Oliveira

Rio de Janeiro

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ESCOLA E FAMÍLIA

Um ponto que até agora não foi levantado na discussão sobre a série Adolescente é qual filho, filha, pais ou responsáveis estão entregando à escola. As escolas, tanto pública como privadas, estão recebendo jovens com muitos problemas, que, muitas vezes, tem origem no lar, e não importa de qual classe social venham. Nas escolas, esses alunos expõem e manifestam toda a sua revolta com os próprios colegas, e, pior ainda, com os seus professores. Não adianta os educadores de mesa de computador exporem suas teorias para melhorar o ensino, se o problema e a educação tem de ter participação da família, dos pais ou responsáveis, da comunidade e da escola, como já está na lei há mais de 60 anos. É na escola e na família que esses problemas devem ser resolvidos.

Alberto Utida

São Paulo

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UNIVERSIDADES E IDEOLOGIA

Sobre o artigo O martírio da universidade brasileira começa lá (Estadão, 3/4, A8), assustador.

Albino Bonomi

Ribeirão Preto

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