Manifestações
Inteligência
Semanas após o fim da eleição, a Nação ainda assiste a um triste espetáculo que confirma frase de Olavo de Carvalho: “Se há uma coisa que, quanto mais você perde, menos sente falta, é a inteligência”. Bolsonaristas não agem com inteligência quando acampam ao redor de instalações militares pedindo intervenção militar federal, numa interpretação risível de dispositivo da Constituição. Não agem com inteligência os caminhoneiros que prejudicam milhões de brasileiros, muitos deles eleitores de Bolsonaro, ao interditar rodovias. Não agem com inteligência os empresários que financiam esses atos; o presidente do PL, ao criar mais uma teoria frágil sobre as urnas; ou o ministro do TCU Augusto Nardes, pego em áudio sobre suposto golpe. Podemos não gostar ou apoiar o candidato que venceu as eleições, mas temos de agir com inteligência na defesa da Nação. O Brasil está acima de Lula, de Bolsonaro, das urnas, de Alexandre de Moraes. Manter um clima de discórdia constante beneficia apenas Bolsonaro, e não o Brasil. Precisamos agir com inteligência, porque este país é nosso, não de Lula nem de Bolsonaro.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
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Transição de governo
No Planalto
Engana-se quem acha que Jair Bolsonaro está sumido, inerte e quieto. Na surdina, ele continua a aparelhar o Estado na tentativa de minar o próximo governo (Estado, 22/11, A6). De útil, mesmo, nada tem feito.
Maria Ísis M. M. de Barros
Santa Rita do Passa Quatro
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Austeridade x entusiasmo
Trezentas pessoas compondo um time de transição é um número flagrantemente inflado, mas não é esse o problema principal. Quem acompanha as declarações de alguns dos integrantes da equipe do PT percebe um entusiasmo estonteante no que concerne a projetos e proposições nas diversas áreas administrativas, e é essa a questão. Pouco se fala, quando se fala, em custo. Lula se diz preocupado com a responsabilidade fiscal, mas se há algo que o PT se especializou em administrações passadas foi gastar sem lá muita responsabilidade. Está na hora de inverter o raciocínio: confeccionar projetos que se encaixem dentro do orçamento disponível. Para isso será preciso, além de responsabilidade, muita criatividade e, sobretudo, racionalização. Excluir bilhões de reais do teto de gastos, nem que seja por um ano, já será uma temeridade. Não há espaço para dispêndios atabalhoados, não é assim que se conserta um país. É tempo de austeridade. Lula e o PT precisam mudar.
Luciano Harary
São Paulo
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Cheiro de naftalina
Alocar descoordenadamente, como apontou o editorial do Estadão Transição com cheiro de naftalina (20/11, A3), os R$ 105 bilhões abertos no Orçamento de 2023 a cargo de uma espécie de simpósio composto por quase 300 integrantes, deixando economistas de competência inconteste numa espécie de arabesco lateral – para usar um eufemismo –, pode resultar num misto de cacofonia com batalha de egos. De boas intenções o inferno está cheio. De demagogia, também. Não se trata de saber se o teto de gastos é problema ou solução. Falar em gastar R$ 175 bilhões, R$ 198 bilhões ou qualquer outro valor que venha a ser definido, por um prazo ainda não sacramentado (um ano, como querem uns; quatro anos, para outros), sem menção às fontes de financiamento dessa generosa e necessária medida, causará uma justa preocupação não só ao demonizado “mercado”, mas a qualquer administração responsável. Torço para estar equivocado.
Alexandru Solomon
alex_sol.terra.com.br
São Paulo
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Mau presságio
Será que só eu teria me dado conta de que nosso futuro não seria nada auspicioso?
Cléa Granadeiro
São Paulo
Para a frente
É com esperança que recebemos um presidente cheio de novas atitudes e com uma equipe de acordo. Foi nessa equipe que depositamos nossos votos. Sr. presidente eleito, por favor, gente atrasada e retrógrada, como muitos de sua antiga equipe no governo, não nos serve. Coragem, vamos para a frente. O senhor mesmo disse que estes serão seus últimos quatro anos de governo. Vamos aproveitá-los?
Renata Pimentel de Oliva
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
TREMENDÃO
Quis o destino que Erasmo Carlos, saísse do palco justo em 22 de novembro, Dia do Músico. Durante seis longas décadas o Brasil cantou, dançou, namorou e se apaixonou no embalo da inspirada e tocante trilha sonora de canções compostas por ele e seu fiel parceiro, Roberto Carlos. Um minuto de silêncio em sua homenagem. Viva Erasmo!
J. S. Decol decoljs@gmail.com São Paulo
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PAÍS MAIS POBRE
Mais uma morte que deixa o País culturalmente mais pobre. Erasmo Carlos foi um gênio que, junto com Roberto Carlos, compôs mais de 600 músicas.
Marcos Barbosa micabarbosa@gmail.com Casa Branca
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COPA NO CATAR
De nada adiantou o discurso eloquente do presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Gianni Infantino, defendendo, sem nenhuma convicção, o Catar das acusações de falta de condições ideais de trabalho na construção dos estádios. Se essa já seria uma questão suficientemente grave, a proibição de última hora das cervejas nos estádios e a ameaça acintosa da Fifa às seleções que usassem braçadeiras LGBTQIA+ selaram a má escolha que foi a eleição desse país como sede da Copa. Infantino tergiversou chamando os europeus de hipócritas "por terem feito o que fazem pelo mundo". Hipócrita é a monarquia absolutista que proporcionou uma festa de abertura esteticamente bonita e bem-feita, exaltando a tolerância e a inclusão, mas na realidade faz exatamente o oposto. Se a cruzada de Infantino é denunciar a hipocrisia, ele pode começar a olhar para o umbigo da entidade que ele preside.
Luciano Harary lharary@hotmail.com São Paulo
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POTÊNCIA DIPLOMÁTICA
Pedindo permissão ao sr. Oliver Stuenkel para expandir sua oportuníssima análise (Como o Catar se tornou uma potência diplomática, 21/11, A10), é apenas pela via diplomática de longo prazo que a rigidez dos costumes muçulmanos pode ser abrandada, permitindo a convivência com outros costumes. O país está se abrindo a outros povos; na Copa vemos mulheres sem véus, consumo de cerveja (em local determinado, mas consumo), alegria e espontaneidade de torcidas do mundo todo, o que não seria possível em outros países muçulmanos. As críticas ocidentais de artistas e demais personalidades midiáticas, que se recusaram a estar na abertura, apenas refletem a miopia (só enxergar de perto) de se comportar para seus fãs, também míopes. A atitude de Morgan Freeman e suas palavras mostram esperança e tendência do futuro do Catar. Suas autoridades implantam uma visão de longo prazo, utilizando-se do futebol, como queria o visionário João Havelange, para quem o futebol seria jogado em todos os países do mundo.
Luis Tadeu Dix tadix@terra.com.br São Paulo
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EFEITO CATÁRTICO
Acho pertinente a Fifa coibir manifestações políticas nos espaços reservados às competições. O aproveitamento desses eventos para dar visibilidade a tensões do mundo real corresponderia, mutatis mutandis, a uma profanação de um espaço "sagrado". Sagrado no sentido de se constituir em um momento de abstração da realidade. Daí o efeito catártico do futebol, e o sucesso dessa modalidade como liberador de tensões, altamente benéfico e educativo.
Patricia Porto da Silva portodasilva@terra.com.br Rio de Janeiro
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LIVRE DE RUÍDOS
Lula da Silva certamente seguirá orientação médica e ficará uma semana sem discursar, poupando a voz após a cirurgia a que foi submetido no Hospital Sírio-Libanês (naturalmente) nesta segunda-feira, 21/11. A equipe da transição agradece, pois durante este curto período poderá trabalhar de modo mais construtivo, livre dos ruídos inconvenientes que o presidente eleito insiste em reverberar, interferindo nos ritmos das decisões e projetos.
Paulo Roberto Gotaç pgotac@gmail.com Rio de Janeiro
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SILÊNCIO
Lula e Jair Bolsonaro estão calados. Nossos ouvidos agradecem.
J. A. Muller josealcidesmuller@hotmail.com Avaré
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'SECRETÃO'
Passou é muito do ridículo as colocações de missivistas deste Fórum dos Leitores (Estado, 21/11, A4). Comparar a carona do avião com o mensalão e o petróleo passou da conta. Sintomaticamente o leitor se esqueceu do "secretão" do ainda atual governo, esse sim comparável com os mensalões (petista e psdbista) e o petróleo. Não faltam motivos para criticar os governos petistas, mas "esquecer" o perverso e desumano desgoverno de Bolsonaro é demais. Como diz o ministro: "Perdeu, mané!".
Marcio Pucci prof.marcio.pucci@gmail.com São Paulo
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FURO NO TETO
Segundo o ex-ministro da Fazenda (2016) e do Planejamento (2015), Nelson Barbosa, um "furo" no teto de gastos de até R$ 136 bilhões mantém o déficit de 2023 igual ao de 2022. Só tem um problema: continua aumentando a dívida. É o mesmo que afirmar que vai manter o mesmo índice de desmatamento da Amazônia. não aumenta o porcentual, mas continua aumentando a área desmatada. Me engana que eu gosto.
Vital Romaneli Penha vitalromaneli@gmail.com Jacareí
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E SE A ECONOMIA PARAR?
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) fura-teto ameaça a inflação e provoca a queda da Bolsa e a alta do dólar. Com manifestantes parados nas portas dos quartéis e os caminhões parados nas empresas e nas estradas, poderá haver falta de produtos essenciais nos supermercados e nas farmácias e falta de combustíveis nos postos. E se a consequência disso tudo levar os manés a pararem de pagar seus impostos? E se a economia parar? Quem vai apagar a luz?
Arcangelo Sforcin Filho arcangelosforcin@gmail.com São Paulo
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PODER DO POVO
Até que enfim os caminhoneiros descobriram a força e o poder que têm nas mãos! A maioria deles aliados ao atual presidente e que, mesmo com a ampliação das punições mais severas, insistem na paralisação. No entanto, surgiram diversas especulações e mensagens falsas, e suposta paralisação total foi descartada, como a que ocorreu no governo de Michel Temer, em 2018. O cidadão brasileiro, de uma maneira geral, está percebendo que todo poder emana do povo, e isso deve causar muitas transformações na vida política e nos políticos deste país. Realmente o povo acordou e descobriu que existe uma ferramenta chamada WhatsApp que para um país em poucos minutos. Aguardemos o desfecho.
Arnaldo Luiz de Oliveira Filho arluolf@hotmail.com Itapeva
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INSUBORDINAÇÃO
Alguns acontecimentos são difíceis de entender, muito menos justificar. O Projeto de Lei de Conversão (PLV) n.º 4/2016 reconhece como crime “usar o veículo para interromper, restringir ou perturbar a circulação na via". O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê que o cidadão que usa veículo para interromper a circulação de uma via sem a autorização do órgão competente comete infração gravíssima (sete pontos na CNH), que é passível de multa, suspensão do direito de dirigir por 12 meses e remoção do veículo. Hoje, as multas para o proprietário do veículo e para o organizador do bloqueio são R$ 5.869 e R$ 17.608, respectivamente. O servidor, por exemplo, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que não atuar para liberar a rodovia estará sujeito à infração administrativa que pode levar até a sua demissão pela prática de insubordinação grave em serviço. Mesmo assim, os bloqueios de estradas federais continuam em vários Estados. Há algo podre no reino do Brasil.
Omar El Seoud elseoud.usp@gmail.com São Paulo
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BOLSONARISMO SEM PUDORES
Ao se confirmar o que se anuncia, o governo de Tarcísio de Freitas em São Paulo há de se configurar um estelionato eleitoral, visto que prometeu um governo composto por "técnicos" e agora se aproxima do bolsonarismo sem pudores. Triste.
Maria Ísis M. M. de Barros misismb@hotmail.com Santa Rita do Passa Quatro
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VACINA CONTRA COVID
Gostaria de expressar, em meu nome e em nome de todos paulistas e brasileiros que conseguiram atravessar vivos a crise de saúde que estamos ainda enfrentando, os meus mais profundos agradecimentos particularmente ao ex-governador João Doria e ao dr. Dimas Covas, pela sua proficiência à frente do Instituto Butantan, dentre outros. Grandes heróis precocemente esquecidos. Parafraseando Winston Churchill, diria que nunca tantos deveram tanto a tão poucos. São os que confirmaram o velho lema non ducor, duco.
Sydney F. Rebello sydneyfr@uol.com.br São Paulo
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PARQUE DA JUVENTUDE
No apagar das luzes do governo tucano de São Paulo, o governador Rodrigo Garcia vem tomando medidas que violam a responsabilidade fiscal e a cidadania dos paulistas: 1) cancelou o desconto pago pelos servidores públicos aposentados, gerando desequilíbrio fiscal e atuarial; 2) fez parceria com entidades privadas para ocupar áreas públicas, como no Parque da Juventude, reduzindo a já escassa área verde para ceder o espaço a um circo, que está cercando o parque como se fosse sua propriedade. A cessão durará, segundo apurado, por cinco longos anos, em prejuízo de todos os usuários do parque. Insto este prestigioso jornal a acionar o Ministério Público e outros órgãos fiscalizadores a fim de coibir tais abusos, além da equipe de transição do novo governo para sustar tais atos que desfavorecem a totalidade dos cidadãos em benefício de poucos.
Airton Reis Júnior areisjr@uol.com.br Guarulhos