Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Os recuos dos investimentos em transportes

A superação da crise financeira do setor público exigirá anos de gestão rigorosa, com forte compressão de gastos, inclusive de investimentos

Exclusivo para assinantes
Por Redação
1 min de leitura

A queda, no ano passado, de 7,1% em valores reais dos investimentos privados em rodovias e ferrovias operadas sob o regime de concessão, associada à grave crise fiscal que tolhe os investimentos públicos, mostra a urgência da aceleração e do aperfeiçoamento dos programas de concessão em infraestrutura para evitar novos gargalos no sistema de transportes terrestres. O custo de logística é um dos fatores que retiram competitividade do produto brasileiro, sobretudo o do agronegócio, e pode tornar-se ainda mais oneroso para os consumidores e para as exportações caso os investimentos fiquem estagnados ou até diminuam, como ocorreu em 2017.

O estudo Conjuntura do Transporte elaborado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que, em 2017, as empresas concessionárias de rodovias e ferrovias investiram R$ 11,99 bilhões (R$ 6,74 bilhões em rodovias e R$ 5,25 bilhões em ferrovias), valor que, descontada a inflação, é 7,1% menor do que o aplicado no ano anterior.

A aguda crise por que passou o País em razão dos descalabros decorrentes da política econômica do governo de Dilma Rousseff decerto afetou a capacidade financeira das concessionárias, como de todas as empresas em operação no País. Mas boa parte da queda dos investimentos em manutenção, recuperação da infraestrutura e de material, obras de engenharia, entre outros itens, se deveu à evolução dos contratos de concessão, que, em sua maioria, previu gastos mais expressivos nos primeiros anos de vigência.

Apesar da queda real dos valores investidos no ano passado, na comparação com o anterior, o volume já aplicado pelo setor privado em estradas e ferrovias desde 1995 – quando se iniciou o processo de concessões – alcançou R$ 189,4 bilhões, segundo a CNT. Ainda assim, é precária a situação da malha rodoviária nacional, como mostram os relatórios anuais sobre as estradas elaborados pela CNT. O mau estado das rodovias decorre, em boa parte, da quebra dos investimentos do setor público, que ainda é responsável por boa parte das estradas do País.

A superação da crise financeira do setor público exigirá anos de gestão rigorosa, com forte compressão de gastos, inclusive de investimentos. Por isso, é indispensável assegurar a preservação das condições de operação das rodovias e ferrovias já concedidas e abrir mais espaço para novos investimentos privados.