A ideia de trazer Steven Spurrier ao Brasil foi ótima. Pena que a execução tenha vacilado na escolha das amostras, formato de degustação e objetivo. A diferença entre estilos e amadurecimento deu margem a algumas polêmicas – ainda que os organizadores tenham deixado claro que não queriam montar um ranking dos melhores espumantes produzidos abaixo da linha do Equador.
Spurrier na degustação em São Paulo. FOTO: Rafael Arbex/Estadão
Primeiro problema: os painéis foram divididos de acordo com o método de produção, Charmat (segunda fermentação em tanques de aço inox), na primeira bateria, e tradicional (segunda fermentação diretamente na garrafa, como em Champagne), na segunda. Outro ponto questionável é que os países de origem dos vinhos foram identificados. Ou seja, a degustação não foi completamente às cegas. Além disso, os vinhos estavam em diferentes estágios de vida. Na categoria dos Charmat os espumantes brasileiros estavam jovens e frescos, enquanto o neozelandês e o sul-africano, maduros e evoluídos. Embora o neozelandês tenha sido o favorito do júri, ao ler a ficha técnica do vinho – fresco, leve, feito para ser bebido jovem – é fácil notar que o espumante não foi provado na forma a que se propõe.
Entre erros e acertos, Dirceu Vianna Jr., o único Master of Wine brasileiro, resumiu o que foi o (quase) Julgamento de São Paulo e mostra o caminho para a próxima edição: “O justo seria termos o mesmo número de amostras de cada país, com produtores representativos, divididos por faixa de preço e degustados às cegas”.