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Para queijeiro mineiro, São Paulo ‘é coisa de louco’

Era de manhã, quando, na semana passada, 22 produtores de Minas – canastra, serro, salitre, araxá – desembarcaram, a maioria pela primeira vez, em São Paulo, o grande mercado para o queijo que produzem.

Para queijeiro mineiro, São Paulo ‘é coisa de louco’Foto:

Foram ao Empório Santa Maria, onde descobriram que 100 gramas de queijo parmesão italiano custam dez vezes o quilo do queijo que produzem. Subiram no Edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu paulistano, e descobriram que o Copan, avultando sinuoso na massa de prédios à vista, comportaria a cidade inteira de São Roque de Minas, na Serra da Canastra, com cerca de 5 mil habitantes.

FOTO: José Orenstein/Estadão

“Isso é coisa de louco”, balbuciou Zé Mário ao se escorar na mureta do topo do Martinelli. Ele é o produtor de queijo que venceu duas vezes o concurso de melhor de Minas (e desistiu de concorrer para dar chance aos outros) e que, pela idade, pela postura mansa, pela tranquilidade dos sábios, merecia o respeito, quase veneração, dos outros queijeiros da excursão.

Já no chão, enquanto o grupo se aglomerava encantado ao redor de um homem-estátua na Praça Antonio Prado, Reginaldo Miranda, queijeiro da região de Medeiros, notava que poderia trocar “um redondo”, como eles apelidam o próprio queijo, por uma lustrada nos sapatos: “É o mesmo preço! Oito reais!”

Na muvuca do centro na hora do almoço, o grupo se perdeu, se dispersou. “Ninguém trouxe um berrante, não?”, gracejou um. No metrô rumo à Vila Madalena, na estação da Sé, o queijeiro Wander Evangelista, enquanto era tangido na baia de acesso ao trem, constatou por empiria: “A gente é tratada aqui que nem nós tratamos as vacas lá!”.

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De uma visita à Queijaria de Fernando Oliveira, onde ouviram sobre a valor que os paulistanos dão aos queijos curados e mofados (“Então não precisa lavar o branquinho que dá no queijo?”, espantou-se a produtora Marisa de Lima Carvalho), os mineiros seguiram para um almoço no restaurante Vito, do chef André Mifano. Tomaram cachaça, provaram dos próprios queijos, sobre os quais falaram com um orgulho temperado pelo comedimento mineiro, e experimentaram uma polenta com rabada.

Os mineiros gostaram de São Paulo. Mas queriam mesmo era voltar para sua terra – embarcaram já no fim do dia. Zé Mário, que quase desistira de vir à capital paulista na véspera, pois não queria deixar a mulher trabalhando sozinha com os queijos, repetia, sorrindo: “Isso aqui é coisa de louco.”

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>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 12/12/2013

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