Catchup vai bem com batata frita, hambúrguer e hot dog, além de ser base para outros molhos clássicos, como o barbecue. Tão querido que é, por aqui, foi parar até no estrogonofe – e tem gente que jura que essa seria a receita original, mas, que fique claro: catchup no estrogonofe é coisa nossa. Tem quem use para salvar um salgado sem graça. Tem quem coloque na pizza, mas a gente não vai entrar nessa discussão, pelo menos, não agora.
Com essas mil e uma utilidades, investir num catchup de qualidade duvidosa significa colocar as suas refeições em risco. Agora, imagine a tristeza de arruinar aquela porção de fritas perfeitas – daquelas com palitos dourados, crocantes por fora e macios por dentro – com um molho ruim…
Para evitar esse tipo de tragédia gastronômica, o Paladar realizou um teste para avaliar amostras facilmente encontradas em grandes mercados. Treze marcas foram colocadas à prova de um júri especializado, formado por Amanda Magalhães, autora d’O Hambúrguer Perfeito, Clarissa Bittencourt, que faz marketing digital para restaurantes (e já trabalhou com dezenas de hamburguerias), Daniela Rodrigues, sócia da Mess Burger Club, em Santo André, Paulo Yoller*, chef, fundador da Meats e um dos responsáveis por elevar o patamar do hambúrguer no Brasil, e Renato Veras Junior, proprietário da Big Kahuna.

Como foi realizado o teste?
Como em todas as provas realizadas pelo Paladar, a reportagem fez um levantamento das marcas disponíveis no mercado e, nos dias anteriores ao teste, as amostras foram adquiridas em grandes redes da capital paulista. Ou seja, as marcas não tinham ciência de que seus produtos seriam submetidos a uma degustação às cegas. O Paladar Testou é uma iniciativa 100% editorial. Além disso, o júri também não tinha conhecimento de quais marcas fariam parte da seleção antes do resultado da apuração.
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Para garantir o “anonimato” dos catchups, eles foram transferidos da embalagem original para bisnagas idênticas e transparentes, identificadas apenas por números. Além de experimentar cada molho sozinho, os jurados também degustaram as amostras com batata frita (é ou não é o match perfeito?). E para encontrar o melhor deles, foram levados em conta quatro quesitos: aparência, aroma, textura e sabor.

Segundo o júri, um bom catchup é aquele que entrega uma cor bonita (vermelha, brilhante), consistência que não é tão fluida e nem firme como um purê, aroma agradável e sabor presente de tomate, com equilíbrio entre doçura e acidez.
Os três melhores catchups

SALSARETTI
Cor intensa, consistência firme e muito saboroso, foram alguns dos predicados que os jurados teceram sobre a amostra, que conquistou o Selo Ouro no teste do Paladar. Além do sabor intenso de tomate, o equilíbrio entre doçura e acidez foi o ponto alto. “Com certeza estaria na minha batata!” (R$ 15,59; 380g)

QUALITÁ
“A cor mais bonita entre todas as amostras”, elogiou um jurado. Mas nem só de aparência vive esse catchup: aroma correto, sabor equilibrado, “bem gostoso”. Não à toa, a amostra garantiu o Selo Prata no ranking (R$ 9,99; 400G)

CARREFOUR
O catchup entregou boa consistência, sabor de tomate bem presente e doçura equilibrada. “A acidez passou um tiquinho, mas, ainda assim, é um dos melhores” – e, por isso, a amostra garantiu o Selo Bronze no teste do Paladar (R$ 9,49; 400g)
As 13 marcas, na avaliação do júri, listadas em ordem alfabética

“Cor boa, textura legal, sabor equilibrado entre doçura e acidez”, descreveram os jurados. O catchup passou de ano, mas não entregou o suficiente para estar entre os melhores (R$ 10,89; 370g) Ingredientes: tomate, vinagre, açúcar, amido modificado, sal, cloreto de potássio, acidulante ácido cítrico, conservador sorbato de potássio, aromatizantes e espessantes carboximetilcelulose sódica e goma xantana.
O catchup entregou boa consistência, sabor de tomate bem presente e doçura equilibrada. “A acidez passou um tiquinho, mas, ainda assim, é um dos melhores” – e, por isso, a amostra garantiu a terceira colocação no teste do Paladar (R$ 9,49; 400g) Ingredientes: polpa de tomate, açúcar, sal, vinagre, condimento preparado sabor ketchup, conservador sorbato de potássio, espessante goma guar e aroma idêntico ao natural de ketchup.
Cor e consistência são pontos fortes desse molho, que também entregou sabor de tomate e doçura equilibrada, com um tantinho a mais de sal e acidez (R$ 9,89; 400g) Ingredientes: tomate, açúcar, vinagre, sal, espessante goma xantana, conservador sorbato de potássio, aromatizante e acidulante ácido cítrico.
Cadê o tomate? Além da doçura elevada e do sabor marcante (e inesperado) de cravo, os jurados sentiram falta do sabor de tomate. “Pode funcionar como molho, mas não entrega o que se espera de um catchup” (R$ 8,89; 350g) Ingredientes: tomate, açúcar, vinagre, sal, espessantes carboximetilcelulose e goma xantana, acidulante ácido cítrico, conservador sorbato de potássio e aromatizante.
Cor bonita, consistência boa, mas o sabor extremamente ácido tirou a amostra do páreo (R$ 17,49; 397g) Ingredientes: tomate, açúcar, vinagre, sal, cebola e aromas naturais.
“A cor é boa, a consistência também, mas, na hora que põe na boca, não funciona”, cravou um dos jurados. Doçura e acidez elevadas atrapalharam o desempenho da amostra (R$ 12,19; 380g) Ingredientes: tomate, vinagre, açúcar, sal, cebola, aromatizantes, espessantes carboximetilcelulose de sódio e goma xantana, acidulante ácido cítrico e conservador ácido sórbico.
A cor, a textura e o aroma do catchup agradaram os jurados de cara, mas, na boca, apesar do sabor de tomate presente e da doçura equilibrada, a acidez elevada atrapalhou o conjunto da obra (R$ 8,49; 320g) Ingredientes: tomate, açúcar, vinagre, sal, cebola, alho, conservante sorbato de potássio, aroma natural, espessante goma xantana e acidulante ácido cítrico.
“Tomatudo que só”, definiu um dos jurados. E a composição do catchup não nega: a quantidade de concentrado de tomate corresponde a 61%. Doce na medida e levemente picante, “poderia ter mais um tiquinho de acidez” (R$ 21,19; 300g) Ingredientes: concentrado de tomate 61%, açúcar, vinagre de vinho, água, sal e aroma natural.
“A cor mais bonita entre todas as amostras”, elogiou um jurado. Mas nem só de aparência vive esse catchup: aroma correto, sabor equilibrado, “bem gostoso”. Não à toa, a amostra garantiu a segunda colocação no ranking (R$ 9,99; 400G) Ingredientes: polpa de tomate, açúcar, vinagre, sal, estabilizante pectina, condimento para ketchup (aromatizante) e conservador sorbato de potássio.
Cor boa, aroma OK. Na boca, porém, a amostra deixou a desejar: não é ruim, mas não tem personalidade. “Bem pelotão do meio”, definiu um jurado (R$ 7,09; 400G) Ingredientes: tomate, açúcar invertido, tomate, sal, amido modificado, condimento preparado sabor ketchup, acidulante ácido L-láctico e conservante sorbato de potássio.
Cor intensa, consistência firme e muito saboroso, foram alguns dos predicados que os jurados teceram sobre a amostra, que conquistou o primeiro lugar no pódio do teste do Paladar. Além do sabor intenso de tomate, o equilíbrio entre doçura e acidez foi o ponto alto. “Com certeza estaria na minha batata!” (R$ 15,59; 380g) Ingredientes: polpa de tomate, açúcar, vinagre, xarope de glucose de milho, sal, condimento para ketchup e conservador sorbato de potássio.
Pela cor, um vermelho vivo, e pela textura, os jurados botaram fé nesse catchup. Mas, na boca, a amostra foi só decepção: “extremamente industrializado com fundo de tempero pronto” (R$ 4,89; 400g) Ingredientes: tomate, açúcar, vinagre, sal, amido modificado, conservador (INS 202) e aromatizante.
A rusticidade do catchup, que carrega (propositalmente) pedacinhos de casca de tomate e de especiarias secas que não foram 100% trituradas, não incomodou os jurados. Mas não dá para dizer o mesmo sobre a acidez, classificada como “deselegante”, e o sabor marcante das especiarias. “Não entrega catchup” (R$ 19,90; 210g) Ingredientes: água, tomate, açúcar cristal, vinagre, açúcar mascavo, especiarias, fibra de tapioca, acidulante ácido cítrico, espessante goma xantana e conservador sorbato de potássio.
*O chef Paulo Yoller morreu no dia 8 de fevereiro de 2025, 10 dias após a realização desse teste. Com a experiência de quem revolucionou o mercado de hambúrgueres no País, Yoller entregou comentários certeiros sobre cada amostra de catchup.