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Restaurantes e Bares

Carrinho de queijos mineiros é atração em Belo Horizonte

Novo restaurante serve degustação curiosa durante os jantares

carrinho degustação de queijos mineiros no novo Trintaeum. Foto: Victor SchwanerFoto: Victor Schwaner

Não são os 40 quilômetros, mas alguma coisa acontece no trajeto que separa o aeroporto de Confins ao centro de Belo Horizonte. É um cheiro repentino de doce, é o uso de diminutivos tão diminuídos que comem os “hos” e “has” no final das palavras, é o engolir de pronomes e o digerir lamentos: “Agora é difícil até comprar um queijo no Mercado Central”.

Por incrível que pareça, o motorista não reclamava do preço das peças. “Eles querem dizer que o queijo combina com vinho, com não sei o quê e eu só quero o meu queijo para tomar café, sou muito simples”, continuava.

Simples? Qual é o queijo do café? “Ele quis dizer um queijo quase fresco, não frescal, mas pode ser branco ou então um meia cura com um pingo de cura, não é queijo curado, não”, explicou Ana Gabi Costa.

A chef do novíssimo Trintaeum, abriu o restaurante no bairro de Lourdes com um bocado de mineirice que mineiro nunca viu: “A gente usa os produtos e as receitas mais tradicionais como base, mas faz uma brincadeira aqui, uma releitura dali, que é para o mineiro reconhecer tudo, mas achar que está descobrindo coisas novas”. E ele descobre mesmo.

O carrinho degustação de queijos artesanais mineiros no Trintaeum, em Belo Horizonte Foto: Victor Schwaner

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O carrinho de queijos artesanais não deixa a menor dúvida. Ana Gabi provou exemplares de Minas todinha para apresentar meia dúzia de exemplares por noite. A ideia da degustação não é substituir o jantar, é um banquete de entrada que pode ser complementado por um prato ou sobremesa – nem que sejam divididos.

Como é a degustação de queijos artesanais?

Ana Gabi ou o guardião dos queijos, Ronaldo Alves, vem à mesa e abre, como um porta-joias, o carrinho de madeira. Posiciona queijos, conservas caseiras e azeites artesanais. O ritual inicia-se com a burrata do Vincenzo, feita com leite de búfala em Ibertioga, na zona da mata mineira. Cremosíssima, a sugestão é uma colheradinha pura e outra com o tomate seco da Nay, produzido em Carmópolis, a capital do tomate do estado.

Ainda na pegada do frescor, vem o queijo cabacinha. A massa filada, como a mozarela, em forma de cabaça foi reconhecida como patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais e é produzida por 160 famílias do Vale do Jequitinhonha. Ronaldo gosta de servi-lo com algum embutido defumado e picles de goiaba pelo contraste de sabores e texturas.

É hora do QMA ou queijo minas artesanal, para quem não é mineiro. O da Dona Iaiá, de Conceição do Mato Dentro, é premiado, tem casca mofada e aroma de castanhas. Com 20 meses de maturação, na boca ele é quase crocante e muito equilibrado. A chef acrescenta um toque de geleia de tangerina.

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À mesa, o ritual do carrinho degustação de queijos, no Trintaeum. Foto: Victor Schwaner

Com interior cremoso e casca enrugada coberta por cinzas de alecrim, o queijo de cabra às vezes sofre preconceito no salão do Trintaeum. Vai daí que azeite da variedade grega koroneiki produzido na Serra da Mantiqueira e conserva de jabuticaba entram em ação para convencer os mais resistentes. Um golinho do sauvignon blanc Mil Vidas, de Tiradentes, ajuda mais ainda!

“É engraçado, mineiro é doido por queijo, mas ele quer o queijo que ele está acostumado, o queijo do café”, conta Ronaldo que todos os dias checa, embala e desembala peça por peça e tira cada uma em um momento, para que todas estejam no ponto “certin” na degustação.

Deve ser pelo costume que o “parmesão” com melaço faz tanto sucesso. “As pessoas lembram do café com rapadura que a avó passava no interior, de sabores afetivos”, explica Ana Gabi. O queijo em questão usa apenas leite da ordenha vespertina, por ser mais gordo, e leva mais de um ano para ficar do “jeitin” que o mineiro pira.

No banquete do Trintaeum há ainda outro queijo curado, além de um azul que exala curral e remete à tradição de tropeiros. “Cuido deles como se fossem filhos. Às vezes peço até para as pessoas suspenderem o vinho, porque senão não dá para sentir tudo o que ele pode dar”, filosofa Ronaldo.

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Em outras palavras, não há serviço de harmonização, mas a degustação acompanha brioche com fubá na chapa, manteigas de refogados de alho e de cebola e conservas de goiaba e de manga. Custa R$ 180 por pessoa e leva ao menos 45 minutos.

Trintaeum

R. Prof. Antônio Aleixo, 20, Lourdes, Belo Horizonte. De ter. a sáb., das 12h às 15h30 e das 19h às 23h; dom., das 12h às 16h30. WhatsApp: (31) 97141-7308

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