O estudo Comportamento do Consumidor de Imóveis em 2040, desenvolvido pela Deloitte em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras de Imóveis (Abrainc), aponta como tendência o compartilhamento de espaços via modelos como coworking, cohousing e coliving. O levantamento defende que as cidades continuarão crescendo nas próximas duas décadas, fazendo com que o formato de compartilhamento de serviços e áreas comuns ganhem escala como forma de reduzir custos para o consumidor.
Entretanto, ao mesmo tempo em que essa modalidade de moradia está emergindo como uma solução para diminuir gastos, há uma preferência por manter a privacidade que os espaços individuais podem conferir ao morador. Entre os negócios de impacto social, a economia de compartilhamento tem permeado iniciativas consistentes, inclusive na habitação.
Com a permanente pressão do aumento do custo do espaço urbano - em parte gerada pela concentração populacional nos grandes centros, pelo incremento dos gastos da construção e pelo achatamento da renda perante a elevação dos custos para os consumidores -, o formato de coliving, por exemplo, endereça esse desafio, como aponta o estudo.
No empreendedorismo de impacto social, destaco a iniciativa de Arthur Estrella e Gabriel Accetta. Fundada em Florianópolis, a Divid é uma empresa de coliving que oferece quartos para alugar em imóveis compartilhados, prontos para morar. Na prática, a empresa aluga espaços no modelo de assinatura, em que o cliente paga um valor fixo por um pacote completo que inclui todas as despesas de locação - condomínio, água, luz, IPTU e aluguel -, além de serviços adicionais como internet e limpeza mensal das áreas comuns.
Desta forma, o negócio de impacto social busca atingir seu propósito de gerar valor por meio do compartilhamento, entregando a experiência de morar em um imóvel incrível e de fazer parte de uma comunidade diversa e pulsante.
Com o modelo, os empreendedores oferecem aos clientes acesso a imóveis de qualidade por meio do compartilhamento e da construção de uma comunidade, sem a imposição de barreiras de crédito ou garantias praticadas tradicionalmente por esse mercado. Os jovens empreendedores acreditam que dividir um lar é uma experiência bem-sucedida quando as pessoas são compatíveis, por isso, usam tecnologia e diálogo para encontrar os colegas ideais para cada residência.
Interessante notar que os depoimentos de clientes envolvem pessoas em diferentes fases da vida, desde jovens que querem sair da casa dos pais até pessoas maduras, que têm que enxugar o orçamento. Modelos como o da Divid mostram que é possível pensar em soluções economicamente viáveis para os desafios da moradia enfrentados por diferentes gerações - e que têm relação direta e indireta com muitos dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.
* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.
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