A empreendedora cearense Priscilla Veras viajou para vários países e, em muitos deles, se deparou com uma realidade bastante dura e recorrente: pequenos agricultores familiares, que produzem alimentos para tantas pessoas, vivem em situação de extrema pobreza. O gasto de produzir alimentos não costuma ser o suficiente para custear uma vida digna. Como profissional responsável por análises socioambientais em uma organização norte-americana, ela decidiu mudar o rumo da carreira para tentar resolver esse problema. Nascia aí o embrião do Muda Meu Mundo.
Criada em 2017, a agtech de impacto passou por algumas mudanças até encontrar o modelo de negócio mais adequado: um ecossistema completo de soluções para o pequeno produtor. O Muda Meu Mundo, a partir da análise e da escuta apurada com os pequenos produtores, investigou como se estabelecia, na prática, a relação de compra e venda entre grandes redes varejistas e esses agricultores.
Em paralelo, Priscilla e a sócia Laís Xavier desenvolveram uma ferramenta tecnológica eficiente para o envio de todos os pedidos por parte dos compradores para os vendedores. “Esse processo não foi trivial, justamente porque demandou a criação de uma solução acessível para um usuário não familiarizado com soluções tecnológicas”, afirma a empreendedora.

Priscilla aponta que a plataforma permite que o produtor rural receba a ordem de compra, organize a sua entrega e emita nota fiscal. “Com base nos dados compilados, o agricultor pode, inclusive, adiantar recebíveis, comprar insumos e, ainda, fazer análises para obter empréstimos em linhas específicas de crédito, alinhadas à sua necessidade e com taxas melhores. Nesse sentido, somos um originador de informações confiáveis para o banco”, conta, acrescentando que a inovação foi desenvolvida em 2024. “Adaptamos a nossa tecnologia para que o produtor – muitas vezes com baixo grau de escolaridade – possa usar tranquilamente. Ou seja, é uma solução com potencial de impactar 7 milhões de agricultores no Brasil, sendo que 70% deles são de pequeno porte, ou seja, familiares”, diz.
Ao longo da jornada empreendedora, o negócio já comercializou 6.420 toneladas de alimentos, impactando mais de 600 famílias. No total, mais de 90 milhões de reais foram negociados e mais de 1.000 agricultores cadastrados. Hoje, a empresa tem 700 produtores nos estados de São Paulo, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A expectativa é chegar a 15 mil produtores em 2025 e a 3 milhões nos próximos quatro anos em parceria com as grandes instituições bancárias e indústrias, que estão usando a tecnologia do negócio de impacto para se comunicar com os produtores.