A médica Joyce Caseiro abriu a empresa Terça da Serra, de cuidados a idosos, em 2014. A primeira unidade, em Jaguariúna, interior de São Paulo, já começou lotada."Não imaginava que, cinco anos depois, o negócio se tornaria uma franquia de 45 unidades. A proposta é oferecer um local acolhedor a pessoas idosas. O diferencial é que serviços médicos eventualmente necessários fazem parte do pacote. “É uma casa com bastidor de hospital”, diz ela.
Além das unidades Terça da Serra, a rede também inclui o empreendimento Quinta da Colina, um pouco mais em conta – as mensalidades custam R$ 4,5 mil e R$ 3 mil, respectivamente. “Alguns queriam ser atendidos, mas não podiam pagar. É o mesmo serviço, mas só um pouco menos personalizado”, explica Joyce.
No primeiro modelo há quartos individuais. No outro, são divididos. Joyce conta que o processo para converter o modelo de negócio em franquia foi rápido. Outros médicos souberam da proposta e quiseram investir. Duas novas unidades devem iniciar trabalhos em breve – uma em Belém (PA) e outra em Juiz de Fora (MG).
O caso da Terça da Serra não é o único. Algumas franquias já observam oportunidades com o envelhecimento da população. Um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio, mostrou que, entre 2012 e 2018, o número de brasileiros com mais de 65 anos cresceu 26%.
“Há também um aumento da qualidade de vida. A pessoa envelhece com saúde e, se souber se planejar, com dinheiro”, diz a coordenadora do Business HUB da FAAP, Alessandra Andrade.
Luiz Felipe Breternitz é dono de quatro franquias da rede Terça da Serra no interior de São Paulo. Médico, ele não quis deixar a profissão. “Um jovem tem pneumonia e em sete dias já deve estar bem. Um idoso pode levar três meses”, explica Breternitz.
As particularidades do público-alvo inspiram também cuidados com o ambiente em que vivem. “Em três meses no hospital, um idoso terá mais complicações por estar internado do que pela própria pneumonia que o levou lá.”
Outra possibilidade são negócios voltados a idosos que necessitam de cuidados especiais. A enfermeira Melina Probaos resolveu abrir uma franquia da Home Angels na capital paulista por identificação com o público. “Sempre gostei desse nicho”, afirma.
A empresa oferece serviços de cuidadores de idosos que vão à casa do cliente. “Atendemos nossos assistidos na própria residência porque achamos que deixá-los em ambiente familiar é melhor para o bem estar.” Para o bom funcionamento do negócio, Melina supervisiona com atenção um grande número de cuidadores. “Eles são responsáveis por tudo que envolve o mundo do idoso: desde a questão emocional até higiene, lazer, refeição”, conclui a enfermeira.
Plano de saúde caro impulsiona setor
O segmento de franquias em saúde, beleza e bem estar teve crescimento de 9,2% em faturamento no primeiro trimestre de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018. Houve 6,7% de expansão de novos negócios nesse período. “O que mais puxou o aumento foram serviços médicos e odontológicos, além de óticas”, explica Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF. A expansão deve continuar.
“Há um nicho intermediário na população que não tem acesso a planos de saúde mais caros”, afirma Vanessa.
Essa percepção levou a enfermeira Lilian Scucuglia a abrir uma franquia da PartMed em Ourinhos (SP) em 2018. Sensibilizada com a realidade da saúde pública, decidiu-se por um negócio de perfil popular.
“O paciente não pode pagar um plano de saúde, mas não quer ficar um ano esperando um atendimento.” Enquanto o marido de Scucuglia, médico, é o responsável técnico, ela cuida dos aspectos administrativos. “Meu faturamento em maio foi 26,2% mais alto que em relação a abril”, comemora.
É bom lembrar que o dia a dia em negócios de saúde é pesado. O médico Otávio Gomes tinha essa percepção e escolheu abrir uma franquia de estética. É franqueado da Posé, em Goiânia. A formação como médico é de utilidade no negócio de procedimentos estéticos porque em ambas as atividades é importante a capacidade de empatia com as pessoas atendidas. “Às vezes, procuram fazer um procedimento de beleza, mas o que buscam, de fato, é uma conversa”, conta.
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