A culinária japonesa está muito associada ao sushi e sashimi no Brasil. Mas um grupo de empreendedores quis 'fugir' dessa relação quando investiu em food trucks. O desafio é convencer o consumidor a experimentar diferentes pratos e quebrar a desconfiança com os okonomiyakis, takoyakis, lamen, furikake, shogayakis...
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E resistir aos pratos tradicionais não é fácil. "Tem gente que já chega pedindo yakissoba, temaki. E já pensei: será que eu coloco um yakissoba para complementar o cardápio? Com certeza aumentaria as nossas vendas, mas incluir o prato não é muito a nossa ideia", disse Marcelo Yuji Inoue, que abriu o Yu Yatai. O trailer vende o okonomiyaki, uma espécie de panqueca fina frita com vários ingredientes e o takoyaki, um bolinho de polvo.
Na cidade de São Paulo, existem pelo menos quatro negócios que optaram por apostar em pratos até desconhecidos do grande público. Confira a história de cada um:
:: Yu Yatai:
O que vende: okonomiyaki, takoyaki, shimeji (tipo de cogumelo) e gyoza (pastel japonês frito)
Preços: variam de R$ 15 a R$ 18
Sócios: Marcelo Yuji Inoue e Jackson Augusto Sardela

Com formação em tecnologia da informação, Marcelo Inoue buscava alguma área para empreender. Cogitou vender temaki, mas ponderou que o produto é encontrado com facilidade nos dias de hoje. Foi aí que lembrou do okonomiyaki. "Comia quando era criança em um restaurante que depois fechou. E nunca mais encontrei um lugar que fazia. Minha avó japonesa falava muito de okonomiyaki, mas não fazia", conta.
O prato ganhou a companhia do takoyaki na lista de produtos menos conhecidos. Para balancear a situação, Inoue inclui o shimeji e o gyoza no cardápio no Yu Yatai, uma mistura do nome do idealizador (Yuji) e Yatai, que significa barraca.
O trailer começou a funcionar em abril após um investimento de R$ 40 mil. A previsão é de um retorno após um ano de operação. No início, o Yu Yatai ficava instalado em food parks. Hoje, faz mais eventos. "Principalmente no começo a gente fica: pra onde vou? E o primeiro lugar que você pensa é o food park. Depois com o tempo, você conhece mais pessoas e buscando alternativas", diz.
:: Furikake Food ::
O que vende: frango shoyuyaki e porco marinado no molho missô. Os pratos acompanham arroz com furikake (condimento seco com alga, gergelim, peixe seco e moído e outros ingredientes, que dão sabor e crocância ao arroz). Também é vendido karê-raisu (ensopado de legumes e carne e arroz com curry japonês)
Preços: R$ 15 a R$ 20
Proprietário: Marcos Miyake

A primeira ideia do administrador Marcos Miyake era trabalhar com comida e abrir um ponto fixo. Começou a onda dos food trucks e ele pensou em vender sushi, depois temaki, e depois hambúrguer. "Depois cheguei a conclusão que tinha muita gente fazendo e resolvi trabalhar com um cardápio reduzido", conta Miyake, que vende três pratos em uma Kombi e investiu cerca de R$ 70 mil no negócio.
Segundo o empresário, ele passa por um "desafio enorme" de vender o conceito do Furikake Food. "Não queremos vender nada de peixe cru e nem yakissoba. Esses já são pratos conhecidos. O segundo desafio é fazer a pessoa experimentar. Temos que quebrar essa resistência."
Primeiro, Miyake abriu uma barraquinha e começou a participar de eventos gastronômicos em novembro. Em fevereiro, a Kombi ficou pronta. "Como todo negócio, ter um food truck não é fácil. "É preciso fazer ajustes e acompanhar os custos muito de perto senão perde margem e paga para trabalhar", afirma Miyake, que vai avaliar a operação no fim no ano para saber como conseguirá crescer.
:: Lamen4You ::
O que vende: lamen (macarrão, ingredientes variados com caldo)
Preço: R$ 15 a R$ 23
Sócios: Rodrigo Duarte, Thiago Cruz e Ricardo Fontanesi

Nem yakissoba, nem miojo. Os amigos de infância Rodrigo Duarte, Thiago Cruz e Ricardo Fontanesi são sócios de um trailer de lamen e tem de lidar com a confusão de quem ainda não conhece o produto. O Lamen4You investiu na tradição japonesa, mas "abrasileirou" o prato com opções como queijo e bacon.
Para facilitar a venda, o lamen é vendido no copo onde estão escritos todos os ingredientes disponíveis. O cliente só precisa fazer um 'X' nas opções que deseja e entregar para o funcionário montar o prato.
Segundo Duarte, os sócios têm planos para abrir quiosques e abrir franquias no interior. "Um carro só não está dando conta", diz Duarte, que investiu R$ 90 mil com o Ricardo para comprar o trailer e a marca de Thiago e um segundo sócio.
Um dos desafios de crescer é manter o padrão de qualidade. "Nossa produção é muito difícil se comparada a um hambúrguer. Precisamos planejar bem para a franquia", afirma Duarte.
:: Samurai Kobe ::
O que vende: kobe burger (hambúrguer de carne Wagyu, queijo prato, sunomono (pepino ralado com tempero japonês e maionese especial), teishoku (combinado de arroz com hambúrguer, salada, snacks de arroz e missoshiru), shogayaki (combinado de arroz com lâminas de carne, salada, snacks de arroz e missoshiru) e yakissoba
Preço: R$ 25
Sócios: Henry Nakaya, Eduardo Cocco e Fabio Kira

O kobe beef é uma carne proveniente dos bois da raça wagyu, de origem japonesa, famosa pelo sabor e também pelo preço. E ela é a estrela do food truck Samurai Kobe, que participa de eventos e também estabeleceu ponto fixo (com barraca) no recém-inaugurado Marechal Food Park. Como os sócios já são envolvidos e têm conhecimento na cadeia de produção do produto, eles resolveram transformar esse envolvimento em um novo negócio para vender a carne com um preço de comida de rua.
O hambúrguer é o prato mais vendido. Durante a Burger Weekend, foram vendidos 1,6 mil lanches em dois dias de operação, por exemplo. E a maionese do lanche também leva uma 'pegada oriental' com sabor de gengibre, tonkatsu, sriracha e wasabi.