Ele começou como servente de pedreiro e hoje é dono de rede de farmácias com 410 lojas

Jeefferson Reis é cofundador do Grupo AMR Saúde, de Varginha (MG), dono das marcas Drogaria Americana, Poupe Já e Farma Justa

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Foto do author Geovanna  Hora

Na adolescência, o sonho do empreendedor Jeefferson Reis, de 54 anos, era ser vendedor de remédios. Ele trabalhava como servente de pedreiro, mas queria um emprego onde usasse a cabeça em vez das mãos.

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Na década de 1990, Reis realizou o sonho e trocou as obras pelas farmácias. Dez anos depois, ele foi contratado para ser gerente de duas unidades da Drogaria Americana, em Varginha (MG). Destacou-se, virou sócio e liderou a entrada da marca no franchising, em 2007.

Em 2024, a sociedade acabou e ele ficou com o Grupo AMR Saúde que, além da Drogaria Americana, é dono das redes Poupe Já e Farma Justa e já conta com 410 unidades em três regiões do Brasil.

Início da vida foi marcado por trabalhos mão na massa

Reis é natural de Heliodora, cidade com cerca de 6.000 habitantes em Minas Gerais. O pai dele era policial militar, e a família precisou se mudar algumas vezes por conta do trabalho, até chegar a Santana da Vargem (MG), onde ele passou a adolescência e o começo da vida adulta.

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O mineiro conseguiu o primeiro emprego aos 13 anos, como servente de pedreiro. Chegou a passar por outras funções, como chapa de caminhão (profissional autônomo que ajuda fazer carga e descarga) e tratorista, mas a vontade dele era “trabalhar com a cabeça”.

Jeefferson Reis ouvia do pai que precisava "trabalhar com a cabeça" em vez das mãos.  Foto: Divulgação/Grupo AMR Saúde

“Meu pai sempre falava que eu precisava ‘trabalhar com a cabeça’, para ficar na sombra, porque quem trabalha com as mãos, sofre a vida inteira”, diz Reis.

Aos 25 anos, ele era vendedor em uma loja de material de construção e sempre visitava um amigo que era dono de uma farmácia. Reis conta que via o vai e vem de representantes comerciais das farmacêuticas e ficava impressionado com as roupas e carros que eles tinham.

Como não conseguia pagar uma faculdade, ele procurava por profissões que não exigissem curso superior e descobriu que, para ser representante comercial, só precisava ter jeito para vendas. O primeiro contato dele com a área foi na distribuidora Drogacenter, em 1996, onde passou um ano e chegou a ser promovido a assistente de supervisão.

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“Eu ajudava a cobrir as férias de outros vendedores. Então viajava para várias regiões. Nessa época, comecei a conversar com empresários, que tinham sucessos e problemas diferentes, o que me deu muita bagagem”, afirma.

Depois de dez anos como vendedor, conheceu o sócio

Depois de um ano na Drogacenter, ele foi para a distribuidora Panarello (atual Panpharma), onde ficou por nove anos. Com o passar do tempo, Reis teve medo de ficar desempregado no futuro e decidiu investir em educação.

O mineiro conta que começou a estudar o mercado farmacêutico para ter mais conhecimento a oferecer para os clientes.

“Eu aprendia o que poderia funcionar ou não e repassava para as farmácias. Dizia para mudar o layout, trocar os produtos de gôndola ou mudar a distribuição dos remédios, porque entendi que eram detalhes que mudavam as vendas. Os clientes me viam como um consultor, mas era um bate-papo”, diz.

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Entre uma conversa e outra, ele foi convidado pelo fundador da Drogaria Americana, Valbert Dimas, para ser gerente das duas unidades localizadas em Varginha (MG), em 2006. Dimas queria que Reis ajudasse a dobrar o faturamento das farmácias.

Os dois alcançaram a meta e Reis foi chamado para ser sócio da empresa, em 2007. Ele aceitou e apresentou um projeto de expansão com franquias para Dimas, que gostou da ideia.

“Eu sempre pensei em franquias, porque era uma forma de replicar o nosso modelo de trabalho. Nos meus anos como representante, vi que faltava padrão nas farmácias, cada um fazia as coisas do jeito que queria. Com as franquias, a gente poderia ensinar como fazer e por que fazer”, afirma o empresário.

Venderam 50 unidades da Drogaria Americana em oito meses

Os sócios queriam negociar 50 unidades da Drogaria Americana e alcançaram a meta em apenas oito meses. Com a estabilização da empresa, em 2013, eles decidiram lançar outra marca e criaram a Poupe Já.

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A Drogaria Americana é voltada para a classe média e áreas com maior poder aquisitivo. A ideia com a Poupe Já era criar uma marca mais popular, que oferecesse itens com preço acessível. Aos poucos, a estrutura da Poupe Já ganhou novas características e passou a ser uma opção intermediária.

A Drogaria Americana é voltada para a classe média, enquanto a Poupe Já é intermediária e a Farma Justa tem preços populares.  Foto: Divulgação/Grupo AMR Saúde

Para voltar a ter uma alternativa econômica, Reis criou a Farma Justa, em 2018. “A intenção é conquistar o empreendedor que quer investir, mas ainda não tem dinheiro o suficiente. A Farma Justa de adapta ao investimento do franqueado, é uma forma de começar”, diz.

Reis afirma que, por ser a mais antiga, a Drogaria Americana ainda tem o maior faturamento entre as três marcas, mas, no Nordeste do Brasil, a Poupe Já tem mais força. Para administrar as empresas, ele criou o Grupo AMR Saúde.

“Nós usávamos o nome da Drogaria Americana, mas quando íamos fazer treinamentos no Nordeste, o pessoal estranhava, já que lá a Poupe Já é mais forte. Criar o grupo foi uma forma de unir as marcas”, afirma.

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Além do Sudeste e do Nordeste, o Grupo AMR Saúde também tem unidades no Centro-Oeste.

Planos para 2025 incluem até 100 novas lojas e expansão no Nordeste

No ano passado, Dimas saiu do negócio e, na divisão, ficou com 13 lojas próprias. Reis seguiu com o Grupo AMR Saúde e os franqueados. Para ajudar a aumentar o faturamento das lojas, ele investiu em marcas exclusivas.

“Não queríamos produzir os itens, então fechamos parcerias com laboratórios que vendem com exclusividade. Nesse mercado, a gente tem uma briga muito grande de descontos. Se você tem uma marca exclusiva, não precisa queimar o seu produto com descontos altíssimos”, diz.

Atualmente, o Grupo AMR Saúde conta com marcas exclusivas de suplementos alimentares, mas os planos de Reis são ampliar o catálogo para medicamentos, itens de perfumaria e acessórios.

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Além das 410 lojas em operação, há 44 em processo de inauguração. O faturamento da franqueadora não foi revelado.

A meta para 2025 é abrir até 100 unidades, com franquias e lojas próprias e uma expansão acelerada no Nordeste. “A gente tem que sonhar e se mexer para buscar o sonho. Percebemos que o Nordeste é uma região com espaço para crescimento e vamos investir com força neste ano”, conclui.

Avaliação dos clientes

O Grupo AMR Saúde tem uma forte atuação em Minas Gerais, seu estado de origem, especialmente em cidades do interior e da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A unidade da Drogaria Americana de Contagem, maior município da Região Metropolitana de BH, recebeu uma classificação média de 3,2 de 5 estrelas no Google, com 14 avaliações até a publicação desta matéria. Tanto os comentários positivos quanto os negativos abordam o atendimento.

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A Poupe Já de Uberaba, no Triângulo Mineiro, recebeu uma classificação média de 5 de 5 estrelas no Google, com 2 avaliações até a publicação desta matéria. Os comentários positivos elogiam o atendimento.

A Farma Justa tem predominância em cidades pequenas, como Itabira, localizada a cerca de 110 quilômetros de Belo Horizonte. Tem classificação média de 3,7 de 5 estrelas no Google, com 34 avaliações até a publicação desta matéria. Os comentários positivos elogiam os preços e o atendimento, e os negativos abordam problemas com a entrega.

Os autores das notas concedidas não podem ser verificados. Eventualmente, avaliações positivas ou negativas podem ser uma ação a favor ou contra a empresa.

As marcas não têm perfil verificado no Reclame Aqui.

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Vejas os dados das franquias do Grupo AMR Saúde

Drogaria Americana

A Drogaria Americana é planejada para áreas com maior poder aquisitivo e conta com campanhas personalizadas para produtos de alto valor agregado.

  • Investimento inicial: de R$ 300 mil a R$ 600 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 320 mil
  • Lucro médio mensal: de 25% a 32% do faturamento
  • Prazo de retorno: de 24 meses a 36 meses
  • Prazo de contrato: sem fidelidade
  • Royalties/mês: R$ 4.554 (três salários mínimos)
  • Número de unidades em operação: 240

Drogaria Poupe Já

A Drogaria Poupe Já é focada em preços acessíveis e ideal para regiões que demandam maior competitividade no custo-benefício.

  • Investimento inicial: de R$ 200 mil a R$ 400 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 200 mil
  • Lucro médio mensal: de 25% a 32% do faturamento
  • Prazo de retorno: de 24 meses a 36 meses
  • Prazo de contrato: sem fidelidade
  • Royalties/mês: R$ 1.518 (um salário mínimo)
  • Número de unidades em operação: 135

Farma Justa

A Farma Justa é a opção mais barata, com foco em produtos essenciais, como medicamentos e itens de higiene.

  • Investimento inicial: de R$ 80 mil a R$ 150 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 120 mil
  • Lucro médio mensal: de 20% a 25% do faturamento
  • Prazo de retorno: de 24 meses a 36 meses
  • Prazo de contrato: sem fidelidade
  • Royalties/mês: R$ 1.518 (um salário mínimo)
  • Número de unidades em operação: 35

Concorrência é grande, mas farmácias ainda são bom negócio, diz especialista

Não é raro ver mais de uma farmácia em um mesmo quarteirão. Mas, mesmo com a grande concorrência, esse tipo de negócio ainda é um bom investimento, segundo Aline Magalhães, analista técnica da regional norte do Sebrae-MG.

Ela diz que o grande trunfo do mercado farmacêutico é que as pessoas sempre vão precisar de medicamentos, seja para prevenir doenças ou para tratar problemas que surjam ao longo da vida. A pandemia mostrou que, nos momentos de crise, a saúde é uma prioridade.

Mesmo com grandes redes dominando o setor, como a RD Saúde, dona de Drogasil e Droga Raia, com mais de 3.000 farmácias no Brasil, ainda há espaço para empresas menores.

“As farmácias menores precisam investir em um atendimento diferenciado, com foco na personalização. Ouvir o cliente, especialmente em cidades pequenas, é uma forma de ganhar a confiança dele”, aponta Aline.

Contudo, para não perder dinheiro - ou até o negócio - é importante ter atenção redobrada com a legislação. A especialista destaca que o principal desafio do mercado farmacêutico é justamente se manter dentro das normas, que são rígidas.

Entre os cuidados essenciais, é preciso ter a Autorização de Funcionamento de Farmácias e Drogarias (AFE), emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além da licença do órgão competente do estado ou município no qual a empresa está localizada e registro no Conselho Regional de Farmácia (CRF).

“É importante se dedicar às boas práticas, para garantir a conservação dos medicamentos sem alterações ou perdas. Cuidar do estoque também ajuda a não gastar com remédios que têm pouca saída e podem acabar vencendo”, diz Aline.

A analista ainda aponta que estar atento às regulamentações é um trabalho constante, já que o que é autorizado em uma semana, pode ser revogado na seguinte. “O empreendedor se acostuma a trabalhar de um jeito, mas vem uma nova norma que invalida tudo. É preciso ter atenção e estar preparado para se adaptar”, conclui.

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