Games brasileiros conquistam ‘gringos’ e abrem espaço para mercado de US$ 85 bi

Desenvolvedores se estruturam para brigar no mercado mundial, que pretende faturar US$ 85 bilhões em 2015

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A indústria mundial de jogos eletrônicos deve faturar US$ 85 bilhões em 2015, prevê a consultoria PricewaterhouseCoopers. De olho nesse valor, empresas brasileiras se preparam para competir em uma fatia maior desse mercado.

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É o caso da Aquiris, uma das maiores do ramo no Brasil. O estúdio, que começou em 2006 produzindo maquetes digitais de edifícios, rapidamente pulou para a produção de advergames – jogos para a divulgação de produtos ou marcas. A qualidade das produções chamou a atenção da Unity, plataforma usada por 78% dos brasileiros para criar seus jogos. “Eles nos convidaram a produzir uma demo para demonstrar as novas capacidades do software”, conta o publicitário Sandro Manfredini, sócio da empresa desde 2011. “Nosso jogo foi distribuído com o programa e ficamos conhecidos no mundo inteiro.”

O reconhecimento ajudou a encontrar clientes e parceiros como o Cartoon Network, canal com quem produzem jogos baseados em desenhos. Mas também auxiliou o negócio a produzir conteúdo próprio. Há dois anos, os gaúchos desenvolvem o Ballistic, game de tiro em primeira pessoa que será lançado mundialmente. “Já investimos US$ 3 milhões nesse projeto”, afirma Manfredini, cuja empresa espera faturar R$ 5 milhões este ano.

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A Aquiris e outras empresas se beneficiam de mudanças na forma de distribuição dos jogos. Com a migração dos cartuchos e DVDs para lojas digitais como a Play Store ou iTunes, esses negócios podem agora acessar o mercado mundial. A internacionalização, porém, também as expõe à competição de países como Estados Unidos Japão, Canadá e Coreia do Sul.

Mercado. A Associação Brasileira de Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames) estima que cerca de 200 empresas desenvolvam games no País. Entretanto, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) com 133 delas mostra que 74,4% tiveram faturamento de até R$ 240 mil em 2013 – apenas cinco faturaram acima de R$ 2,4 milhões.

“Não dá para pensar em competir com os grandes estúdios, que gastam entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões apenas num jogo”, afirma a gerente de promoção internacional da Abragames, Eliana Russi. “Estamos tentando cavar um nicho entre as produções de baixa complexidade, que custam até US$ 200 mil.”

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Para incentivar a internacionalização, a Abragames e a Apex criaram o projeto Brazilian Games Developers (BGD), que desde o ano passado leva brasileiros para grandes feiras do ramo. Essa ação já movimentou US$ 2,4 milhões em negócios apenas no primeiro ano de execução. As duas entidades também apoiam eventos nacionais, como o BIG, um festival brasileiro de jogos independentes que traz investidores internacionais para conhecerem os brasileiros. Apenas neste ano, o evento teve impacto de R$ 2,5 milhões em transações.

Uma das empresas beneficiadas por estas ações é a Pocket Trap, formada por três jovens. Com apenas um game lançado, eles chamaram a atenção da Sony, dona da plataforma Playstation, e agora fazem parte da incubadora da empresa na América Latina. “Nos inscrevemos em diversos festivais e em um deles o jogo ganhou cinco prêmios de segundo lugar. Ficamos conhecidos como ‘o Vasco dos games’, mas essa piadinha nos deixou conhecidos”, lembra Henrique Caprino, de 23 anos, citando a dificuldade que o time de futebol carioca tem de conquistar campeonatos.

A chancela da Sony também os ajudou a participar de vários eventos mundiais, o mais recente deles foi a Tóquio Game Show, que aconteceu em setembro. “Foi bastante impressionante a nossa trajetória até aqui. Agora conversamos com algumas distribuidoras para o lançamento do nosso próximo jogo, Ninjin: Clash of Carrots. Esperamos faturar ao menos US$ 300 mil, mas isso se não for bem sucedido”, afirma Caprino.

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