Criar negócio inovador e sem concorrência é ótimo, mas tem riscos; veja quais e como lidar

Empreendedor precisa arriscar mais com novas ideias e não tem um benchmark para se espelhar; depois a concorrência se aproveita dos erros e cresce mais depressa

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Foto do author Felipe Siqueira

Não é todo dia que se cria uma ideia completamente disruptiva que pode revolucionar algum produto ou serviço. Porém, quando algo próximo a isso acontece, é comum que o empreendimento nade de braçada.

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Inicialmente, não ter concorrência pode até parecer uma coisa interessante, boa para o negócio, pensando que todos os clientes serão absorvidos pelo empreendedor.

Só que isso também pode ser considerado como uma faca de dois gumes: da mesma forma que existe um mar azul de possibilidades, com um vasto mercado para ser explorado, possivelmente com uma demanda reprimida, não existe um concorrente direto, com as mesmas especificações do negócio que está sendo criado.

E esta ausência tende a dificultar a criação de algo que o mercado chama de benchmark, um ponto de referência inicial, para que o empreendedor consiga se espelhar - no que fazer e no que não fazer também.

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Esse tipo de cenário aconteceu com uma das histórias de empreendedorismo contadas no Estadão. Lucas Silva, natural do Rio Grande do Sul, se inspirou em uma demanda do próprio filho e criou uma rede que se assemelha a creches, mas que tem uma dinâmica diferente - a Baby Gym. E, por reinterpretar algo que já existia - de uma maneira diferente do usual -, teve dificuldade em quem se espelhar, justamente por uma falta de concorrência.

A grande vantagem foi, de fato, conseguir explorar uma fatia de mercado que ainda não havia sido tocada por outros empreendedores. A parte ruim, porém, foi justamente ter que se arriscar mais, para testar, por conta própria, o que poderia - ou não - dar certo. O que leva tempo, custa dinheiro e, com toda certeza, terá maior chance de cometer erros.

Além de fazer com que exista uma espécie de “empurrão” para que o negócio melhore, já que o empresário vai conviver com a possibilidade de o cliente ir para a loja ao lado, a concorrência ajuda também a se inspirar - seja para fazer igual ou completamente diferente Foto: Rapeepat - stock.adobe.com

O vice-presidente da vertical de consultoria do Ecossistema 300 Franchising, Lucien Newton, explica que a concorrência vai servir para duas coisas principais:

  • Como um empurrão, para que o negócio melhore. O empresário vai conviver com a possibilidade de o cliente ir para a loja ao lado. Isso será um “gás” para que o funcionamento do empreendimento se dê da melhor forma.
  • Como inspiração. Existe ali um norte para o empreendedor. Seja para fazer igual ou completamente diferente. Ou seja, terá um ponto de referência - ou benchmark.

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Falta de rumo

O CFO da Contabilizei, Eduardo de Freitas Souza, complementa que esse tipo de novidade tem se tornado mais comum na era de novas tecnologias nos últimos anos. “Temos muitas inovações - tão novas - que o empreendedor não tem ninguém para se apoiar. Quando não tem esse suporte, não sabe se o pé está congelando ou se a cabeça já está pegando fogo, enquanto o corpo fica morno”, reflete.

Qual a alternativa?

Eventualmente um concorrente vai surgir. “Um dia chega alguém com apetite.” E, quando isso acontecer, a disrupção inicial deixa de ser uma vantagem. Isso porque outras pessoas vão aprender mais facilmente com os erros que o empreendedor enfrentou e evitar muitos tropeços.

Consequentemente, os concorrentes terão uma curva mais rápida de aprendizagem, com mais facilidade para crescimento.Só que isso não é algo sem solução. Newton, da 300, ressalta que sempre é possível se ancorar em algum ponto de referência quando se está começando um negócio.

Claro que ter uma concorrência mais bem definida facilita este processo, mas ele não fica impossibilitado se ela não existir. “Se não tiver nada por perto, veja em outro Estado ou até mesmo fora do País, ciente das adaptações que precisarão ser feitas”, diz.

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