Após ser mantido na Casa Civil, Mercadante se encontra com Lula

Ex-presidente discute reforma administrativa do governo com ministro que, apesar de criticado pela base e pelo PT, segue no cargo

PUBLICIDADE

Foto do author Vera Rosa

Atualizado às 16h25 BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff disse a ministros do PT que vai manter o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, apesar das pressões de petistas e também do PMDB. Com essa garantia, Mercadante pediu um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os dois tiveram uma conversa reservada nesta sexta-feira, 18, em Brasília, para aparar as arestas.

PUBLICIDADE

Lula pregava mudanças na Casa Civil por considerar que Mercadante estava desgastado no cargo, com problemas de relacionamento na base aliada. Dilma, porém, avalia que ele é muito importante para ajudar na aprovação do pacote fiscal. Mercadante e o titular da Justiça, José Eduardo Cardozo -- outro alvo das críticas de Lula -- não participaram do jantar do ex-presidente, na quinta-feira, com ministros do PT, em Brasília.

Depois que a "poeira baixar" - expressão usada no Palácio do Planalto -, Dilma quer que a Casa Civil volte a ter perfil mais técnico. O último desenho da reforma ministerial planejada por Dilma também prevê que Ricardo Berzoini, hoje ministro das Comunicações, fique responsável pela articulação política do governo, em dobradinha com o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, deve permanecer no mesmo cargo. O jornalista Rodrigo de Almeida, hoje assessor do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, será o novo secretário de Imprensa do Palácio do Planalto.

O ministro da Casa Civil,AloizioMercadante Foto: André Dusek/ESTADÃO

Dilma estuda a conveniência de reunir as secretarias de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos em uma pasta que está sendo chamada informalmente de "Ministério da Cidadania".

Na quinta-feira, na primeira conversa com Dilma após a divulgação do pacote, Lula pediu à presidente que faça uma reforma ministerial mais ampla, para garantir sustentação política no Congresso e evitar o processo de impeachment. Lula disse a Dilma que ela precisa aumentar o espaço dos aliados fiéis e diminuir os cargos dos traidores, porque somente assim conseguirá aprovar o ajuste e barrar iniciativas para afastá-la do Palácio do Planalto.

Na lista dos partidos que comandam ministérios e votaram contra medidas propostas pela equipe econômica na primeira fase do ajuste estão o PP, que controla Integração Nacional; o PR, em Transportes; o PDT, no Trabalho; e o PRB, no Esporte. A avaliação é de que tudo tem de ser feito para impedir que um pedido de impeachment seja aceito na Câmara comandada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) porque, se isso ocorrer, será muito difícil deter sua tramitação com a pressão das ruas.

Publicidade

Apesar de defender mudanças na política econômica e achar que Dilma deveria ter adotado outro caminho para reequilibrar o Orçamento, Lula disse que é necessário "pôr no Ministério quem ajuda o governo no Congresso" para aprovar o quanto antes o pacote fiscal, mesmo se houver recuos estratégicos, como um prazo menor de vigência da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O ex-presidente sempre defendeu a CPMF, que caiu em 2007, durante seu segundo mandato, por considerá-la um "imposto transparente". À época o tributo era vinculado à saúde e hoje o governo quer que os recursos sejam destinados à Previdência Social.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.