As 60 famílias do Movimento Sem-Terra (MST) do acampamento Margarida Alves, em Nossa Senhora da Glória, a 126 quilômetros de Aracaju, foram retiradas pela Polícia Militar, atendendo a uma liminar de reintegração de posse expedida pela Justiça sergipana. O coordenador estadual do MST, João Daniel Samariva, acusa a polícia de ter agido ilegalmente pois, segundo ele, não foi apresentada nenhuma ordem judicial. O comandante da terceira companhia do Quarto Batalhão da PM, major Ianderson Maia, garantiu que cumpria uma determinação judicial e que as famílias já haviam sido avisadas há 15 dias de que teriam de desocupar a área. Como não tinha um trator possante, o oficial disse que não derrubou os barracos, mas garantiu que fará isso na próxima semana. Sem condições de derrubar os barracos, o major recolheu pertences das famílias e os levou para o batalhão para entregar à Justiça. O coordenador do MST, que não acompanhou o trabalho da PM, disse que as famílias vão resistir. "Tão logo a polícia saiu, todos voltaram para o local e estão cuidando dos 40 barracos que foram destruídos". O major, por sua vez, contesta: "não derrubamos os barracos porque não tínhamos um trator. Mas faremos isso, porque a liminar manda que destruamos todos os barracos". De acordo com João Daniel, no momento do despejo somente 20 dos 60 barracos estavam ocupados, pois as outras 40 famílias haviam saído do local. O acampamento já existe há três anos, pois o MST quer a desapropriação da Fazenda Espinheira, no povoado Mandacaru. O oficial que comandou a operação disse que a liminar foi concedida porque a fazenda é produtiva e que, apesar das famílias estarem acampadas na estrada, a todo instante eles entram na propriedade para buscar água e frutas, além de ameaçarem o funcionário que toma conta da fazenda. "Eles já colocaram até uma bandeira do MST dentro da propriedade", disse o major. Mas o MST nega que isso tenha ocorrido.
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