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As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

A disputa de Lula e Bolsonaro pelos tucanos

Petistas defendem o PSDB em futuro governo; presidente busca apoio contra a candidatura do rival

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

Quando João Doria embarcou para Brasília há uma semana, o pré-candidato do PSDB à Presidência não procurava apenas um acordo com a bancada do partido – reduzida a 22 integrantes após a janela partidária. Queria ganhar sobrevida. Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva movem-se em busca de aliados no que resta dos partidos da terceira via. E o PSDB é uma das joias da coroa.

Petistas importantes de São Paulo, de Minas e do Rio admitem o desejo de contar com os tucanos em um eventual governo Lula. E não só os atraídos naturalmente pela presença de Geraldo Alckmin na Vice-Presidência. Sabem que dificilmente terão o partido inteiro, mas pensam em nomes como Aloysio Nunes Ferreira, José Aníbal, Marconi Perillo e Tasso Jereissati. A justificativa é simples: a vitória de Lula não fará o bolsonarismo desaparecer. A sonhada frente ampla não é só eleitoral, mas para garantir a governabilidade, com uma coalizão da centro-direita à centro-esquerda.

Lula e Bolsonaro vão se juntar a Doria e a Simone Tebet na disputa pelos botes com os náufragos da terceira via. Foto: Werther Santana/Estadão

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Um deputado tucano que conversou recentemente com Alckmin disse tê-lo encontrado revigorado e feliz. O parlamentar, que acompanhou o discurso de sábado feito pelo amigo, diz ter certeza de que a aliança dele com Lula é sólida e não criará problema ao petista. Humilhado no PSDB, Alckmin é grato ao petista e vê o fim do ano se aproximar com a derrocada de Doria, seu nêmesis no partido.

Diante da candidatura Doria estagnada nas pesquisas, é natural que não só o PT, mas também Bolsonaro procure os tucanos. Mas há diferenças. Dois problemas impedem a aproximação com Lula antes da eleição: a indisposição do eleitorado tucano diante de uma aliança com o petismo, mesmo no segundo turno, e disputas para os governos estaduais. É o caso de São Paulo, onde o governador Rodrigo Garcia enfrenta o petista Fernando Haddad. E, como a atração do voto antipetista continua necessária à sobrevivência da legenda, ninguém mais no partido estranha quando um colega elogia Bolsonaro. Ao mesmo tempo, os ataques do presidente à legenda ficam cada vez mais raros, concentrando-se em Lula, no STF e na imprensa. É que o bolsonarismo também precisa do eleitor que o rejeita, mas que não quer votar no PT.

Acossados pela frente desejada por petistas e por Alckmin de um lado e pelo bolsonarismo do outro, os tucanos paulistas – mantido esse cenário – já se preparam para defender que o PSDB fique fora de qualquer governo. Antigos aliados de Alckmin querem o partido como opção de centro a fim de evitar que a oposição seja capturada pelo bolsonarismo ou pelo petismo. Até lá, Lula e Bolsonaro vão se juntar a Doria e a Simone Tebet na disputa pelos botes com os náufragos da terceira via.

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