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As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|A TV importa nas eleições – junto com as redes sociais

É errado dizer que a televisão seja irrelevante: a qualidade da campanha de Lula e Bolsonaro será uma variável importante para a disputa presidencial

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Atualização:

O horário eleitoral gratuito começa nesta sexta-feira, a pouco mais de um mês do primeiro turno. Lula terá o maior tempo, com 3 minutos e 39 segundos, e três outros candidatos – Jair Bolsonaro, Simone Tebet, e Soraya Thronicke – terão mais de 2 minutos cada. Os candidatos também terão anúncios veiculados durante a programação das emissoras.

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É a partir deste momento que os eleitores começam a refletir com mais cuidado sobre a decisão que tomarão em outubro, especialmente aqueles que não acompanham o noticiário político. Pode não parecer, dada a intensa polarização que vivemos no Brasil hoje, mas um enorme contingente de eleitores – talvez a maioria – não é fanática por Bolsonaro ou pelo PT, nem se interessa muito por política. É de agora em diante que as eleições passam a ser o principal assunto do país.

Com o início da propaganda eleitoral, começam também as perguntas sobre a importância da televisão e do rádio para os candidatos. A eleição de 2018 trouxe a impressão de que, em tempos de redes sociais, a televisão deixou de ser relevante. Jair Bolsonaro, com apenas 8 segundos por bloco, derrotou Geraldo Alckmin, que tinha mais de 5 minutos.

Toalhas com as imagens do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; horário eleitoral começa nesta sexta Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS

As redes sociais, de fato, quebraram o monopólio da mídia tradicional. Mas é errado dizer que a televisão seja irrelevante. Ela pode não ser mais tão decisiva como foi no passado, mas ainda será importante para o desenrolar da campanha eleitoral. Segundo pesquisa Quaest, 44% dos eleitores se informam sobre política primeiramente pela televisão, 25% preferem as redes sociais, e 10% leem sites ou blogs na internet. A importância da televisão é maior entre os mais pobres, com renda de até 2 salários mínimos.

A televisão é importante, em primeiro lugar, para apresentar candidatos desconhecidos ao eleitor. Se não fosse a televisão, o PT teria muito mais dificuldade para transferir os votos de Lula para Fernando Haddad em 2018. Em 2022, a televisão dará a Simone Tebet, por exemplo, a oportunidade de apresentar sua candidatura e tentar chegar aos dois dígitos nas pesquisas.

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Bolsonaro e Lula, porém, já são conhecidos por todos os eleitores. Para eles, o horário eleitoral ajudará a consolidar as mensagens de suas campanhas. A maior preocupação dos eleitores, neste ano, é com a economia: o medo da fome, da pobreza, e a falta de perspectiva. A propaganda eleitoral será importante para as campanhas dominarem a atenção dos eleitores sobre esses assuntos e atacarem os adversários, expondo suas vulnerabilidades. A qualidade da campanha de Lula e Bolsonaro será uma variável importante para as eleições de 2022. As redes sociais não vão substituir a televisão, mas complementar esse esforço.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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