ACM é aplaudido de pé pelo PFL

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Por Agencia Estado
Atualização:

A reunião da Executiva Nacional do PFL foi cuidadosamente montada para produzir o apoio unânime do partido ao presidente Fernando Henrique Cardoso, mas quem saiu ganhando com o resultado desta quinta-feira foi o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Isolado em seu próprio partido e em confronto permanente com o Palácio do Planalto, que demitiu seus dois ministros e ameaçava desalojar seus afilhados de todos os postos federais na Bahia, ACM encerrou sua fala na reunião aplaudido de pé pela platéia pefelista. Bem no estilo do velho PSD, em que os líderes só se reúnem depois de combinar o resultado, o PFL aprovou, por aclamação, o plano de ação governamental para 2001/2002, depois de acertar os termos da convivência interna entre ACM e o presidente nacional do partido, senador Jorge Bornhausen (SC). Selada a pacificação, Bornhausen foi direto ao Planalto para entregar pessoalmente a Fernando Henrique uma carta de apoio do PFL ao programa do governo, liberando o presidente para escolher em seus quadros os novos ministros da Previdência Social e Minas e Energia. Fiel ao perfil fechado e discreto que lhe valeu o apelido de ?alemão?, Bornhausen evitou comentar nomes até mesmo com seus correligionários, mas dirigentes pefelistas insistiam nesta quinta-feira que não havia mais dúvidas: o senador José Jorge (PE) estava praticamente escolhido para a Previdência Social. Para substituir Rodolpho Tourinho nas Minas e Energia, cardeais do PFL apostavam todo o cacife político na escolha do secretário de Fazenda do Paraná, Ingo Hubbert, um técnico competente que acumula a secretaria com a presidência da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). Fernando Henrique disse a assessores que a escolha dos novos ministros pode ficar para a próxima semana, mas Bornhausen está certo de que a novela da substituição dos baianos termina nesta sexta-feira mesmo. Ao entregar a carta de apoio do PFL à agenda do governo ontem cedo, o senador recebeu um convite do presidente para voltar nesta sexta ao Planalto, para tratar de ministério. A despeito da aposta dos cardeais, deputados pefelistas dos grupos de Bornhausen e ACM ainda insistiam na indicação de um deputado federal para Minas e Energia. Em pauta, um forte lobby parlamentar a favor de Heráclito Fortes (PI). Divergências à parte, governistas e pefelistas das duas alas do partido concordavam nesta sexta em que o destino dos afilhados de ACM, abrigados em postos federais na Bahia, ficará para uma segunda etapa, depois da definição dos novos ministros. Mais do que isto, ao mesmo tempo em que o presidente Fernando Henrique atacava ACM no discurso do lançamento do plano de ação, o grupo de Maciel e Bornhausen preparava-se para defender o espaço dos carlistas no governo federal. E todos apostavam que, diante da solidariedade manifestada pelos aplausos a ACM na Executiva, fica mais difícil para o presidente Fernando Henrique operar o desembarque completo do baianos. Toda a articulação da unidade do partido na Executiva fora concluída na véspera, em jantar na casa do vice-presidente, Marco Maciel. Foi lá que ACM e Bornhausen acertaram os termos da resolução que deveria ser aprovada por unanimidade. Bornhausen tinha maioria folgada dos 24 votos do comando partidário ? contava com o apoio de 22 dirigentes, mas preferiu não bater chapa e o senador Antonio Carlos achou ótimo. ?Não era vantagem para o PFL massacrar seu maior líder, e muito menos para ACM, sair derrotado na votação?, resume um cardeal pefelista. Em nome da conveniência geral, optou-se pela aclamação de um texto em que cada grupo pôs o que achava mais importante. ?Foi uma conversa de pessoas amigas que se conhecem e convivem há muitos anos?, disse Bornhausen sobre os entendimentos feitos durante o jantar do Palácio do Jaburu, que produziram os discursos amenos em defesa da unidade, solidariedade e da convergência. Além de salientar que foi com o empenho de seus líderes, entre os quais o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, que o governo aprovou as reformas que resultaram no controle da inflação e no início do processo de crescimento sustentável, o PFL deu seu recado. Primeiro salientou que ?soube e saberá sempre conviver com as diferenças de opinião e a liberdade de pensamento, valorizando e prestigiando seus líderes que servem ao interesse público, ainda quando divergem?. Em seguida, arrematou com o ?permanente compromisso com a ética na política e a moralidade na administração pública?.

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