No rastro deixado pelo pai no Senado o empresário Carlos Eduardo Magalhães Júnior assume amanhã a vaga de senador disposto a "honrar" o nome de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) mantendo seu discurso em defesa da "moralidade" e a linha crítica contra o governo federal. Seguindo os "conselhos" do pai, ACM Júnior, como é conhecido, poderá ser mais um senador a assinar o requerimento de CPI da Corrupção no Senado, bandeira política da oposição. Em seu discurso de posse, que será lido amanhã no plenário da Casa, ele vai elogiar a figura de ACM e de seu irmão o deputado Luís Eduardo Magalhães, morto em 1998. "Ele (ACM) sempre foi e sempre será meu conselheiro", declarou Júnior, que assume a vaga de parlamentar pelo fato de ser suplente de ACM. Sobre o apoio à comissão parlamentar de inquérito, ele preferiu hoje incorporar um estilo enigmático. "Não vou tratar desse assunto agora, só na semana que vem", disse, logo depois do discurso de renúncia do pai. Avesso à política, Júnior deixou claro que vai exercer o cargo deixado por ACM com críticas a seus adversários, entre os quais o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), mas sempre de acordo com as circunstâncias. "Tomarei as atitudes em conjunto com meu pai e conforme cada situação", declarou o empresário, que vai exercer a função de senador até o fim do ano que vem, quando termina o mandato. "Vou votar a favor do governo quando avaliar que a proposta trará benefícios ao País e contra o governo no momento em que considerar importante", avisou. Hoje, ao ouvir ACM discursar sentado na cadeira do pai no plenário, Júnior não escondeu a emoção e chorou. "Foi um discurso apropriado para o momento", afirmou ele, após acompanhar o pai até seu futuro gabinete. Júnior reconheceu que está assumindo uma "missão difícil". "Ainda estou surpreso e sob impacto emocional", declarou. "Mas estamos prontos para enfrentar o desafio", disse o futuro senador incorporando o estilo de falar no plural bem próprio de um político. "Mas isso é um hábito de empresário", ponderou. Aos 48 anos, ACM Júnior vai exercer pela primeira vez um cargo público. E, por isso, não escondeu sua estranheza em relação ao momento que está vivendo. "Só estou aqui por causa do meu irmão (Luís Eduardo), porque foi ele quem teve a idéia da suplência", declarou. O empresário sempre esteve à frente dos negócios da família e é responsável por comandar um conglomerado com 22 empresas, entre as quais emissora de televisão, jornal e imobiliária, que geraram, no ano passado, um faturamento de R$ 200 milhões. "Terei de me afastar um pouco", declarou Júnior, que, terá como primeiro desafio, escolher o nome de batismo como político. "Pode ser ACM Júnior", afirmou.
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