Texto de Maíra Teixeira
O Instituto Akatu Pelo Consumo Consciente divulgou na última quarta-feira os resultados da pesquisa "Como e por que os brasileiros praticam o consumo consciente?" O levantamento foi feito para descobrir em qual estágio se encontra o consumidor brasileiro rumo ao consumo consciente e também examina a evolução deste comportamento comparando os dados levantados com pesquisas anteriores do instituto.
"O consumidor consciente é um fenômeno social novo, que começa a ganhar visibilidade, mas ainda há muito o que evoluir", diz Hélio Mattar, diretor-presidente do Akatu.
A pesquisa foi realizada entre setembro e outubro de 2006, com moradores de 11 capitais das 5 regiões brasileiras e mostra como a população brasileira está dividida em relação ao consumo consciente. Os estágios são divididos em: consumidor consciente que representa 5% da população; o engajado, com 28%; o indiferente, com 8% e a maior parte é considerada iniciante 59%.
A classificação segue uma lista com 13 comportamentos adotados no dia-a-dia das pessoas (veja a lista ao lado e consulte mais informações no site www.akatu.org.br). Consumidores indiferentes adotam no máximo 2 comportamentos, enquanto os iniciantes adotam de 3 a 7 comportamentos. Os engajados ficam entre 8 e 10 comportamentos e os conscientes são os que praticam de 11 a 13 comportamentos.
A pesquisa revela ainda que 59% dos consumidores conscientes acham que a prática do consumo consciente está ligada à renda. Já a população em geral acredito que esta parcela é de 58%.
Comportamento positivo
Na divulgação da pesquisa, o Akatu revelou uma nova tendência positiva de comportamento nos consumidores radicais que evitavam o consumo. "A simplicidade voluntária não é o não consumo. É levar no plano individual a premissa de sustentabilidade de seu consumo, uma nova posição de vida perante a prática de consumo", explicou Hélio Mattar.
De acordo com o levantamento, a Simplicidade Voluntária é um sistema de crenças vinculada a uma posição filosófica favorável a estilos de vida simples, anti-hedonistas (não imediatistas), antimaterialistas, que consideram que o bem-estar de uma pessoa deve ir além de questões econômicas ou financeiras. "Quanto maior adesão do brasileiro a esses valores, maior é a disposição para o consumo consciente."
Outra constatação é que 1 em cada 8 brasileiros (15%) se preocupa em mobilizar outras pessoas para a prática do consumo consciente.
Renda
Quase 4 em cada 10 consumidores se dizem dispostos a pagar mais por produtos não nocivos ao meio ambiente ou com selos e certificados de qualidade e de produção socialmente correta.
Entre o grupo de consumidores conscientes (5% da população) e a população em geral há um consenso. "Os dois grupo têm pensamentos semelhantes quando a questão é a relação renda e consumo consciente. Os grupos acreditam que o consumo consciente é possível para pessoas acima de uma certa renda. Acreditam que está ligado ao poder de compra e à classe social do consumidor. 58% da população geral concorda com isso e 59% dos consumidores conscientes também concordam."
Contramão
No entanto, segundo o Akatu, foi detectado um ponto negativo, a distância entre o que o consumidor pensa e o que faz de fato. "Vimos que existe uma maior tendência a falar do que a fazer."
>
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.