A Amil admite que vai reajustar o preço de alguns planos de saúde coletivos da Medial Saúde - e com isso espera perder entre 5% e 10% da carteira atual da operadora. A declaração foi feita pelo presidente da operadora, Edson de Godoy Bueno. Ele garante, no entanto, que, para os clientes de planos individuais da Medial, nada muda.
Isso porque as regras de reajuste de planos de saúde coletivos (empresariais) diferem das aplicadas aos planos de saúde individuais.
No primeiro grupo, o aumento anual do valor do plano depende de acordo entre a empresa e a operadora. Já no caso dos planos individuais, cabe à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabelecer um porcentual de reajuste - a Amil não pode fazer isso por conta própria.
"O consumidor deve ficar tranquilo porque a Amil terá de cumprir à risca os contratos já firmados pela Medial, sem poder fazer qualquer alteração que prejudique o cliente", afirma Juliana Ferreira, advogada do Idec. Se houver alguma mudança, analisam os especialistas, é provável que ela ocorra na rede credenciada.
Mais clientes, mais poder
"Em princípio, a compra da Medial pela Amil é positiva porque forma uma base maior de clientes e com isso dilui os riscos e os custos da empresa, o que dá margem para que ela reverta o valor economizado em melhorias no atendimento", analisa Marcos Ferraz, diretor do Centro Paulista de Economia da Saúde. "Mas, ao mesmo tempo, a união das duas carteiras dá uma força grande à Amil, que eventualmente pode tentar pagar um valor menor aos médicos e com isso perder alguns profissionais da rede credenciada."
Outro efeito que o negócio entre Amil e Medial traz ao mercado é a diminuição da concorrência. "O consumidor paulista agora encontra poucas opções, não tem muito para onde ir", diz o consultor Pedro Fazio. "Mas essa concentração é uma tendência no setor." Para se concretizar, o negócio entre Amil e Medial precisa ser aprovado pela ANS. A agência foi notificada oficialmente ontem e deve se pronunciar ainda hoje.
