Afonso Motta exonera assessor que foi alvo da PF por suspeitas de desvios de emendas

Lino Rogério da Silva foi alvo da PF por um suposto esquema de propinas em emendas para hospital do RS; Afonso Motta diz estar ‘constrangido’ por ter que exonerar o assessor

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA - O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) exonerou nesta terça-feira, 18, o secretário parlamentar Lino Rogério da Silva que, na semana passada, foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) que investiga desvios de emendas destinadas a um hospital do interior do Rio Grande do Sul. Lino também desocupou o imóvel funcional onde morava com o parlamentar e que foi um dos endereços vasculhados pelos policiais.

O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) Foto: Wilton Junior/Estadão

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O Estadão procurou Lino Rogério da Silva, mas não obteve retorno. Ao Estadão, Afonso Motta disse que está “constrangido” por ter que exonerar Lino, mas que decidiu afastá-lo definidamente do cargo para garantir o desenrolar das investigações. “[Estou] cumprindo com o que me cabe. Busco a verdade e ele tem direito de se defender”, disse o deputado.

A exoneração foi adiantada por Afonso Motta na última quinta, 13, dia em que a operação da PF foi deflagrada. O deputado, que estava no Rio Grande do Sul quando se deu a ação policial, foi até Brasília de avião para se reunir com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Na saída do encontro, ele saiu em defesa de Lino, mas disse que deveria exonerá-lo do cargo.

Lino deixou o imóvel funcional em Brasília na sexta-feira, 14, um dia após a operação. Segundo o Regimento Interno da Câmara, ele deverá devolver o crachá e as chaves do gabinete para a Casa. Afonso Motta não soube dizer quando Lino fará o procedimento.

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A operação, nomeada como EmendaFest, fez buscas em 11 endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados em Brasília e nos municípios gaúchos de Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado.

Os policiais identificaram que Lino participava de um esquema de desvios de emenda junto ao lobista Cliver André Fiegenbaum e o Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande de Sul. Conversas entre o secretário e Fiegenbaum indicam um acerto de propina em troca da indicação de emendas. O valor combinado teria sido de 6% sobre três repasses ao hospital, no valor total de R$ 1 milhão, nos anos de 2023 e 2024.

Quem ordenou a realização da operação contra os investigados foi o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. Segundo o magistrado, as provas reunidas demonstram a participação dos investigados para o “sucesso da destinação de emendas parlamentares para o Hospital Ana Nery e a consequente apropriação por particulares de parte desses recursos”.

Na quinta-feira, Afonso Motta disse que estava “preocupado” e “sensibilizado” com as descobertas feitas pela PF. O parlamentar afirmou ainda que Lino trabalhou com ele por 15 anos e que sempre acompanhou as indicações feitas pelo gabinete.

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“Eu estou preocupado e sensibilizado pelo fato de que é inadmissível uma circunstância como essa que, de certa forma, atinge o meu mandato. Muito mais que a questão pessoal, é o mandato que fica limitado e recebe uma censura”, disse o deputado gaúcho.

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