Big techs estarão em seminário do PL de Jair Bolsonaro após ignorarem chamado do governo Lula

De acordo com partido, Meta, Google e TikTok estarão em seminário de comunicação nos dias 20 e 21; Meta também deu curso no PT

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Foto do author Henrique Sampaio
Atualização:

O Partido Liberal (PL) realizará um seminário nacional de comunicação nos dias 20 e 21, em Brasília. O evento, descrito pelo partido como “o maior evento de comunicação partidária do Brasil”, contará com a presença de representantes das big techs Meta, Google e TikTok, segundo o partido.

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A conferência será realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e terá como objetivo debater estratégias para fortalecer a presença do partido no cenário digital.

Em resposta ao Estadão, o PL afirmou que não possui detalhes de como as empresas participarão do evento no momento. A Meta e o Tiktok ainda não esclareceram como participarão do seminário, mas segundo fontes internas, as big techs farão um “treinamento técnico e de boas práticas” com o partido, similar ao que a Meta dará a dirigentes, parlamentares e militantes do PT.

O Google, em nota, afirmou que “participa de inúmeros eventos oferecendo treinamentos” em suas ferramentas e plataformas. “Esse tipo de iniciativa contribui com o entendimento de profissionais em diversas áreas sobre novas tecnologias, incluindo a inteligência artificial. Ao longo dos últimos anos, o Google ministrou treinamentos para organizações pelo país, incluindo partidos políticos de todos os campos, órgãos públicos, empresas e empreendedores.”

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Material de divulgação de seminário do PL, com participação das big techs Meta, Tiktok e Google Foto: Divulgação/Partido Liberal

Inicialmente, materiais internos do PL apresentavam as big techs como “parceiras” do seminário, ao lado de imagens de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e Valdemar Costa Neto. Posteriormente, a divulgação foi alterada para mencionar apenas a “participação” das empresas, com a foto do ex-presidente.

A presença das plataformas no evento do PL ocorre quase um mês após a ausência delas em uma audiência pública organizada pela Advocacia-Geral da União (AGU), no dia 22 de janeiro. O debate promovido pela AGU buscava discutir a decisão da Meta de encerrar o programa de checagem de fatos em suas plataformas. A mudança, anunciada por Mark Zuckerberg no início de janeiro, substitui a verificação externa por um modelo similar ao do X, chamado Notas da Comunidade.

O governo federal também reagiu ao anúncio de Zuckerberg, que afirmou que a América Latina possui “tribunais secretos de censura”. Como resposta, o Planalto articulou frentes de atuação no Legislativo e no Supremo Tribunal Federal (STF), que deu início ao julgamento de ações sobre a responsabilização das redes sociais, diante da omissão da Câmara dos Deputados sobre a regulamentação das plataformas.

Enquanto isso, o PT também busca se posicionar diante das plataformas digitais. Apesar das críticas anteriores à Meta, o partido organizou um curso virtual com técnicos da empresa para orientar seus dirigentes e militantes sobre redes sociais. A sessão ocorrerá no dia 17 de fevereiro e abordará estratégias para ampliar o alcance das publicações.

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A aproximação do PT com a Meta ocorre em meio às diretrizes do novo ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira. A orientação aos petistas é alinhar a narrativa do partido com a do governo e evitar interações que ampliem o engajamento de apoiadores de Jair Bolsonaro, fazendo um uso mais estratégico das redes sociais.

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