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A estratégia sobrevive à velocidade dos novos tempos?

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Por Cintia Gonçalves
Atualização:
Cintia Gonçalves. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

As mudanças no mundo em que vivemos estão em ritmo tão acelerado que o próprio conceito criado por especialistas para definí-lo, a sigla VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) já ficou para trás. A nova definição - BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível) não só acentua características do "velho mundo" VUCA, como trás um novo componente: a ansiedade.

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A ansiedade nada mais é do que uma resposta do nosso cérebro ao que não sabemos e que pode nos levar tanto para o futuro a ponto de nos impedir de agir no presente. Esse é, com certeza,  o desafio que coloca startups,  grandes corporações, a indústria do entretenimento, a imprensa e as gigantes globais, todos, na mesma página. E aí vem a razão de ser deste artigo: há espaço para estratégia? Para o pensamento de longo prazo?

Não há se continuarmos considerando os velhos moldes de estratégia, que se resumem em pensar e só depois agir. A incerteza pode nos levar à tentativa ineficiente de usar o tempo presente para tentar prever possibilidades e tendências futuras, e muitas vezes  desviar nosso olhar do que está logo na nossa frente.  Aqui cabe exatamente o conceito Pivotar, que na sua origem inglesa significa Pivot - mover-se em torno do próprio eixo: o verbo das startups que veio para ficar. Precisamos traçar cenários sim, mas em movimento. Um fácil paralelo é o andar de bicicleta: se você parar, desequilibra.

A boa notícia é que temos à disposição um universo de novas metodologias comportamentais, aliadas ao big data, que nos permitem navegar com mais segurança e, por que não, de forma muito mais interessante neste novo contexto. O que significa não fazer escolhas entre ciências e análises de comportamento (antropologia, psicologia, semiótica) ou ciência de dados. As duas juntas é que nos permitem interpretar sinais da cultura e da sociedade no aqui e agora e no amanhã gerando insights para inovações de produtos , plataformas de conteúdo, novos negócios e posicionamentos. Nos dando combustível para construir o futuro e não apenas prevê-lo.

Mas, se temos que agir rápido, significa que os dados que já possuímos  sobre comportamentos e padrões de nossas audiências já são suficientes para tomadas de decisões e não precisamos mais olhar para o médio e longo prazo? Vejo aqui uma armadilha fácil de cair. Primeiro, com relação à hipótese de que os inúmeros dados que temos sobre nossa  audiência é suficiente. Não é. E quem não está com você? Está onde? Pensa o que? Influencia quem? Segundo, por que ao não olhar para frente, a chance de tropeçar é enorme. E o modo ansiedade tende a nos colocar no padrão "luta ou fuga". Ou seja, muita emoção e pouca razão.

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A verdade é que a estratégia dos dias de hoje é bifocal. Olha longe e olha perto, enquanto as coisas acontecem. Aprende. Se refaz. E não tem medo do novo. Ao contrário, se alimenta dele. Esqueça longos planos, posicionamentos e conteúdos rígidos, como se fossem blocos sólidos. Pense em um produto final mais parecido com as lúdicas massinhas de modelar. São elas que parecem desafiar nossa inteligência e criatividade com suas mil possibilidades de formatos e cores. Um convite à adaptabilidade. Para quem tiver curiosidade e coragem de experimentar.

*Cintia Gonçalves, estrategista com foco em comportamentos e inteligência de dados, sócia-fundadora da Wiz & Watcher

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