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A idade de uma mulher não pode ser motivo de estereótipos pejorativos

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Por Raquel Gallinati
Atualização:
Raquel Gallinati. Foto: Divulgação

É inacreditável que em pleno 2023 ainda existam falas com carga pejorativa, que foquem na faixa etária de mulheres que não são mais adolescentes, mas também não podem ser consideradas idosas.

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Infelizmente, hoje em dia, o belo e o aceitável ainda é a juventude, mesmo em meio a tanto debate sobre o assunto, à valorização da inclusão e à reverência ao respeito.

Adjetivar mulheres como trintonas, quarentonas e cinquentonas faz com as que estão nesta faixa etária sintam-se desvalorizadas e as deixam com o sentimento de que é permitido serem ridicularizadas.

Comentários sobre a cronologia da vida em tom irônico e humilhante podem estar camuflados de brincadeira, mas sempre são agressivos para quem os recebe. Muitas vezes, ofensas travestidas de comicidade são um sinalizador para um problema muito mais grave: o preconceito, seja a mensagem intencional ou não.

Ter dos 30 aos 50 ou estar na menopausa, por exemplo, é considerado por muitos o fim da vida de uma mulher, ou a proibição de ela namorar, amar, ou se divertir num show. Quantas vezes não escutamos narrativas de que fulana, a quarentona, está encalhada, ficou para titia, e ninguém quer? É como se a mulher não tivesse o direito de ser o que é, de envelhecer como quer e como pode e de curtir uma atração musical. Ninguém tem o direito de furtar à mulher esta liberdade.

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Importante ressaltar que a maior parcela da discriminação por idade não é debatida, nem divulgada. Desta forma, é imperioso que a sociedade tenha a responsabilidade, sem medir esforços, para clarear, educar e conscientizar sobre o tema, gerando abertura para a discussão e tendo como objetivo fim o combate ao preconceito.

Já está na hora de parar de estereotipar as mulheres em qualquer circunstância, seja por sua profissão, pelo seu físico, cor, tipo de cabelo, pelo seu peso, estado civil ou idade. Além de cafona e démodé, tais atitudes são agressivas e ofensivas. A cronologia da vida não delimita sonhos, nem a vontade de viver. Mulheres mais velhas não são melhores nem piores que as mais jovens; são gerações que se complementam com experiências e visões diferentes.

*Raquel Gallinati é delegada de polícia; pós-graduada em Ciências Penais, em Direito de Polícia Judiciária, e em Processo Penal; mestre em Filosofia; e diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil

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