Um vento tenebroso e fortíssimo,
que brotou de nuvens sombrias,
intentava solapar tudo.
Contudo, encontrou, em sua senda,
árvores que o enfrentaram.
Disposto a intimidá-las e a subjugá-las,
soprou ainda mais poderosamente.
As árvores quebraram alguns galhos,
vergaram-se,
enquanto o vento turbulento se regozijava...
Seu zunido era barulhento e deveras perturbador!!!
As árvores,
ao se dobrarem,
aproveitaram para beijar a terra que as nutria.
E, por debaixo do solo,
se entrelaçaram nas raízes,
sustentando-se mutuamente.
Eram como vasos comunicantes,
que levavam a seiva da esperança.
Estavam ali, juntas, confidentes, unidas...
Eis que o vento sibilou tanto que perdeu seu vigor
e se dissipou,
sumindo como aparecera.
Regressou ao vazio de onde exsurgiu.
Mas as árvores se reergueram ainda mais frondosas,
convidando os pássaros para nelas se deleitarem,
oferecendo sombra e frutos aos demais seres.
E esperança, muita esperança!!!
A terra, sempre fértil, sustém o todo
e as árvores resistentes não temem ventos,
porque, apesar do estrago que fazem,
eles são sempre efêmeros e sem substância...
A nossa terra é assim.
Os ventos turbulentos cessam e retornam ao nada.
*João Linhares, promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul. Integrante da Academia Maçônica de Letras de MS. Mestre em Garantismo e Processo Penal pela Universidade de Girona/Espanha. Especialista em Direito Constitucional pela PUC-RJ
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