O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou à Polícia Federal que em nenhum momento afirmou que o presidente Jair Bolsonaro teria praticado crime, e que essa avaliação 'cabe às instituições competentes'.
Moro prestou depoimento em Curitiba no último sábado, 2, no âmbito do inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações de que Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal. O relator do caso é o ministro Celso de Mello. (Leia a íntegra do depoimento aqui).
Durante o depoimento, Moro explicou que após o decreto com a exoneração de Valeixo tornar 'irreversível' sua permanência no governo, decidiu prestar as declarações no seu pronunciamento público para esclarecer as circunstâncias de seu pedido de demissão.
O ex-ministro disse à PF que 'narrou fatos verdadeiros, mas, em nenhum momento, afirmou que o Presidente da República teria praticado um crime e que essa avaliação cabe às instituições competentes'.
No entendimento do ex-juiz da Lava Jato, havia 'desvio de finalidade' na demissão de Valeixo, seguida posteriormente pela nomeação de Alexandre Ramagem, pessoa próxima à família Bolsonaro, e as trocas de superintendentes regionais da PF.
"Tudo isso sem causa e que viabilizaria ao Presidente da República interagir diretamente com esses nomeados para colher, como admitido pelo próprio presidente, o que ele chamava de relatórios de inteligência, como também admitido pelo próprio presidente", disse Moro.
O ex-ministro afirmou que Bolsonaro, em pronunciamento na tarde do dia 24 de abril, após seu anuncio de demissão, 'não esclareceu o motivo pelo qual realizaria essas substituições'.