Aviação executiva reativa pós-pandemia nos EUA

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Por Leonardo Freitas
3 min de leitura
Leonardo Freitas. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A mais importante feira da aviação executiva mundial voltou com força total nos Estados Unidos. Depois, de muitas idas e vindas finalmente o mercado revelou o que realmente aconteceu durante a pandemia no setor; aparentemente parecia estar destroçado. Os outros dois encontros significativos do mercado, Heliexpo e Labace, ainda se mostram bastante tímidos, mas devem conquistar a mesma envergadura dentro das devidas realidades. Estes eventos tiveram alguns ensaios para decolarem neste ano, mas isso só deve acontecer apenas no início de 2022.

O que pudemos constatar é que a aviação executiva dos EUA teve um crescimento importante nestes dois últimos anos. Os passageiros de classe alta migraram dos vôos comerciais para os jatos privados; comprando aeronaves, fretando ou compartilhando assentos em "pernas" vazias de trechos como Miami - Nova Iorque ou Nova Iorque - Los Angeles. O medo destes passageiros em se contaminar pela Covid-19 ou mesmo evitar tantas restrições sanitárias; fez com estes usuários migrassem para este novo estilo de vôo. Prova disso, foi que inúmeras companhias aéreas mundiais eliminaram a 'first class' em muitos aviões. Outro fator importante, nunca foi tão relevante aos grandes empresários os incentivos fiscais americanos que chegam a deduzir em 100% de impostos o valor investido na compra de um business jet.

Para quem não conhece a NBAA - BACE ( National Business Aviation Association ) trata-se de uma referência para o mercado da aviação executiva; onde a maioria das empresas se exibem e usam deste encontro como um verdadeiro termômetro para medir o quanto este setor está evoluindo. Uma feira que jamais pode ser comparada com SUN 'n FUN ou EAA AirVenture Oshkosh; pois neste caso de Las Vegas estamos falando de exposições profissionais de negócios. Um excelente exemplo daquilo que se avizinha na aviação americana foi capitaneada pelo multimilionário Warren Buffet que assinou um mega contrato com a EMBRAER de US$ 1,2 bilhões em aquisição de novos jatos zero quilômetro para compor à NETJET. A fabricante brasileira que já estava comprometida até o final de 2022; agora passa praticamente a fechar às portas para novos contratos até dezembro de 2023. Se já existia a dificuldade para se comprar aviões usados; agora com este aporte de Warren Buffet as demais empresas terão que investir ainda mais para oferecer alternativas para as demandas do mercado que já pedia por mais opções. Diferente do mercado americano, o  Brasil passa por um momento delicado. A alta do dólar, redução de linhas de créditos atrativas e frota precária fizeram com que o ambiente ficasse bastante sensível aos profissionais da aviação; quer sejam eles da comercial ou executiva. Os movimentos que surgem são pequenos e inexpressivos perto do buraco econômico da combalida e frágil aviação brasileira. Estou mentindo? Vejam a novata Amaro Aviation que tenta inovar no setor, mas não tem escala e depende de pequenos investidores para adquirirem uma fração de um jato; o Brasil não tem essa cultura. Outro caso é a Itapemirim que tenta inovar do rodoviário para a aviação, mas sofre com a burocracia trabalhista para se firmar no setor. Como não citar também a Latam com seus constantes rumores de venda pelos chilenos.

Hoje, são muitos pilotos desempregados, salários reduzidos ou até mesmo vivendo sob o risco de demissão eminente. Talvez este seja, no meu ponto de vista, o momento de muitos tripulantes pensarem seriamente num reposicionamento de mercado que pode ir desde os Estados Unidos até a China. A minha recomendação é de que os pilotos que têm as devidas carteiras internacionais como da FAA vencidas; que busquem renovar o mais rápido possível, para que consigam buscar o tão sonhado Green Card e se qualificando para ocupar estas vacâncias no exterior ganhando novos ares diante deste horizonte que se abre com o ressurgimento da aviação pós-pandemia.

*Leonardo Freitas, piloto (PLA/ATP), especialista em novos negócios da aviação e CEO da HAYMAN-WOODWARD, empresa americana de consultoria em imigração e mobilidade global sediada em Washington (DC), Dubai (Emirados Árabes), Lisboa (Portugal) e Shanghai (China)

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