Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

CNJ aposenta desembargadora da Bahia por rachadinha em seu gabinete

Delatora na Operação Faroeste, que investiga venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Estado, Sandra Inês Moraes Rusciolelli Azevedo nega ter exigido salários de servidores comissionados

Foto do author Rayssa Motta
Atualização:

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o Poder Judiciário, aposentou compulsoriamente a desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli Azevedo, do Tribunal de Justiça da Bahia, por suspeita de rachadinha. A decisão foi unânime.

PUBLICIDADE

A desembargadora é investigada na Operação Faroeste, sobre a venda de sentenças no Tribunal da Bahia, e fechou acordo de colaboração premiada. Ela nega ter exigido que servidores de seu gabinete devolvessem parte dos salários. O caso foi arquivado na esfera criminal.

A defesa afirma que ela não tinha conhecimento do esquema. “Não há como ser mantida a incoerência de se ter o mesmo fato por não provado na esfera criminal e por provado na esfera administrativa. Seria no mínimo incongruente”, defendeu a advogada Tainah Macedo Compan Trindade Cunha antes da votação.

O CNJ concluiu que ela violou deveres éticos, como a honra e o decoro, e que houve desvio de finalidade na nomeação de servidores comissionados e na gestão do gabinete.

Desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli Azevedo. Foto: Nei Pinto / TJBA

Os conselheiros aprovaram a aposentadoria compulsória, a maior “punição disciplinar” prevista no Código de Ética da Magistratura, pelo “alto grau de reprovabilidade da conduta”. Mas ela sai com subsídios proporcionais ao tempo de carreira na magistratura.

Publicidade

Segundo o processo, o advogado Vasco Rusciolelli Azevedo, filho da desembargadora, operou o esquema de rachadinha. Pelo menos quatro servidores teriam sido pressionados a devolver até 75% dos salários.

A conselheira Daiane Nogueira de Lira, relatora do processo, defendeu que a desembargadora contribuiu para o esquema. Ela citou como provas depoimentos de servidores e extratos bancários.

“A instrução processual revela que a desembargadora era essencial para a concretização dos desvios observados. Tinha o poder e a autoridade para autorizar as nomeações dos cargos comissionados, os quais eram providos sistematicamente por pessoas sem expertise técnica ou de seu círculo pessoal. A gestão do gabinete foi conduzida com desvio de finalidade”, defendeu.

Sandra Inês responde a uma ação penal por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no Superior Tribunal de Justiça.

É a segunda desembargadora investigada da Operação Faroeste que o CNJ aposenta compulsoriamente. Lígia Maria Ramos Cunha Lima também foi punida administrativamente.

Publicidade