Hoje é 17 de novembro, o Dia Internacional do Estudante. Nos últimos anos, o mundo tem sido chacoalhado com o poder transformador de jovens ativistas como Malala Yousafzai e Greta Thunberg, responsáveis por fomentar discussões de impacto global sobre educação e meio ambiente. Ao mesmo tempo, percebe-se uma geração de estudantes aptos a impactar positivamente suas comunidades e isso ficou mais evidente durante a crise do novo coronavírus. Mas é preciso, no entanto, desde cedo estimular a capacidade criativa e o pensamento crítico de crianças e adolescentes, para que eles cresçam conscientes de suas capacidades e possam ajudar a transformar as pessoas, o mundo e a si mesmos.
A educação é um campo em constante evolução, então são muitas as maneiras de promover uma formação que, de fato, contemple o protagonismo do aluno e o coloque no centro, não só nesta data celebrativa, mas em todo o aprendizado. O que dá força aos projetos não são os conteúdos em si, mas a força dos conceitos. Isso porque são eles que permitem reconhecer padrões, formas, funções ou fazer conexões. Também precisamos priorizar, na educação, um currículo voltado ao desenvolvimento da mentalidade internacional e multicultural, porque sabemos que as diferenças existem e são elas que possibilitam ampliar as perspectivas e as muitas maneiras de ver o mundo.
As propostas educacionais de muitas escolas fortaleceram essa perspectiva no período da pandemia da Covid-19, com todos os desafios que surgiram. É muito importante desenvolver ações que incentivem apoio às comunidades e entender as necessidades da região é um começo promissor. Assim, o resultado pode chegar a pontos de interesse comum discutidos com mais frequência, como na arrecadação de alimentos para organizações ou obras sociais, ou no auxílio a instituições públicas de ensino, e seus alunos, em aspectos que acabaram enfraquecidos com o sistema de quarentena e isolamento.
Visualizar esses processos, e seus resultados, durante a vida escolar das crianças e adolescentes é interessante. Mas, quando o aprendizado leva a ações futuras e resultam em iniciativas dos próprios alunos, se firma a certeza de que a experiência foi significativa e, provavelmente, será duradoura. Ultrapassar os limites físicos e temporais da escola é um sinal de que a educação foi eficiente, pois ficou enraizada na vida dos estudantes, de maneira que as ações realizadas em prol da sociedade sejam executadas naturalmente.
No contexto atual, de constantes mudanças e descobertas, as sociedades ficam mais dinâmicas e desenvolver habilidades torna-se fundamental. É preciso conduzir o processo educativo com base em conhecimentos, interculturalidade e vivências reais para que os alunos se sintam preparados para as demandas atuais. Aqui pode ser útil uma aprendizagem baseada em investigação, colaboração e diferenciação, elementos importantes para fomentar o protagonismo deles.
Conheço exemplos de ex-alunos importantes e inspiradores do sucesso desse método. Rodrigo e Eduardo Moscogliato estudam, hoje, na Hull York Medical, uma renomada escola inglesa de medicina e criaram o canal Med Twins, onde publicam vídeos educacionais para ajudar outros adolescentes a ingressarem em cursos de medicina fora do Brasil. O fato de dois jovens, em pleno período de estudos, voltarem suas ações para estudantes que não tiveram as mesmas oportunidades ou, por algum outro motivo, ainda não conseguiram a vaga tão sonhada em uma universidade promove uma transformação social e educacional bastante positiva.
É possível, ainda, conduzir projetos que valorizam a economia circular, seja pela troca ou doação de livros, apostilas e materiais de aprendizagem ou pelo estímulo aos alunos em identificarem as necessidades da comunidade, o que leva a outras atitudes positivas e que envolvem espectros além da educação. Plantio de árvores, passeatas ecológicas, intervenções artísticas e vivências interculturais são alguns dos muitos caminhos pelos quais os alunos podem causar um impacto positivo na sociedade.
Esses são apenas alguns exemplos, mas é importante lembrar que é fundamental fomentar a parceria com as famílias, em campanhas de arrecadação de alimentos, cestas básicas, materiais, bazares. O modelo tradicional da educação, voltado à transmissão de informação e reprodução de conhecimento ou verdades pré-estabelecidas não é mais suficiente. Daqui para frente é preciso pensar também nas habilidades, ponto básico para tornar o protagonismo dos estudantes ainda mais efetivo e frequente.
*Susan Clemesha, Diretora Acadêmica da Sphere International School