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Complexo de vira-lata: o que podemos mudar?

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Por Flávio Mirza, Diogo Malan,  Amanda Estefan e Andre Mirza
Atualização:

Flávio Mirza, Diogo Malan, Amanda Estefan e Andre Mirza. FOTOS: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A expressão "complexo de vira-lata" foi utilizada inicialmente por Nelson Rodrigues, como forma de exprimir a situação de inferioridade em que o brasileiro se coloca perante o resto do mundo.

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Com a iminência da estreia do Brasil na Copa do Mundo, a referida expressão ganha novos contornos. Isso, porque, em virtude da fama e dos títulos ostentados pela nossa seleção, há, em verdade, um sentimento de superioridade.

Realisticamente, nosso engajamento, no decorrer do maior evento futebolístico do planeta, é salutar. Todavia, no atual momento político, de acentuada polarização, de maniqueísmos ideológicos, é questionável se a nossa torcida irá se sobrepor ao sentimento de frustração nutrido por expressiva parcela da sociedade, que, em seu entender, saiu derrotada nas últimas eleições presidenciais.

Conforme veiculado recentemente pela mídia, esse sentimento, em hipóteses extremadas, levou ao comportamento agressivo e irracional de alguns brasileiros, principalmente em relação a ministros da Suprema Corte Brasileira.

É curioso, pois, em época de Copa do Mundo, nossa população se despe do referido "complexo de vira-lata". Mas, em situações comezinhas, do dia a dia, algumas pessoas adotam comportamentos típicos de uma sociedade com índices mínimos de civilidade.

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O comportamento irascível ostentado por alguns brasileiros, nos Estados Unidos, direcionado a ministros do Supremo Tribunal Federal é inadmissível. Em última análise, envergonha nosso País.

Mas alguns pretensos patriotas haveriam de questionar: o que envergonha o Brasil são as decisões tomadas por alguns magistrados, em especial, das Cortes Superiores.

Absolutamente, não.

Felizmente, temos um Poder Judiciário independente, técnico, sem viés político, que, quando necessário e possível, precisa assumir uma função contramajoritária. Eventual irresignação, que é absolutamente normal, deve ser formulada de maneira adequada, lícita, condizente com um País verdadeiramente desenvolvido, ou seja, por intermédio de críticas opinativas e/ou doutrinárias, devidamente fundamentadas, bem como possíveis recursos e ações, inclusive para cortes internacionais.

Não é possível, decerto, aquiescer com os recentes ataques protagonizados por supostos patriotas. Vale dizer, ninguém merece ser atacado verbalmente ou fisicamente. Ninguém merece ter sua liberdade de ir e vir cerceada por atos pretensamente democráticos.

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Retomando ao questionamento inicialmente proposto, o que podemos fazer para nos livrarmos, de vez, desse famigerado "complexo de vira-lata"? A resposta, por óbvio, não é simples. Comporta, a rigor, profundas digressões e considerações. No entanto, para começar, é imperioso o respeito às instituições, ao Poder Judiciário, aos ideais democráticos e, sobretudo, o respeito ao próximo, a qualquer ser humano.

Por fim, que venha o hexa!

*Flávio Mirza, Diogo Malan, Amanda Estefan e Andre Mirza, sócios do Mirza & Malan Advogados

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