
O partido dos trabalhadores (PT) classificou o discurso feito pelo ex-juiz Sérgio Moro ao anunciar sua demissão na manhã desta sexta, 24, como uma 'confissão de crimes e uma delação contra Jair Bolsonaro'. Após crise envolvendo o delegado Maurício Valeixo, exonerado por Bolsonaro, Moro acusou o presidente de tentar interferir politicamente no comando da PF para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. "O presidente me quer fora do cargo", disse.
O quadro maior do partido foi condenado por Moro no caso do triplex do Guarujá. Sentença do então juiz federal imputou o ex-presidente Lula 8 anos, 10 meses e 20 dias de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
No Twitter, o PT afirmou que Moro 'tinha de sair da entrevista direto para depor na Polícia Federal' e elencou supostos crimes que estariam relacionados às afirmações feitas pelo ministro sobre o presidente - 'corrupção, pagamento secreto de ministro, obstrução de justiça, prevaricação'.
O PT ainda compartilhou publicação da ex-presidente Dilma Rousseff também falando em 'delação'.
Em seu site, o principal partido atingido pela Lava Jato ressaltou o posicionamento de outros líderes, inclusive a presidente da legenda Gleisi Hoffman, que publicou a mesma frase que consta no perfil do PT e ainda fez críticas ao ex-juiz da Lava Jato. "Moro sai ainda menor do que entrou. O falso herói contra a corrupção protegeu os corruptos da família Bolsonaro e jamais defendeu democracia ameaçada pelo chefe", afirmou.
O líder do partido na Câmara, Enio Verri, também fez postagens sobre a fala de Moro, destacando um dos trechos do discurso do ex-juiz em que afirmou que durante o governo Dilma a Polícia Federal teve autonomia para conduzir investigações. "O governo da época (Dilma Rousseff, PT) tinha inúmeros defeitos, crimes de corrupção, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que fosse possível realizar este trabalho", afirmou Moro.
O deputado argumentou ainda 'Moro confessou o crime de aceitar cargo de ministro de Estado mediante a garantia de uma pensão' e disse que o 'fato precisa ser investigado'. A indicação faz referência à passagem em que o ministro afirmou: "Tem uma única condição que coloquei, que revelo agora. Eu disse que como eu estava abandonando minha carreira de 22 anos da magistratura e contribui 22 para a previdência e pedi que se algo me acontecesse, que minha família não ficasse desamparada sem uma pensão. Foi a única condição que coloquei para assumir a posição no Ministério".