
A troca na defesa do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) sinaliza, por enquanto, que o peemedebista não pretende fazer acordo de delação premiada. O novo advogado do parlamentar, Cezar Roberto Bitencourt, disse ao Estado que em regra é contra o uso da delação premiada e que vai trabalhar na "defesa técnica" do seu cliente.
"Vamos fazer a defesa técnica, jurídica, apontar as nulidades, a gravação imprestável. Temos muita tese jurídica", disse Bitencourt ao Estado, descartando a possibilidade de um acordo de delação premiada neste momento.
Nesta segunda-feira, o criminalista José Luís de Oliveira Lima, que negocia delação premiada no âmbito da Lava Jato, renunciou à defesa de Loures ao alegar questões de 'foro íntimo'. Na semana passada, investigadores teriam recebido sinais de que Loures estaria disposto a conversar com o Ministério Público.
O novo advogado do peemedebista disse ser contrário à delação premiada, mas não descarta 'radicalmente' a possibilidade caso seja importante para o cliente. "Eu sou contra a delação, especialmente contra a metodologia empregada na Lava Jato. Mas não afasto radicalmente a possibilidade se for importante para o cliente. Mas como regra sou contra", afirmou o advogado.
Bitencourt deve questionar a validade das provas - inclusive a gravação realizada em ação controlada pelos investigadores que flagrou Loures recebendo uma mala com R$ 500 mil reais de diretor da JBS, que firmou acordo de delação premiada. "Aquela prova ilícita na origem (gravação do presidente Michel Temer) contamina a prova subsequente", afirmou o advogado. Ele disse que deverá se inteirar dos detalhes do caso e conversar com Loures de forma mais alongada nesta terça-feira, 30, pois ainda não teve acesso à íntegra dos autos.
Rocha Loures foi afastado do cargo no último dia 18, por decisão do ministro Luiz Edson Fachin, que atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República. Em áudio gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, que deu início à delação premiada da empresa, o presidente Michel Temer indica Loures como seu interlocutor.
O deputado é investigado pelo recebimento de R$ 500 mil. O dinheiro, segundo os investigadores, é propina oferecida pela JBS em troca de influência em negócios de interesse da empresa, com intermediação junto ao CADE. A PGR pediu a prisão de Loures, mas o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, rejeitou a solicitação. O caso pode ser levado ao plenário do Tribunal.