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Por Angela Alves*
2 min de leitura

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data importante, considerando tudo que ela representa. Pois, a data é um símbolo de resistência negra na história do país. 

Mas, ao mesmo tempo que ela representa tanto, acaba limitando-se apenas nisso, uma data, um mês em que a mídia fala mais, em que as pessoas “escutam” vozes negras e discutem sobre o assunto, defendem a igualdade e o combate ao racismo. E depois, o que acontece? Cai no esquecimento, como se o negro existisse apenas neste mês. 

Angela Alves Foto: Arquivo pessoal

Para o real combate ao racismo, é necessário falar sobre isso constantemente, pois todos os dias um negro sofre algum tipo de discriminação, seja no trabalho, na rua ou até mesmo nos transportes. Não faltam pesquisas, estudos que apontam a violência praticada contra pessoas pretas nas empresas, nas escolas, nos hospitais, no transporte público, é um fato persistente e cotidiano. 

Atualmente, em pleno século XXI, onde a tecnologia vem crescendo, onde se entende que as pessoas estão a cada dia mais evoluídas, pois o acesso à informação é mais facilitado, é quase que inacreditável ainda ter que fazer campanha antirracista e presenciar cenas de preconceito nos mais variados ambientes. 

Pensando nesse cenário, é importante discutir temas como esse em todas as épocas, o negro não precisa ser representado apenas uma vez no ano, isso só mostra o quanto as pessoas continuam sendo racistas, apenas com teorias que no dia a dia não são colocadas em prática. Neste contexto, destaco alguns neologismos que traduzem bem esta estrutura que reduz a atuação negra: novembrismo, expressão que externa a indignação de muitos negros que só se veem representados neste mês e que só são chamados para falar desta pauta racial, como se não tivessem know-how em outras áreas do saber ou como se não pagassem impostos, como se não existissem durante todo o ano e não tivessem qualificação ou conhecimento para falar de outros assuntos, como se o ser negro estivesse restrito as mazelas sofridas diariamente. Já o tokenismo é uma prática que envolve a inclusão superficial ou simbólica de indivíduos de grupos minoritários em determinados contextos, como forma de aparentar diversidade, igualdade ou inclusão, sem efetivamente promover mudanças estruturais ou oportunidades reais de participação e poder, a definição extraída do Google resume-se naquele jogo que já discernimos, onde apenas uma pessoa negra é colocada em determinada posição e apenas ela, ninguém além dela, no entanto, minimiza eventuais questionamentos quanto a ausência de pessoas pretas. 

É por isso que é necessário ampliar o debate todos os meses do ano, pois neles todos existem negros que trabalham, que pagam as suas contas e que lutam diariamente pelo direito de igualdade e de viver sem os olhares indiferentes das pessoas.

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*Angela Alves, advogada, administradora de empresas, especialista em Direito Empresarial, presidiu o BNI Campo Belo, organização multinacional que tem como objetivo estimular o networking e promover parcerias e negócios. Também fundou e é CEO do Projeto Aprender e Sonhar, que tem como objetivo tornar crianças e jovens protagonistas de suas próprias histórias

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